Governo do Tocantins aposta em projeto de baixo custo para minimizar impacto da seca na zona rural-(Antonio Guimarães)

ESPECIAL: Governo do Tocantins aposta em projeto de baixo custo para minimizar impacto da seca na zona rural

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O próximo domingo, 22 de março, é o Dia Mundial da Água. Além das atividades promovidas pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh) - com a realização da 6ª Semana Estadual da Água, entre os dias 21 e 27 -, a data está sendo lembrada pelo Executivo estadual com a publicação, pela Secretaria da Comunicação, de uma série de quatro matérias envolvendo a temática.

A terceira matéria é a que segue:


Governo do Tocantins aposta em projeto de baixo custo para minimizar impacto da seca na zona rural

Wherbert Araújo/Secom

Mesmo não estando na região semiárida do Brasil, onde a falta de chuvas castiga grande parte do nordeste brasileiro, 27 municípios tocantinenses enfrentam situações de estiagem semelhantes em determinados períodos do ano. A diminuição dos índices pluviométricos já teria inclusive obrigado pequenos criadores de gado a buscar medidas emergenciais para não perder o rebanho. Visando amenizar a situação e buscar uma solução para restabelecer corpos hídricos que permanecem secos durante grande parte do ano, o Governo do Tocantins, por meio da Secretaria Estadual do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh) e o Instituto de Desenvolvimento Rural do Tocantins (Ruraltins), vem implantando desde 2012, um sistema de contenção da água da chuva por meio de pequenas barragens (barraginhas). Inicialmente nas zonas rurais de Paranã e Conceição do Tocantins, a cerca de 300 quilômetros da capital Palmas, o projeto busca estender atendimento em todos os municípios que tenham que enfrentar situações de convivência com a seca.

As pequenas barragens são instaladas em número de duas a três unidades em cada propriedade beneficiada. Localizadas próximas entre si em sentido decrescente, elas foram construídas com o apoio de tratores e pás mecânicas que escavam buracos no chão em forma de bacias com a missão de promover a dessedentação animal. Com um raio de sete metros de diâmetro, algumas delas atingem até dois metros de profundidade. Consideradas de baixo custo operacional em sua construção, cada barraginha está orçada em aproximadamente R$ 600,00, levando em conta os gastos com aluguel de maquinário, consumo de combustível, mão de obra e tempo aproximado de três horas/máquina na execução de cada unidade armazenadora. Para este ano, o Estado pretende ampliar as obras no município de Arraias, a 413 quilômetros de Palmas, cujos moradores também são castigados pela escassez hídrica.

De acordo com a técnica do Ruraltins, Simone Carvalho da Silva, no município de Paranã, já foram implantadas 360 barraginhas para atender 120 propriedades rurais que, mesmo perto de dois grandes rios na região (Palma e Paranã), boa parte das famílias sofrem com a estiagem entre os meses de junho e outubro. “As ações já estão surtindo efeito e a satisfação dos agricultores atendidos é muito grande”, afirmou. Em Conceição do Tocantins, município localizado a 294 quilômetros de Palmas, o Projeto Barraginhas, desde 2012 já instalou 250 unidades na região. Para o extensionista rural Antônio Conceição Francisco de Oliveira, comunidades quilombolas também são beneficiadas. “Buscamos sempre atender o critério da necessidade e também lembrar as condições financeiras e sociais daquelas famílias que são contempladas com as barragens”, afirmou.

Resultados

O produtor rural, José de Oliveira Pimentel, há cerca de dez anos, teve que se adaptar ao período de estiagem que castiga parte da região Sudeste do Tocantins. Com 83 anos de idade, ele afirma que por volta do ano de 2006, começou a presenciar um fenômeno até o momento atípico àquela região do cerrado tocantinense. “As chuvas começaram a faltar. Pensava que era só um período, mas no ano seguinte aconteceu de novo”, ressalta. De acordo com o produtor, o pequeno rebanho bovino composto por 50 cabeças só não foi dizimado porque ele tomou uma atitude emergencial. “Tive que começar a trazer água da cidade para poder saciar a sede dos animais”, afirmou. A agricultora familiar, Maria Cardoso Correia, afirma que já chegou a perder animais pela falta de água. “As chuvas que vêm caindo nos últimos anos são fraquinhas, poucas, mas depois que o Governo instalou as barraginhas, além de alimentar os animais, eu aproveito a água até para lavar roupa”, afirmou.

Segundo a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos, além de atuar de maneira mitigadora no quadro de escassez no Sudeste do Estado, a instalação das barraginhas pode contribuir, inclusive, para o aumento do lençol freático, como também fortalecer corpos hídricos que durante a maior parte do ano permanecem secos devido à falta de chuvas. De acordo com estudos da Semarh, a previsão é que a expansão do projeto de retenção e armazenamento da água, ao longo dos anos, contribua para o afloramento do lençol freático e restabeleça a segurança hídrica para milhares de tocantinenses atingidos pelas mudanças climáticas.

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