Demissão de um ministro turva relações entre Rousseff e o Congresso


Demissão de um ministro turva relações entre Rousseff e o Congresso
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Raquel Seco

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  • Pedro Ladeira/Folhapress
    A presidente Dilma Rousseff ao lado o ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil) durante assinatura de pacote anticorrupção, em Brasília
    A presidente Dilma Rousseff ao lado o ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil) durante assinatura de pacote anticorrupção, em Brasília
Dilma Rousseff, já por si atribulada e fustigada nas pesquisas, tem outra frente que surgiu repentinamente. A fulminante demissão do ministro da Educação, Cid Gomes, divulgada nesta quarta-feira (18), abriu uma nova brecha nas turvas relações entre a presidente e a Câmara dos Deputados. Gomes foi ao Congresso instado pelos parlamentares para que desmentisse a expressão "chantagistas" que usou para descrevê-los (referindo-se às exigências de poder que os grupos aliados fazem para continuar colaborando).
Gomes não se desculpou e insistiu em sua posição. Assim, o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB, aliado do governo) pôs uma exigência em cima da mesa: ou o ministro saía ou romperia a aliança.
Rousseff chamou o titular da Educação e pouco depois este apresentou sua demissão. Isso ocorreu no mesmo dia em que a presidente, para endireitar o rumo de uma semana péssima, anunciava um pacote de medidas para erradicar a corrupção.
"Somos um governo que não tolera a corrupção", sentenciou na quarta-feira a presidente, do Partido dos Trabalhadores (PT), em tom severo. Não é para menos: ainda ressoam os ecos do protesto de multidões no domingo contra seu governo, persegue-a a sombra do gigantesco esquema de corrupção na estatal Petrobras e, como se fosse pouco, na quarta-feira despertou com uma nova pesquisa segundo a qual sua popularidade está no chão.
Apenas três meses depois de ter começado seu segundo mandato, 62% dos brasileiros consideram a gestão de Rousseff "ruim ou muito ruim", segundo o Datafolha, instituto de pesquisas do jornal "Folha de S.Paulo". Para se fazer uma ideia: a porcentagem de descontentamento com o presidente Fernando Collor de Mello nos anos 1990, antes de renunciar empurrado pela possibilidade certa de que o Parlamento, por meio de um impeachment, o destituísse, era de 68%.
O impeachment não parece uma possibilidade certa para Dilma Rousseff: não se trata de um processo tão simples, e o próprio presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, explicou várias vezes que não vê razões jurídicas ou políticas para levá-lo adiante.
Por outro lado, as acusações do interminável caso Petrobras se aproximam cada vez mais do PT e da própria presidente. Cerca de 50 políticos, em sua maioria da base de apoio ao governo, estão sendo investigados. Na segunda-feira (16), os promotores também apresentaram novas acusações contra o tesoureiro do PT, João Vaccari, que já havia sido detido.
Cresce a pressão sobre Rousseff, portanto. E nesta quarta-feira ela tentou livrar-se dela com novas medidas anticorrupção. "Meu compromisso com o combate à corrupção é coerente com minha vida pessoal e com minha atuação política", disse. Os brasileiros "sabem que a corrupção não foi inventada recentemente", acrescentou, antes de afirmar que seu governo fará o que estiver a seu alcance para combatê-la.
Entre essas novas medidas do Executivo se tipifica como delito penal que os partidos ocultem dinheiro das campanhas, algo que até agora só era considerado uma infração. "Assim se atenderá a uma demanda da população, que quer eleições mais transparentes e limpas", declarou Rousseff.
O governo também pretende impedir que qualquer trabalhador público aspire a um cargo oficial se estiver condenado por esse tipo de delito, investigar todos os servidores públicos com bens difíceis de justificar e agilizar o confisco de bens de supostos corruptos. Quanto às empresas, Rousseff anunciou o endurecimento das penas para os empresários que participarem de subornos.
O espólio da que foi a maior empresa pública da América Latina e o grande orgulho do Brasil emitiu sua última cifra também nesta quarta-feira: a mídia brasileira publicou que US$ 400 milhões permanecem congelados na Suíça. Os bancos desse país já devolveram cerca de US$ 120 milhões ao Brasil.
Isto no contexto de uma situação econômica frágil, e em que até parte do PT se opõe às propostas do novo ministro da Economia, Joaquim Levy: mais ajuste fiscal, aumento de impostos e contenção de gastos públicos.
O isolamento de Rousseff é cada vez mais claro: à economia frágil e ameaçada pela recessão, às divergências políticas na Câmara dos Deputados e uma série de manifestações protagonizadas pela classe média que convulsionaram o país, somou-se uma nova frente imprevista: nesta quarta-feira, o Movimento de Trabalhadores Sem Teto do Brasil saiu à rua em 13 estados para pedir que comece a terceira fase do programa de moradia pública Minha Casa Minha Vida, emblema das políticas sociais do Partido dos Trabalhadores e de Rousseff e uma das principais promessas sobre as quais eles gravitaram nas últimas eleições.
Tradutor: Luiz Roberto Mendes Gonçalves

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