E AÍ? Gilberto Ferreira (Formado em Técnico em Enfermagem e Acadêmico do Curso de Serviço Social pela CEULP/ULBRA)



IMG_20140702_105207.jpgE AÍ?

Gilberto Ferreira
(Formado em Técnico em Enfermagem e Acadêmico do Curso de Serviço Social pela CEULP/ULBRA)


Você deve estar se perguntando: o que um texto com este título tem de importante?
Ou até mesmo clicou por curiosidade pela forma simples e direta de como este apareceu na tela do seu PC, notbook ou smartphone.
É isso mesmo! Simples e direta.
Mas também poderia ser “fácil e curta”. Mensagens curtas.
No entanto, convido-o para algo mais difícil e duradouro. Algo quase impossível. Ler este texto em plena era digital.
Aquilo que alguns tempos atrás quando os portugueses juraram ter nos descobertos em 1500 e, (algo que muitos de nossos pensadores renomados insistem em preencher centenas de páginas dos livros didáticos que são direcionados as salas de aula de todo país e que irão dessa forma formar nossos futuros cidadãos, continuam disseminando essa afirmativa quando deveriam desmistificá-la.) levavam-se dias e até meses para que uma mensagem chegasse a um destinatário que às vezes localizava-se a poucos quilômetros do seu remetente, hoje é instantâneo.
Talvez fosse melhor dizer carta, telegrama ou escrito?
Citamos aqui como exemplo proposital a conhecida carta de Pero Vaz de Caminha, principal responsável por tamanho equívoco quando se diz respeito ao descobrimento do Brasil. Ou nossos índios não merecem serem lembrados e respeitados como legítimos habitantes da Terra de Vera Cruz?
Assunto este que há anos divide opiniões, no entanto, voltemos a essência deste texto, a comunicação.
Nesta época acima mencionada, o contato pessoal, a fala, os escritos e por que não dizer as estradas, os rios e mares, eram partes primordiais e importantes nesta seqüência, para que existisse a comunicação.
Exigia-se tempo, paciência e criatividade para se comunicar.
Citando exemplos mais recentes, lembramos os encontros em família, namorados, grupos de amigos, colegas de trabalho ou até mesmo o recreio de uma escola. Em todos havia conversação, falas, sons...
Todos calorosos, harmoniosos, alegres com diferentes contos e falas pairando no recinto ao mesmo tempo.
Não estamos aqui incriminando o barulho ou a quantidade de assuntos, uma vez que estes continuam a existir. Estamos chamando a atenção para a existência da proximidade entre as pessoas que vem se definhando diariamente em grande escala.
Sinto saudades deste tempo!
Chamam isso de nostalgia. Eu prefiro denominá-lo de boas lembranças.
Tempo em que na hora do jantar, lógico depois de uma divertida tarde os pais interrompiam a conversa dos filhos dizendo: “já chega, crianças!”. Ou na roda de amigos ao som de uma boa trilha sonora de extensas gargalhadas ouvia-se do colega: “Me deixa falar. Você fala muito!” 
Sabíamos muito de nós mesmos. Sorríamos muito. Isso sumiu!
É verdade, isso sumiu!  E aposto que você já esteja enjoado com esta leitura ou ansioso para ver as linhas finais deste texto para então voltar ao WhatsApp e se “atualizar”.
É assim, agora sorrimos das histórias e gafes de quem nunca vimos ou jamais conheceremos.
Sabemos tudo das celebridades, grupos, piadas, modas, gírias, curtidas... e pouquíssimo de “nós”. O contato que antes era sistêmico, agora está intrinsecamente ligado a um clique nas pontas dos dedos.
A tecnologia sem amadurecimento chegou. Levamos para longe tudo aquilo que está perto e aproximamos do distante.
Voltamos ao título deste texto: e aí? Para onde iremos?
Esta expressão “E aí?”, nada mais é que a tradução do trocadilho do nome WhatsApp que é What’s Up. Aplicativo de mensagem multiplataforma que permite trocar textos, imagens, vídeos e áudio em tempo real. A comunicação nunca foi tão imediata e superficial com notificações, confirmações de recebimento e notificações de digitação.
Invenção de dois seres humanos que chega hoje instantaneamente a centenas de milhões de pessoas em todo mundo modificando e ampliando hábitos. Tenho dúvidas se para melhor.
Tem dificultado o aprimoramento do raciocínio humano, afugentado o aprendizado de nossos adolescentes e colocado em situação questionável a capacidade e criticidade da nação.  A comodidade oferecida pela tecnologia do aplicativo tem aposentado sem nenhum aviso prévio ou cuidado, muitos “ícones” do mundo da comunicação e entretenimento como sms, facebook e o conhecido e “caduco” Orkut.
A velocidade e a precariedade com que as informações chegam como uso dos aparelhos tecnológicos tem dificultado o processamento e entendimento destas.   Dispensa-se a necessidade de qualquer estudo científico para tal constatação.
Os livros e revistas têm cada vez mais perdido espaço nas residências e nas mãos dos jovens em todos os continentes. Isso em grandes proporções. Dos jornais e noticiários, só circulam as manchetes “carentes de informação” ou recortes nas telas sedentas de rapidez dos celulares.
Vendamos nossos olhos para a necessidade de aprendizado. E aí, o nosso futuro?
Até quando ficaremos reféns e a mercê daquilo que supre o riso em conjunto, o olhar no fundo olho, a fala de um pai ou de um amigo, do conselho suave e pontual de uma mãe acariciando nossa face?
Percebe-se a necessidade de sentir a realidade que a nós é dada indiscriminadamente e gratuita, perceber as marcas do tempo nos rostos dos humildes e aprender com eles, o calor do abraço da esposa ou namorada, do aperto de mãos do amigo.
Não que tenhamos que dispensar as inúmeras e válidas possibilidades que a evolução tecnológica nos proporciona. Nada disso!
Mas que não nos tornamos secos, cegos e mecânicos. E que não nos apegamos ao “celularismo”, “whatsAppismo”    e esqueçamos a verdadeira razão da existência: a vida em harmonia!
Fica a dica!  Mas, e aí?

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