E AÍ? Gilberto Ferreira (Formado em Técnico em Enfermagem e Acadêmico do Curso de Serviço Social pela CEULP/ULBRA)
E AÍ?
Gilberto Ferreira
(Formado
em Técnico em Enfermagem e Acadêmico do Curso de Serviço Social pela
CEULP/ULBRA)
Você
deve estar se perguntando: o que um texto com este título tem de importante?
Ou até
mesmo clicou por curiosidade pela forma simples e direta de como este apareceu
na tela do seu PC, notbook ou smartphone.
É isso
mesmo! Simples e direta.
Mas
também poderia ser “fácil e curta”. Mensagens curtas.
No
entanto, convido-o para algo mais difícil e duradouro. Algo quase impossível.
Ler este texto em plena era digital.
Aquilo
que alguns tempos atrás quando os portugueses juraram ter nos descobertos em
1500 e, (algo que muitos de nossos
pensadores renomados insistem em preencher centenas de páginas dos livros
didáticos que são direcionados as salas de aula de todo país e que irão dessa
forma formar nossos futuros cidadãos, continuam disseminando essa afirmativa quando
deveriam desmistificá-la.) levavam-se dias e até meses para que uma mensagem
chegasse a um destinatário que às vezes localizava-se a poucos quilômetros do
seu remetente, hoje é instantâneo.
Talvez
fosse melhor dizer carta, telegrama ou escrito?
Citamos
aqui como exemplo proposital a conhecida carta de Pero Vaz de Caminha, principal
responsável por tamanho equívoco quando se diz respeito ao descobrimento do
Brasil. Ou nossos índios não merecem serem lembrados e respeitados como
legítimos habitantes da Terra de Vera Cruz?
Assunto
este que há anos divide opiniões, no entanto, voltemos a essência deste texto,
a comunicação.
Nesta
época acima mencionada, o contato pessoal, a fala, os escritos e por que não
dizer as estradas, os rios e mares, eram partes primordiais e importantes nesta
seqüência, para que existisse a comunicação.
Exigia-se
tempo, paciência e criatividade para se comunicar.
Citando
exemplos mais recentes, lembramos os encontros em família, namorados, grupos de
amigos, colegas de trabalho ou até mesmo o recreio de uma escola. Em todos
havia conversação, falas, sons...
Todos
calorosos, harmoniosos, alegres com diferentes contos e falas pairando no
recinto ao mesmo tempo.
Não
estamos aqui incriminando o barulho ou a quantidade de assuntos, uma vez que
estes continuam a existir. Estamos chamando a atenção para a existência da
proximidade entre as pessoas que vem se definhando diariamente em grande
escala.
Sinto
saudades deste tempo!
Chamam
isso de nostalgia. Eu prefiro denominá-lo de boas lembranças.
Tempo
em que na hora do jantar, lógico depois de uma divertida tarde os pais
interrompiam a conversa dos filhos dizendo: “já chega, crianças!”. Ou na roda
de amigos ao som de uma boa trilha sonora de extensas gargalhadas ouvia-se do
colega: “Me deixa falar. Você fala muito!”
Sabíamos
muito de nós mesmos. Sorríamos muito. Isso sumiu!
É
verdade, isso sumiu! E aposto que você
já esteja enjoado com esta leitura ou ansioso para ver as linhas finais deste
texto para então voltar ao WhatsApp e se “atualizar”.
É
assim, agora sorrimos das histórias e gafes de quem nunca vimos ou jamais
conheceremos.
Sabemos
tudo das celebridades, grupos, piadas, modas, gírias, curtidas... e pouquíssimo
de “nós”. O contato que antes era sistêmico, agora está intrinsecamente ligado
a um clique nas pontas dos dedos.
A
tecnologia sem amadurecimento chegou. Levamos para longe tudo aquilo que está
perto e aproximamos do distante.
Voltamos
ao título deste texto: e aí? Para onde iremos?
Esta
expressão “E aí?”, nada mais é que a tradução do trocadilho do nome WhatsApp
que é What’s Up. Aplicativo de mensagem multiplataforma que permite trocar
textos, imagens, vídeos e áudio em tempo real. A comunicação nunca foi tão
imediata e superficial com notificações, confirmações de recebimento e
notificações de digitação.
Invenção
de dois seres humanos que chega hoje instantaneamente a centenas de milhões de
pessoas em todo mundo modificando e ampliando hábitos. Tenho dúvidas se para
melhor.
Tem
dificultado o aprimoramento do raciocínio humano, afugentado o aprendizado de
nossos adolescentes e colocado em situação questionável a capacidade e
criticidade da nação. A comodidade
oferecida pela tecnologia do aplicativo tem aposentado sem nenhum aviso prévio
ou cuidado, muitos “ícones” do mundo da comunicação e entretenimento como sms,
facebook e o conhecido e “caduco” Orkut.
A
velocidade e a precariedade com que as informações chegam como uso dos
aparelhos tecnológicos tem dificultado o processamento e entendimento
destas. Dispensa-se a necessidade de
qualquer estudo científico para tal constatação.
Os
livros e revistas têm cada vez mais perdido espaço nas residências e nas mãos
dos jovens em todos os continentes. Isso em grandes proporções. Dos jornais e
noticiários, só circulam as manchetes “carentes de informação” ou recortes nas
telas sedentas de rapidez dos celulares.
Vendamos
nossos olhos para a necessidade de aprendizado. E aí, o nosso futuro?
Até
quando ficaremos reféns e a mercê daquilo que supre o riso em conjunto, o olhar
no fundo olho, a fala de um pai ou de um amigo, do conselho suave e pontual de
uma mãe acariciando nossa face?
Percebe-se
a necessidade de sentir a realidade que a nós é dada indiscriminadamente e
gratuita, perceber as marcas do tempo nos rostos dos humildes e aprender com
eles, o calor do abraço da esposa ou namorada, do aperto de mãos do amigo.
Não que
tenhamos que dispensar as inúmeras e válidas possibilidades que a evolução
tecnológica nos proporciona. Nada disso!
Mas que
não nos tornamos secos, cegos e mecânicos. E que não nos apegamos ao
“celularismo”, “whatsAppismo” e
esqueçamos a verdadeira razão da existência: a vida em harmonia!
Fica a
dica! Mas, e aí?
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