Demora na definição de Kátia é porque Dilma não quer que senadora entre em sua "cota pessoal"
10/12/14 07h5010/12/14 07h56
Demora na definição de Kátia é porque Dilma não quer que senadora entre em sua "cota pessoal"
leia mais
O jornal Folha de S.Paulo afirmou na edição dessa terça-feira, 9, que a escolha da senadora Kátia Abreu (PMDB) para o Ministério da Agricultura ainda não foi oficializada pelo Palácio do Planalto porque a presidente Dilma Rousseff (PT) não quer que o nome da parlamentar entre em sua "cota pessoal" de decisões sobre as pastas, mas, sim, na do PMDB. Já o partido, diante da rejeição interna de Kátia, quer que a senadora fique na conta exclusiva da presidente.
A senadora não quis comentar à Folha a intenção de Dilma de convidá-la para assumir o Ministério da Agricultura. "São apenas especulações", afirmou, sorrindo. "Vamos aguardar."
Kátia disse ao jornal nessa terça-feira que não conversou com o governo sobre a insatisfação do grupo JBS com a sua indicação para o Ministério da Agricultura. Ela afirmou que trabalha "pelo País" e "não por corporações específicas".
Não há motivos
"Sinto muito se for verdade, mas não acredito que tenha motivos para isso", garantiu Kátia. "A minha intenção em todos os momentos da minha vida é ter espírito público e trabalhar pelo Brasil e não por corporações específicas."
Oficialmente, a JBS nega a insatisfação com a indicação da senadora tocantinense. "Repudiamos veementente a tentativa de nos colocar contra a senadora, à qual admiramos e respeitamos pelos excelentes serviços prestados ao agronegócio", afirmou a empresa, que doou R$ 69,7 milhões à campanha da presidente Dilma Rousseff (PT).
| Foto: Divulgação |
 |
| Presidente Dilma e Kátia: resistência em várias frentes |
O jornal O Estado de S.Paulo disse semana passada que o dono do JBS, Joesley Batista, esteve no dia 26, com o ministro da Casa Civil, Aloízio Mercadante, para se colocar contra a indicação de Kátia.
Um dos nomes que certamente devem rodar com a posse de Kátia no ministério, conforme a grande imprensa tem noticiado, é o do secretário de Defesa Agropecuária, Rodrigo José Pereira Leite Figueiredo. Conforme o jornal Folha de S.Paulo, Figueiredo foi indicado por peemedebista e pela JBS.
A Folha disse - também semanna passada - que, em 2013, quando o secretário estava para ser nomeado, a bancada ruralista, inclusive Kátia, se posicionou contra. Esse seria um dos motivos que hoje estariam levando o dono da JBS, Joesley Batista, a se posicionar contra a nomeação da senadora no ministério.
Outro motivo seria um discurso na tribuna do Senado, em 2013, quando Kátia Abreu criticou uma suposta "prática monopolista e marketing enganoso" por parte da JBS, que cresceu no mercado, lembra o jornal, adquirindo outros empreendimentos menores.
De acordo com o impresso, no centro do ataque estava um polêmico financiamento de R$ 7 bilhões do BNDES à JBS-Friboi, que, segundo a senadora, poderia ter sido usado para ajudar pequenas e médias empresas em dificuldade.
Já O Estado de S.Paulo afirmou que a senadora é representante dos pecuaristas e, desde a criação do JBS com suporte do BNDEs, assumiu uma posição de ataque à empresa de Batista. Os criadores de gado, de acordo com o jornal, temem que a concentração de mercado exercida cada vez mas pela empresa acabe influenciando no valor da carne vendida por eles. O JBS é responsável, segundo O Estadão, por cerca de 20% do abate bovino no País.
Resistências
A Folha lembrou que o convite de Dilma a Kátia Abreu não agradou diversos setores da sociedade, como o Movimento dos Sem-Terra (MST) e ambientalistas.
Nessa terça-feira, o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Alberto Ercílio Broch, classificou a decisão como "péssima". Ainda de acordo com a Folha, dentro do próprio PT, a escolha não foi bem aceita. Setores do partido manifestaram desconforto durante reunião da sigla no final de novembro, em Fortaleza.
O teólogo Leonardo Boff, junto a intelectuais e ativistas como o economista Luiz Gonzaga Beluzzo, assinaram um manifesto contra a entrada de Kátia e Joaquim Levy, escolhido para a Fazenda, no governo.
Comentários
Postar um comentário
TODOS OS COMENTÁRIOS SÃO BEM VINDOS.MAS SÃO DE INTEIRA RESPONSABILIDADE DE QUEM OS ESCREVE!