MP investiga privilégio de Haddad a sem-teto Prefeitura anunciou que entregaria 11.000 unidades habitacionais para movimentos sem-teto por meio do Minha Casa, Minha Vida Entidades
MP investiga privilégio de Haddad a sem-teto
Prefeitura anunciou que entregaria 11.000 unidades habitacionais para movimentos sem-teto por meio do Minha Casa, Minha Vida Entidades
Eduardo Gonçalves
Coordenadores do MTST recolhem presença das pessoas que participaram do protesto no dia 29 de julho, no centro de São Paulo - Felipe Cotrim/VEJA.com
(Atualizado às 20h12)
O Ministério Público do Estado de São Paulo instaurou nesta sexta-feira um inquérito para investigar se a prefeitura está burlando a fila da habitação ao prometer entregar 11.000 unidades habitacionais para associações ligadas a movimentos de sem-teto por meio do Minha Casa, Minha Vida Entidades. Esta modalidade do programa federal prevê o repasse de verbas para os movimentos construírem moradia popular e os autoriza a indicarem os beneficiários, desde que sejam respeitados alguns critérios pré-estabelecidos como o atendimento a famílias com renda de até 1.600 reais.
Na portaria, o promotor Marcus Vinicius Monteiro dos Santos, da área de Habitação e Urbanismo, afirma que a proposta da gestão Haddad pode "ferir o princípio da isonomia ao dar tratamento diferenciado" aos sem-teto em detrimento das pessoas que esperam receber um financiamento por meio da fila de cadastrados na prefeitura. No início de novembro, a administração municipal publicou um edital de chamamento para a habilitação das associações interessadas em receber os empreendimentos do Minha casa, Minha Vida Entidades. As 11.000 unidades correspondem à 20% da promessa de campanha do prefeito Fernando Haddad (PT) de entregar 55.000 casas até o fim do seu mandato, em 2016.
O promotor também requisitou da prefeitura e do Ministério das Cidades informações sobre o valor que será repassado da União ao município, onde serão construídos os conjuntos habitacionais, quais são as entidades cadastradas, entre outros dados. Em nota publicada no dia 19 de novembro, a prefeitura informava que já havia destinado 60 áreas para esse tipo de construção. Na mesma nota, a prefeitura reiterava que a medida "não iria alterar o atendimento da demanda existente, que segue critérios federais, dando prioridade a pessoas com deficiência, moradores de áreas de risco e mulheres chefes de família".
Sobre o inquérito aberto pelo MP, a prefeitura ressaltou a importância da fiscalização por parte da promotoria de Habitação. "É muito importante contar com o acompanhamento do Ministério Público na realização do maior programa habitacional que a cidade já teve", informou, em nota, a administração municipal.
Os movimentos de sem-teto costumam indicar os beneficiários de acordo com o "grau de militância", isto é, as chaves das casas são entregues a quem é mais assíduo em protestos, assembleias e atos convocados pelos grupos.
Esta não é a primeira vez que a gestão Haddad vira alvo do Ministério Público em relação ao desrespeito com a fila de habitação. Em agosto deste ano, a promotoria de Habitação entrou com uma ação na Vara da Fazenda Pública da capital pedindo o bloqueio de todo o tipo de parceria, contrato ou convênio entre a prefeitura e o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). Na respectiva ação, o promotor Mauricio Antonio Ribeiro Lopes acusava a prefeitura de "privilegiar" o grupo em troca de votos.
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