Freira brasileira foge de Gaza após míssil atingir casa ao lado da sua-ASSASSINOS DE JESUS CONTINUAM MATANDO PESSOAS INOCENTES
Freira brasileira foge de Gaza após míssil atingir casa ao lado da sua
A freira brasileira Maria Laudis teve que abandonar a igreja e todos seus pertences na casa onde morava na faixa de Gaza para proteger a própria vida. O imóvel ao lado de onde a religiosa pernambucana vivia foi alvo de um dos projéteis lançados por Israel nesta quarta-feira (16).
O bairro, no centro de Gaza, é um dos três onde aviões israelenses despejaram panfletos com mensagens alertando mais de 100 mil palestinos para sair ou aguentar as consequências de fortes ataques.
Ela saiu às pressas acompanhada de outras duas religiosas, uma egípcia e outra argentina, durante o primeiro cessar-fogo aceito pelas duas partes desde que Israel iniciou a ofensiva militar Limite Protetor há mais de dez dias.
Israel iniciou a ofensiva após ataques de foguete do grupo palestino Hamas, que controla a faixa de Gaza. A violência se intensificou após o sequestro e morte de jovens de ambos os lados e com as contraposições de judeus com a unificação de partidos palestinos da Cisjordânia, de Mahmoud Abbas com o Hamas e do anúncio de novas colônias judaicas nos territórios árabes.
O Estado de Israel também iniciou na noite desta quinta-feira (17) uma operação terrestre na faixa de Gaza. Segundo um porta-voz militar, a ação tem como objetivo destruir túneis que permitem aos membros do Hamas entrar no país para realizar ataques. Pelo menos 24 palestinos, incluindo três adolescentes e um bebê, morreram desde que a incursão por terra começou. O número de palestinos mortos desde o começo do conflito já passa de 260 e são mais de 1.600 feridos.
Saindo de Gaza
Palestinos só conseguem deixar a faixa isolada nesta situação de conflito pela fronteira de Rafah, com o Egito. Porém, por ser religiosa, a madre superiora, que viveu por 12 anos no Egito antes de chegar em abril à Gaza, pode sair pela passagem ao norte da faixa e está refugiada em outro convento em Belém (Cisjordânia), com a ajuda do escritório da representação diplomática do Brasil em Ramallah.
"A igreja eles [autoridades israelenses e o Hamas] asseguraram que iam respeitar, ao contrário dos bombardeios ao redor da nossa casa, por isso que a gente aguentou por mais de uma semana", afirma. "A gente reza junto ao ouvir os fortes estrondos de mísseis e bombas. A situação está além do que se pode imaginar de algo 'muito difícil'. Decidimos sair também porque já estava previsto para participarmos de um encontro em Nazaré, no norte israelense. Não é uma fuga, vamos voltar assim que tudo estiver melhor e será em breve --eu espero", conta.
"A gente quer voltar à nossa rotina, viemos para um trabalho de ajuda humanitária em Gaza", acrescenta Maria Laudis, lembrando que os cristãos representam menos de 0,1% da população dominada por muçulmanos em Gaza. Apenas um sacerdote argentino permanece na igreja. Outro padre brasileiro vive no local, mas de viagem pelos Estados Unidos, está impedido de voltar à Gaza.
Incertezas
Muitas pessoas não saem de onde estão em Gaza porque têm medo do que pode acontecer no caminho entre a casa deles e a fronteira egípcia. Depois de quatro dias de tentativas, nesta quinta-feira (17), outros três brasileiros conseguiram sair do território palestino em direção ao Egito. De acordo com a representação diplomática brasileira em Ramallah, das 10 famílias que vivem em Gaza, duas escaparam na quarta-feira (16) e outra deixou a faixa nesta quinta, pela fronteira de Rafah. Algumas vão ficar no Cairo e outras vão voltar para o Brasil.
O brasileiro-palestino Omar El-Jamal está em Gaza com dois filhos --uma criança de um ano e uma menina que completou três anos em meio ao conflito. Omar morou no Rio de Janeiro por quase 30 anos, casou-se com uma brasileira e voltou para Gaza, onde nasceu. Enquanto falava com o UOL, a casa dele estava sem energia elétrica e sem água há cinco dias.
A região no entorno da casa de Omar está destruída e não há como fugir para o sul devido ao medo de novas explosões pelo caminho até a fronteira com o Egito, única forma dele escapar de Gaza, mesmo com passaporte brasileiro. "Eu fico porque espero que a situação se acalme. Aqui é o meu lar, minha vida está aqui", confessa Omar.
"Estou preparando o passaporte das crianças, que serão enviados pela Cruz Vermelha Internacional. Assim vou avaliar de acordo com os ataques se vou deixar Gaza. No momento de guerra, é sempre mais difícil ponderar situações. Reagimos pelo instinto", conta o árabe-brasileiro. "Essa é a mais potente das três guerras entre o Hamas e Israel. Nos outros conflitos, eu saía de casa, andava na rua. Dessa vez, não, eu quase não estou saindo de perto dos meus filhos", diz.
Lado israelense
O paulista Natan Galkowicz, 62, mora em Israel a sete quilômetros do território palestino da faixa de Gaza em um kibutz, comunidade judaica, de Bror Hail, ao lado de outras 150 famílias brasileiras.
Ele chegou em Israel há mais de 30 anos para estudar computação. Há oito anos, uma de suas filhas morreu em um bombardeio: um morteiro enviado a partir de Gaza matou Dana em julho de 2005. Porém, Natan prefere não responsabilizar ninguém por essa perda.
"Apesar de tudo que eu senti e ainda sinto, não tenho rancor dos palestinos e não os culpo, lamento da mesma forma as mortes que acontecem do outro lado da fronteira causadas pelos israelenses. O ideal é parar com essas mortes em Israel e na Palestina", desabafa.
Ele largou a profissão e, em homenagem a filha, abriu um restaurante de comida brasileira, onde serve vatapá e feijoada. Natan sente mais medo desta vez com a intensificação dos ataques e alertas antimísseis acionados todos os dias, mas diz que não planeja deixar o lugar.
Um sistema, utilizado pelos militares de Israel, denominado Domo de Ferro, tecnologia de ponta que inibe a ação dos mísseis lançados, gera mais momentos de tranquilidade para quem mora nas regiões de conflito. "Essa nova tecnologia tem mostrado ser bastante eficiente e importante. Já estaríamos mortos sem esta defesa", disse ele.
"É a hora em que o Brasil poderia cooperar abertamente, aproveitando a credibilidade que tem de ambos os lados, por ser extremamente respeitado e aceito, pontos que nem europeus ou os norte-americanos têm. Precisamos de uma ajuda dessas", apela o brasileiro.
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