Conheça o sanfoneiro barbudo que criou o museu do sertão brasileiro
Conheça o sanfoneiro barbudo que criou o museu do sertão brasileiro
16/05/14 08:05
ANDRÉ UZÊDA, DE JUAZEIRO DO NORTE (CE)
O projeto de criar um museu do sertão no município cearense de Juazeiro do Norte, a 533 km de Fortaleza, já dura quase 40 anos. O sonho antigo é do sanfoneiro José Galvão de Oliveira, 65, conhecido como Galvão de Juazeiro.
Há quatro décadas ele coleciona peças antigas que representam a história do sertão do Cariri, a quente microrregião do Ceará que abrange nove municípios e mais de 500 mil habitantes.
No acervo, estão selas e armas dos antigos sertanejos, vasos de cerâmicas dos índios cariris (que deram nome ao lugar) e sanfonas que já caíram em desuso, entre outros tantos objetos de um passado remoto.
“O Cariri é uma banda do mundo. Contar a história do Cariri é contar a história do mundo”, diz, escondido entre seus longos cabelos e barba grisalha.
A maior parte da sua coleção foi obtida por meio de compras e permutas –Galvão é funcionário público municipal, faltando apenas um ano para se aposentar do serviço.
As peças de maior afeto, porém, pertencem à sua família há muito tempo, sendo repassadas por gerações. Um machado com a insígnia da fundação de Juazeiro do Norte, que pertenceu ao seu avô, é seu objeto mais antigo, segundo estima.
“Meu pai e meu avó foram tropeiros. Eles faziam a travessia do Ceará levando rapadura para trocar por farinha no Rio Grande do Norte. Esse machado foi usado para abrir muitas das estradas que hoje ligam os Estados do Nordeste”, diz, orgulhoso.
Outra peça de enorme valor é uma lamparina que teria sido abençoada, ainda em vida, por Padre Cícero (1884-1934), santo milagreiro dos nordestinos.
APOIO
Há cerca de cinco anos, Galvão decidiu juntar todas as peças que amealhou ao longo da vida em um casebre que ele mesmo levantou. A construção fica em uma chácara, de sua propriedade, já nos limites da cidade. Foi quando a ideia do museu ganhou corpo definitivo.
“Se eu tivesse algum apoio dos políticos já teria finalizado o museu do sertão há mais tempo. Mas preciso reformar a casa, separar os objetos e restaurar boa parte deles. Por enquanto, tenho gastado tudo do meu bolso. Isso tem deixado minha mulher furiosa”, revela, contando as rusgas de um casamento de 42 anos, que lhe deu cinco filhos.
O sanfoneiro garante que este ano o museu finalmente fica pronto. Em julho ele pretende organizar uma festa de apartação (típica no Nordeste com desfile de burros e bois) para chamar a atenção da necessidade da abertura do local.
Até o fim do ano planeja o funcionamento gratuito do espaço, com programação especial para crianças e estudantes.
“O Brasil precisa conhecer a história do sertão. E essa é uma coisa que só o sertanejo pode fazer por ele mesmo. Mostrar todo seu valor para sua gente.”
O projeto de criar um museu do sertão no município cearense de Juazeiro do Norte, a 533 km de Fortaleza, já dura quase 40 anos. O sonho antigo é do sanfoneiro José Galvão de Oliveira, 65, conhecido como Galvão de Juazeiro.
Há quatro décadas ele coleciona peças antigas que representam a história do sertão do Cariri, a quente microrregião do Ceará que abrange nove municípios e mais de 500 mil habitantes.
No acervo, estão selas e armas dos antigos sertanejos, vasos de cerâmicas dos índios cariris (que deram nome ao lugar) e sanfonas que já caíram em desuso, entre outros tantos objetos de um passado remoto.
“O Cariri é uma banda do mundo. Contar a história do Cariri é contar a história do mundo”, diz, escondido entre seus longos cabelos e barba grisalha.
Museu do sertão
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Sanfoneiro José Galvão de Oliveira, 65, conhecido como Galvão de Juazeiro, que pretende criar um museu em Juazeiro do Norte (CE)
As peças de maior afeto, porém, pertencem à sua família há muito tempo, sendo repassadas por gerações. Um machado com a insígnia da fundação de Juazeiro do Norte, que pertenceu ao seu avô, é seu objeto mais antigo, segundo estima.
“Meu pai e meu avó foram tropeiros. Eles faziam a travessia do Ceará levando rapadura para trocar por farinha no Rio Grande do Norte. Esse machado foi usado para abrir muitas das estradas que hoje ligam os Estados do Nordeste”, diz, orgulhoso.
Outra peça de enorme valor é uma lamparina que teria sido abençoada, ainda em vida, por Padre Cícero (1884-1934), santo milagreiro dos nordestinos.
APOIO
Há cerca de cinco anos, Galvão decidiu juntar todas as peças que amealhou ao longo da vida em um casebre que ele mesmo levantou. A construção fica em uma chácara, de sua propriedade, já nos limites da cidade. Foi quando a ideia do museu ganhou corpo definitivo.
“Se eu tivesse algum apoio dos políticos já teria finalizado o museu do sertão há mais tempo. Mas preciso reformar a casa, separar os objetos e restaurar boa parte deles. Por enquanto, tenho gastado tudo do meu bolso. Isso tem deixado minha mulher furiosa”, revela, contando as rusgas de um casamento de 42 anos, que lhe deu cinco filhos.
O sanfoneiro garante que este ano o museu finalmente fica pronto. Em julho ele pretende organizar uma festa de apartação (típica no Nordeste com desfile de burros e bois) para chamar a atenção da necessidade da abertura do local.
Até o fim do ano planeja o funcionamento gratuito do espaço, com programação especial para crianças e estudantes.
“O Brasil precisa conhecer a história do sertão. E essa é uma coisa que só o sertanejo pode fazer por ele mesmo. Mostrar todo seu valor para sua gente.”
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