PF investigará negócios da Petrobras na Argentina, diz jornal

Segundo reportagem da "Folha de S.Paulo", 3º inquérito deve apurar a venda da refinaria de San Lorenzo ao grupo argentino Oil Combustibles S.A - amigo pessoal da presidente Cristina Kirchner

REDAÇÃO ÉPOCA

03/04/2014 11h02 - Atualizado em 03/04/2014 15h49

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A Polícia Federal (PF) abriu inquérito para investigar a venda de ativos da Petrobras na Argentina, segundo reportagem desta quarta-feira (3) do jornal Folha de S.Paulo.  A apuração tem como principal foco os negócios entre a estatal brasileira e o empresário Cristóval López, conhecido como czar do jogo e amigo da presidente Cristina Kirchner. 

Numa reportagem publicada em março do ano passado, ÉPOCA revelou bastidores dessas transações. A revista teve acesso, com exclusividades, a um acordo confidencial fechado entre as partes que previa a venda ao grupo argentino comandado por López parte das ações que a Petrobras detém da Pesa, a Petrobras Argentina – um assunto conduzido pela Gerência de Novos Negócios da estatal, que reporta-se diretamente à presidente Maria das Graças Foster.  Internamente, técnicos questionavam a transação por causa do valor, do momento da venda e da identidade do novo sócio. No passado, Petrobras e o empresário Cristóval López já haviam realizado um negócio. Em maio de 2010, o argentino adquiriu da empresa brasileira a refinaria de San Lorenzo, na província de Santa Fé, avaliada em US$ 110 milhões. Em outra reportagem, de agosto de 2013, ÉPOCA revelou os detalhes desse nebuloso negócio da refinaria, incluindo a participação do lobista João Augusto Rezende Henriques, um apadrinhado do PMDB. 

É o terceiro inquérito da PF para apurar negócios da estatal. A venda da San Lorenzo é o principal foco desta investigação. A venda da refinaria de San Lorenzo fez parte do "plano de desinvestimentos" ou  "feirão da Petrobras". Sem dinheiro em caixa, a estatal brasileira apostou na venda de grande parte de seu patrimônio no exterior, como refinarias, poços de petróleo, equipamentos, participações em empresas, postos de combustível.

A Petrobras está sendo investigada em outros dois inquéritos. Um diz respeito à compra da refinaria de Pasadena, no Texas, Estados Unidos. As autoridades trabalham com a hipótese de superfaturamento e evasão de divisas. A Petrobras comprou a refinaria por um valor superior ao que ela valia. (No caso da refinaria de San Lorenzo, a estatal brasileira a vendeu por um valor menor do que ela valia).

O segundo inquérito investiga o pagamento de propina a funcionários públicos brasileiros por parte da companhia holandesa SBM Offshore, maior fabricante de plataformas marítimas de exploração de petróleo do mundo. Segundo denúncias de um ex-funcionário da empresa holandesa, a SBM pagou, por meio de suas representantes comerciais no Brasil, US$ 139,1 milhões a funcionários do governo brasileiro para obter vantagens em contratos.