inShare 1 América Latina Senadores dos EUA querem aprovar sanções à Venezuela Pacote apresentado quer o bloqueio de ativos financeiros e também prevê uma ajuda de 15 milhões de dólares para entidades civis que atuam no país
América Latina
Senadores dos EUA querem aprovar sanções à Venezuela
Pacote apresentado quer o bloqueio de ativos financeiros e também prevê uma ajuda de 15 milhões de dólares para entidades civis que atuam no país
Manifestante queima foto do ex-presidente Hugo Chávez em Caracas - Reuters
Senadores americanos apresentaram na noite desta quinta-feira um projeto de lei que prevê sanções a pessoas venezuelanas envolvidas em violações dos direitos humanos durante os recentes protestos no país. A legislação para a Defesa dos Direitos Humanos e Sociedade Civil da Venezuela pede ao presidente Barack Obama que ordene o bloqueio de ativos e negue a concessão de vistos a pessoas venezuelanos acusados de violência contra manifestantes.
O pacote também inclui 15 milhões dólares em ajuda financeira a grupos civis que atuam na Venezuela, como organizações de defesa de direitos humanos, que apoiam a liberdade de expressão, assim como ativistas, jornalistas e manifestantes perseguidos. "Dada a impunidade indecente na Venezuela, não ficaremos de braços cruzados frente às violações dos direitos humanos", disse o presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, o democrata Robert Menendez, principal promotor do texto. Segundo Menendez, a legislação "serve como uma forte advertência aos membros do governo, às forças de segurança venezuelanas e a grupos civis armados envolvidos na violência".
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O projeto, patrocinado por dois senadores democratas e um republicano, deverá ser discutido em duas semanas no Comissão de Relações Exteriores do Senado. Uma resolução similar já avançou, de forma separada, no plenário da Câmara, e condena Caracas por sua repressão contra manifestantes. "É o momento de estar com o povo venezuelano e de aumentar a pressão no regime de Maduro", afirmou o senador republicano Marco Rubio.
A situação na Venezuela também provocou reações do Executivo e, nesta quinta, o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, pediu ao presidente Nicolás Maduro que pare a "campanha de terror" contra os venezuelanos. Maduro, que rejeitou a mediação da Organização dos Estados Americanos (OEA) e rompeu relações com o Panamá, aprovou uma comissão criada pela União das Nações Sul-Americanas (Unasul), que vai acompanhar o diálogo entre o governo e oposição a partir da primeira semana de abril.
Galeria de fotos: Os protestos nos muros de Caracas
Galeria de fotos: Os protestos nos muros de Caracas
Prisões – Policiais venezuelanos prenderam seis pessoas classificadas de "bandidos", anunciou Maduro, horas depois de ter comunicado "medidas drásticas" contra os protestos iniciados há um mês no país. "Revistamos os lugares onde esses bandidos estavam escondidos, e temos seis presos. Apreendemos armas, C4 [material explosivo], bombas, e continuamos as buscas", declarou, sem divulgar as identidades dos detidos. "De madrugada, a Guarda Nacional Bolivariana controlou todo o setor de El Trigal em Valencia", cidade a 150 quilômetros de Caracas, onde três pessoas morreram em confrontos na quarta-feira.
Os protestos que já deixaram ao menos 28 mortes e mais de 360 feridos começaram no dia 4 de fevereiro no estado de Táchira (no Oeste do país, na fronteira com a Colômbia), depois de uma estudante ter sofrido uma tentativa de estupro em um campus universitário, e se espalharam por várias cidades do país. As três primeiras mortes ocorreram em Caracas, em 12 de fevereiro. Diariamente, passeatas com alguns milhares de pessoas vêm tomando as ruas do país, juntando pessoas de várias idades e ocupações.
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Entre as principais queixas da população, estão a insegurança, a inflação, a escassez de produtos, a repressão policial e a detenção de líderes opositores. Também pedem o fim dos chamados "coletivos", grupos armados ligados ao chavismo e apontados como os responsáveis por várias mortes e por ameaçar manifestantes. Apesar de a maioria das passeatas serem pacíficas, são comuns atos de violência por parte de um pequeno grupo de manifestantes. Geralmente encapuzados, eles lançam pedras e coquetéis molotov contra policiais, que respondem com gás lacrimogêneo.
(Com agência France-Presse)
(Com agência France-Presse)
Venezuela: a herança maldita de Chávez
Hugo Chávez chegou ao poder na Venezuela em fevereiro de 1999 e, ao longo de catorze anos, criou gigantescos desequilíbrios econômicos, acabou com a independência das instituições e deixou um legado problemático para seu sucessor, Nicolás Maduro. Confira:
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Criminalidade alta
A criminalidade disparou na Venezuela ao longo dos 14 anos de governo Chávez. Em 1999, quando se elegeu, o país registrava cerca de 6 000 mortes por ano, a uma taxa de 25 por 100 000 habitantes, maior que a do Iraque e semelhante à do Brasil, que já é considerada elevada. Segundo a ONG Observatório Venezuelano de Violência (OVV), em 2011, foram cometidos 20 000 assassinatos do país, em um índice de 67 homicídios por 100.000 habitantes. Em 2013, foram mortas na Venezuela quase 25 000 pessoas, cinco vezes mais do que em 1998, quando Hugo Chávez foi eleito.
Apesar de rica em petróleo, a Venezuela é o país com a terceira maior taxa de homicídios do mundo, atrás de Honduras e El Salvador. Entre as razões para tanto está a baixa proporção de criminosos presos. Enquanto no Brasil a média é de 274 presos para cada 100 000 habitantes, na Venezuela o índice está em 161. De acordo com uma ONG que promove os direitos humanos na Venezuela, a Cofavic, em 96% dos casos de homicídio os responsáveis pelos crimes não são condenados.
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