MP denuncia 5 por cocaína no helicóptero dos Perrella Aeronave da família do senador Zezé Perrella foi apreendida com 445 quilos de cocaína numa fazenda isolada do interior capixaba

Justiça

MP denuncia 5 por cocaína no helicóptero dos Perrella

Aeronave da família do senador Zezé Perrella foi apreendida com 445 quilos de cocaína numa fazenda isolada do interior capixaba

Eduardo Gonçalves
Helicóptero pertencente à empresa do deputado Gustavo Perrella foi apreendido pela polícia com mais de 400 quilos de cocaína no Espírito Santo
Helicóptero pertencente à empresa da família Perrella é apreendida com 445 quilos de cocaína no Espírito Santo(PMES/Divulgação)
O Ministério Público Federal (MPF) do Espírito Santo denunciou cinco pessoas à Justiça pelotráfico de 445 quilos de cocaína, apreendidos em um helicóptero da família do senador Zezé Perrella (PDT-MG). Entre os acusados está o piloto e o copiloto da aeronave, duas pessoas que descarregaram a droga e o dono da fazenda onde o helicóptero pousou em novembro.
A aeronave pertencia à empresa Limeira Agropecuária e Participações LTDA, registrada no nome de dois filhos do senador, o deputado estadual Gustavo Perrella (Solidariedade) e Carolina Perrella. O piloto Rogério Almeida Antunes era amigo de Gustavo e havia sido nomeado por ele a um cargo na Assembleia Legislativa mineira. Após a descoberta do caso, Antunes foi demitido.
O MPF também determinou o desmembramento do inquérito com o envio das peças para o Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2) por causa do foro privilegiado de Gustavo Perrella. Autor da denúncia, o procurador Fernando Amorim Lavieiri afirmou, no entanto, que o envio da remessa “não implica uma opinião negativa sobre a participação do parlamentar nos fatos”. A Polícia Federal concluiu que Gustavo não teve participação no crime.
A Justiça confirmou o recebimento da denúncia, mas rejeitou a solicitação de desmembramento, autorizando o Ministério Público Federal a encaminhar o inquérito à Procuradoria-Geral da República por causa do senador Zezé Perrella.
Em nota, o MPF informou não “restar dúvidas” de que os denunciados sabiam que estavam transportando drogas. Em depoimento à Polícia Federal, o piloto e o copiloto da aeronave disseram que desconheciam o conteúdo da carga transportada. O MPF afirmou que os acusados devem responder por tráfico de drogas, podendo ter um acréscimo na pena portráfico internacional – a droga saiu do Paraguai, segundo a PF. A pena pode chegar a quinze anos de prisão.
Segundo a investigação, Antunes aceitou fazer o transporte por 50.000 reais, a convite do copiloto, Alexandre José de Oliveira Júnior. O helicóptero partiu do Paraguai para uma cidade próxima a Avaré, no interior de São Paulo, fez escala em Divinópolis (MG) para abastecer e seguiu para Afonso Cláudio, no interior do Espírito Santo. Ao pousar numa fazenda isolada, Robson Ferreira e Everaldo Lopes de Souza descarregaram a carga. Agentes da Polícia Militar capixaba e da PF estavam de tocaia no local e prenderam os quatro em flagrante. O outro denunciado, Elio  Rodrigues, seria o dono do terreno onde o helicóptero pousou. Segundo a PF, ele havia comprado a fazenda alguns meses antes acima do preço de mercado.
Repercussão - Parte do combustível usado para abastecer o helicóptero foi pago pela Assembleia Legislativa mineira com a verba indenizatória destinada a custear os gastos dos deputados. Após a repercussão do caso, a Assembleia proibiu o reembolso de combustível para aeronaves de parlamentares.


A família Perrella está envolvida em outra investigação do Ministério Público de Minas Gerais por improbidade administrativa. A empresa criada pelo senador pedetista teria firmado contratos sem licitação com uma empresa do governo mineiro. A assessoria da família Perrella nega irregularidades nos negócios.

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