As transformações do Irã, livre de Ahmadinejad VEJA constatou a extraordinária mudança nas ruas da capital, Teerã. Os enforcamentos em praça púbilca caíram, o Facebook está prestes a ser liberado e as mulheres testam até onde é possível esticar a corda no regime dos aiatolás

Em VEJA desta semana

As transformações do Irã, livre de Ahmadinejad

VEJA constatou a extraordinária mudança nas ruas da capital, Teerã. Os enforcamentos em praça púbilca caíram, o Facebook está prestes a ser liberado e as mulheres testam até onde é possível esticar a corda no regime dos aiatolás

Thaís Oyama, do Irã; fotos Adam Dean
Foto 1 / 16
AMPLIAR FOTOS
Um casal olha a cidade de Teerã do alto de uma colina, no Irã
Um casal olha a cidade de Teerã do alto de uma colina, no Irã - Adam Dean
Há quase oitenta anos alguém diz aos iranianos como eles têm de se vestir — mais precisamente, o que têm de pôr na cabeça. Nos anos 30, o xá Reza Pahlevi, na tentativa de arejar o seu reinado com os ventos do Ocidente, proibiu o uso de turbantes para os homens e o de lenços para as mulheres. Por um período, chegou a ordenar que todo iraniano usasse chapéu. Quando os aiatolás tomaram o poder, em 1979, a lei mudou novamente — o véu passou a ser obrigatório, sendo o preço da desobediência uma bateria de chibatadas. Hoje, as regras vetam aos homens o uso de calças curtas, camisetas justas e gravata, o símbolo máximo e execrado da decadência ocidental. Quanto às mulheres, as que não usam xador — a veste negra que deixa só o rosto e as mãos de fora — têm de esconder os cabelos e usar saias compridas ou calças largas cobertas por casacos que vão até o meio da canela. E assim, embalados em figurino islamicamente correto, caminhavam iranianos e iranianas até 15 de junho, quando, contrariando as previsões, o clérigo Rohani derrotou o arquiconservador Saeed Jalili — que, não de todo injustamente, chegou a ser comparado ao ditador norte-coreano Kim Jong-un (entre as suas propostas, estava a de dar uma banana para o Ocidente e salvar a economia do país colocando a população para fabricar sorvetes).
Há motivos para otimismo. Desde a posse de Rohani, em agosto, os enforcamentos em praça pública, antes semanais, caíram drasticamente. Presos políticos foram libertados e a odiada polícia da moralidade, que circula em minivans pelas cidades à cata de flagrantes anti-islâmicos, praticamente sumiu de cena em Teerã. Espera-se para breve a liberação do Facebook e do Twitter, largamente utilizados mas oficialmente bloqueados desde 2009, quando os protestos contra a contestada reeleição de Mahmoud Ahmadinejad eclodiram nas ruas. O poderoso ministro das Relações Exteriores, Javad Zarif, já usa o Twitter há algum tempo e o próprio Rohani agora tem uma página no Facebook. O empenho do clérigo xiita em mostrar sua face moderada é tamanho que na semana passada ele se fez fotografar numa estação de alpinismo de boné de beisebol no lugar do turbante. Os aiatolás responderam à cena com um tonitruante silêncio.


Para ler a continuação dessa reportagem compre a edição desta semana de VEJA no IBA, no tablet ou nas bancas.
Outros destaques de VEJA desta semana

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

VAZARAM AS FOTOS DE PAOLA OLIVEIRA NUA-Paolla oliveira nua pelada

Cheon Il Guk Matching Engagement Ceremony- O REINO DOS CÉUS NA TERRA E NO CÉU

Menino ficou em barril por pegar "comida que não devia", diz investigação