Meteoritos como o que atingiu a Rússia podem ser dez vezes mais comuns do que o previsto



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Meteoritos como o que atingiu a Rússia podem ser dez vezes mais comuns do que o previsto

Novas pesquisas refazem a trajetória do asteroide e mostram que a ocorrência desse tipo de impacto pode ter sido subestimada pelos cientistas

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Cinegrafista russo captura momento em que meteorito entra na atmosfera
Cinegrafista russo captura momento em que meteorito entra na atmosfera - Reprodução/YouTube
Em meados de fevereiro, um meteorito atingiu uma região próxima à cidade de Chelyabinsk, na Rússia. A maior parte de sua massa se desintegrou no ar, mas a onda de impacto foi forte o suficiente para ferir mais de 1 500 pessoas. O evento foi capturado por uma série de câmeras espalhadas pela região, o que possibilitou aos cientistas realizarem estudos detalhados de sua origem, trajetória e destruição. A conclusão das pesquisas não é tranquilizadora: esse tipo de impacto pode ser até dez vezes mais comuns do que se pensava.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: The trajectory, structure and origin of the Chelyabinsk asteroidal impactorA 500-kiloton airburst over Chelyabinsk and an enhanced hazard from small impactors Chelyabinsk Airburst, Damage Assessment, Meteorite Recovery, and Characterization

Onde foi divulgada: periódicos Nature e Science

Dados de amostragem: Centenas de filmagens realizadas no momento da queda de um meteorito na cidade de Chelyabinsk, na Rússia

Resultado: Os pesquisadores conseguiram traçar a rota do asteroide, suas características físicas e o impacto de sua destruição. Segundo os estudos, ele tinha cerca de 19 metros de diâmetro, e a queda desse tipo de corpo na Terra pode ser até dez vezes mais comum do que se pensava
A queda do asteroide aconteceu sobre uma área densamente povoada da Rússia, onde pôde ser observada por uma série de equipamentos eletrônicos, desde instrumentos científicos até centenas de câmeras amadoras. A enorme disponibilidade de imagens forneceu aos pesquisadores uma oportunidade única para analisar o maior meteorito a atingir o planeta nos últimos cem anos.
O estudo dessas filmagens deu origem a três pesquisas publicadas nesta semana, duas delas na revista Nature e uma na Science. "Se a humanidade não quiser seguir o caminho dos dinossauros, precisamos estudar um evento como esse em detalhes", diz Qing-Zhu Yin, professor da Universidade da Califórnia, que participou do estudo publicado na Science.
Trajetória — Ao analisar o caminho percorrido pela bola de fogo no céu — e capturada por uma série de câmeras no solo — os cientistas conseguiram detalhes importantes de sua trajetória. Segundo os estudos, a bola de fogo teve origem em um asteroide com cerca de 19 metros de diâmetro, que entrou na atmosfera a uma velocidade de 19 quilômetros por segundo — mais de cinquenta vezes mais rápido que a velocidade do som.
Conforme penetrava na atmosfera terrestre, o meteorito foi se desgastando por causa do atrito com ao ar. A partir dos 45 quilômetros de altura, ele começou a se desintegrar em diversos pedaços, até que, a 27 quilômetros da superfície, explodiu em uma bola de fogo, poeira e gás. Nesse momento, a luz emitida pelo objeto foi até trinta vezes mais brilhante que a do sol e pôde ser vista por pessoas localizadas a até 100 quilômetros de distância — causando, inclusive, queimaduras.

Saiba mais

QUAL A DIFERENÇA ENTRE ASTEROIDE, METEORITO E METEORO?
Asteroides são corpos celestes menores que planetas que vagam pelo Sistema Solar desde sua formação, há 4,6 bilhões de anos. Meteoritos são pedaços de asteroides que eventualmente atingem a superfície da Terra. Meteoros são os rastros luminosos produzidos por pedaços de asteroides em contato com a atmosfera da Terra, resultado do atrito com o ar, e são popularmente reconhecidos como estrelas cadentes.
Os pesquisadores estimam que cerca de três quartos do asteroide evaporou nesse instante. A maior parte do material que restou virou poeira e apenas cerca de 4 000 quilos — 0,05% de sua massa total — atingiu a superfície terrestre como meteoritos. A maior peça, pesando 570 quilos, foi encontrada por mergulhadores no fundo do lago Chebarkul, em outubro.
Caminho no espaço — Ao desenhar o caminho percorrido pelo meteoro na atmosfera terrestre, os pesquisadores também conseguiram estimar a rota que percorreu antes de atingir o planeta. Descobriram, assim, que o impacto não foi previsto por nenhum astrônomo, pois, nos últimos anos, percorreu uma órbita que não podia ser vista a partir de telescópios terrestres.
Essa trajetória é muito semelhante à de outro corpo que gira em volta do Sol e passou perto da Terra recentemente: o asteroide 86039, de dois quilômetros de diâmetro. Segundo os pesquisadores a semelhança entre as duas órbitas é tanta que, muito provavelmente, ambos os corpos faziam parte de um mesmo asteroide, que se fragmentou no meio do caminho.
Destruição — As imagens também ajudaram os cientistas a estimarem o poder de destruição do meteorito. Segundo o estudo, a onda de impacto da explosão liberou uma energia equivalente a 500 quilotons de TNT, o suficiente para estraçalhar milhares de janelas pela região. O impacto foi tão forte que causou danos por uma área de até 90 quilômetros dos dois lados de sua trajetória.
A fim de estimar a probabilidade desse tipo de evento voltar a acontecer, os pesquisadores analisaram os registros de explosões detectadas na atmosfera nos últimos vinte anos. Os dados analisados foram coletados por equipamentos do governo americano originalmente desenhados para detectar a ativação de bombas nucleares, mas que conseguem perceber qualquer tipo de explosão na atmosfera.
A análise mostrou que a queda de meteoritos com mais de 10 metros de diâmetro pode ser até dez vezes mais comuns do que mostravam as observações anteriores, feitas a partir de telescópios. A maior parte desses impactos costuma passar despercebida por acontecer em regiões isoladas ou desabitadas, como o mar. Se estimativas anteriores previam que um evento como o de Chelyabinsk poderia acontecer uma vez a cada 150 anos, os pesquisadores dizem que os novos dados podem diminuir essa frequência para uma vez a cada 30 anos.
Proteção — Durante os últimos anos, os pesquisadores realizaram grandes esforços para mapear todos os asteroides grandes — com mais de 1 quilômetro de diâmetro — que possam atingir a Terra. Os corpos menores, no entanto, não são tão conhecidos e, como mostraram essas pesquisas, também podem causar grandes danos. Dos cerca de 20 milhões de asteroides que medem entre 10 e 20 metros, somente cerca de 500 foram catalogados até agora.
A própria ONU propôs um plano de coordenação internacional para detectar asteroidespotencialmente perigosos e, em caso de risco para a Terra, preparar uma missão espacial com capacidade para desviar sua trajetória. O que essas pesquisas mostram, e os cientistas fazem questão de alertar, é que esse plano precisa sair logo do papel.

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