Dilma orquestra com ministro da Justiça ação contra tucanos

Caso Siemens

Dilma orquestra com ministro da Justiça ação contra tucanos

A presidente Dilma, que tem Cardozo como aliado, orquestra pessoalmente retaliação a membros do PSDB. Tucanos afirmam que denúncias foram manipuladas e nome do partido foi ‘plantado’ em documentos

José Eduardo Cardozo
José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça (Marcio Fernandes/AE)
A presidente Dilma Rousseff coordenou pessoalmente o contra-ataque ao PSDB ao determinar que o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, reagisse às críticas dos tucanos que acusam o governo de direcionar a investigação do cartel de trens em São Paulo para tentar abafar as prisões do mensalão. Dilma reservou dois dias de sua agenda na semana para discutir e orquestrar pessoalmente a reação.
Nesta quinta-feira, a presidente, o ministro e sua equipe de comunicação conversaram por cerca de uma hora e meia no Palácio da Alvorada sobre o tema. As avaliações foram que o PSDB estava conseguindo "gritar mais alto", estabelecendo que os tucanos seriam vítimas de uma armação de "aloprados" petistas e, ainda, de quebra, enfraquecendo a figura do ministro, que é próximo da presidente. "Eles estão enlouquecidos. Querem mudar o foco e vir para cima de mim", disse o ministro ao jornal O Estado de S.Paulo.
A ordem da presidente foi para reagir com veemência. Cardozo anunciou que vai processar os que o "caluniaram" e "ofenderam".
O deputado estadual licenciado Simão Pedro (PT) negou ter adulterado um texto com denúncias sobre o cartel nas licitações de trens e metrô de São Paulo. O PSDB acusa o petista de ter alterado o documento, cuja versão em português, de acordo com os arquivos divulgados pelos tucanos, cita pagamentos de propina a "políticos do PSDB" e ao "pessoal do PSDB" – mas o texto em inglês não.
Cardozo, que recebeu os documentos das mãos de Simão Pedro, afirmou que os dois textos têm vários pontos divergentes e seriam endereçados a pessoas diferentes. Por isso, argumentou, que não poderiam ser tomados como se fossem o original e a tradução de um mesmo documento. O texto com as denúncias é atribuído ao ex-diretor da Siemens Everton Rheinheimer. 
Reunidos em Brasília na terça-feira, os tucanos, capitaneados pelo senador Aécio Neves, pré-candidato do partido à Presidência, fizeram duras declarações contra Cardozo, pediram sua demissão e o chamaram de "manipulador" e "irresponsável”.
O porta-voz da presidente, Thomas Traumann, que participou da reunião com Dilma e Cardozo, foi destacado para colaborar com a comunicação do ministro. Na coletiva, Cardozo rebateu a acusação de que petistas teriam manipulado a carta de 2008. 
(Com Estadão Conteúdo)

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