247 - A revista Exame, da Editora Abril, não fez rodeios. Dias depois do anúncio da aliança entre Eduardo Campos, do PSB, e Marina Silva, da Rede Sustentabilidade, dedicou sua capa ao pacto político, falando sobre "a nova oposição e a economia". O que significa declarar que a própria Abril, da família Civita, tem a esperança de que Campos e Marina abracem suas teses mais liberais e, com elas, liderem um discurso antagônico ao do PT e da presidente Dilma Rousseff.
Na reportagem, assinada pelos jornalistas Daniel Barros e Humberto Maia Júnior, Exame lista seis pontos da agenda, que, segundo a revista, deveria ser encampada pelo governador pernambucano e pela ex-senadora. Eles seriam:
1) A independência formal do Banco Central, garantida por lei. O que daria aos diretores do BC mais autonomia para definir as taxas de juros.
2) Mais privatizações. O governo, em vez de definir a taxa de retorno das concessões, deveria se preocupar apenas em garantir competição aos leilões, segundo Exame.
3) Salários maiores para os professores e mais escolas em tempo integral.
4) Meritocracia no serviço público, com servidores remunerados e premiados ao atingir metas.
5) Licenças ambientais menos burocráticas – o que, segundo Exame, será um problema na relação entre Campos e Marina.
6) Mais abertura comercial, com acordos fora do Mercosul.
A reportagem traz ainda uma entrevista com Eduardo Giannetti da Fonseca, que seria um dos gurus econômicos de Marina (outro é André Lara Resende, que também defende um modelo mais liberal, leia aqui). Segundo ele, com Lula e Dilma, o Brasil teria mergulhado numa "espiral intervencionista". Dilma, para Exame, representa a "mão forte do Estado".
No entanto, liderar o discurso oposicionista pela economia não será tão simples num país como o Brasil, que, hoje, vive uma situação de pleno emprego. Além disso, a Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios, a Pnad, mostrou forte expansão da renda e do consumo das famílias no ano passado. Ou seja: há uma sensação de bem-estar material que, como a própria revista reconhece, faz da presidente Dilma a favorita para a disputa de 2014.
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