A trincheira de Lewandowski,O CAIM DO STF
A trincheira de Lewandowski
O ministro que polemizou com o presidente do STF, Joaquim Barbosa, durante todo o julgamento comemora a nova fase do mensalão
por Paulo Moreira LeiteMagro, alto e grisalho, o ministro do STF Ricardo Lewandowski saiu da votação dos embargos infringentes como aquele lutador de boxe que é massacrado em todos os momentos de combate, mas consegue recuperar-se no último assalto. Principal voz dissidente nos 13 meses de um julgamento no qual a opinião de grande parte da população era favorável a uma condenação rápida e implacável dos réus, Lewandowski esteve no centro de ataques incomuns, dentro e fora do tribunal. Do ponto de vista do ministro, os embargos representam uma chance de mudar o último capítulo da história.
VIRADA?
Principal voz dissidente nos 13 meses de julgamento, o ministro Ricardo Lewandowski
acredita que os embargos podem mudar o último capítulo da história
Aos 65 anos, sapatos de bico fino, ternos bem cortados, Lewandowski lembra um cidadão de comportamento comum demais para gestos de caráter heroico. Mas foi capaz de dar um pequeno soco no ar quando, há duas semanas, após várias conversas discretas com outros integrantes do STF, concluiu que os embargos infringentes seriam aprovados. “Dessa vez os direitos fundamentais vão ganhar”, festejou, caminhando a passos largos pelo gabinete. Com a confirmação do resultado, na semana seguinte, o ministro fez questão de elogiar o voto de Celso de Mello, “uma aula para todos nós, que logo será debatida e estudada no País inteiro e também no Exterior.”
Lewandowski chegou ao Supremo em 2006, quando nem era a primeira opção de Luiz Inácio Lula da Silva para ocupar a vaga deixada por Carlos Velloso, que ficou 16 anos no STF. O nome predileto, Cesar Asfor Rocha, acabou derrubado por um intenso murmúrio em torno de denúncias fortes, jamais comprovadas. Nessa situação, Lula nomeou Lewandowski, que, entre outros predicados, contava com a simpatia decidida da primeira-dama Marisa Silva, muito amiga da mãe do ministro nas rodas sociais de São Bernardo do Campo. Embora as insinuações feitas por Joaquim Barbosa no tribunal tenham contribuído para lhe dar fama de pouco interessado na defesa dos princípios morais e do combate à corrupção na vida pública, os fatos apontam em outra direção. Deve-se a Lewandowski um voto histórico que proíbe o nepotismo até de parentes de terceiro grau nos três poderes. Em 2010, como presidente do TSE, ele aprovou a aplicação imediata, já naquele ano, da Lei Ficha Limpa, que proíbe candidaturas de políticos condenados por sentenças colegiadas.
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