OS MÉDICOS DO BRASIL SÃO OS VERDADEIROS DOENTES DE ARROGÂNCIA E ORGULHO-A MANIA DE GRANDEZA E BIPOLARIDADE
Doentes de ideologia
Médicos brasileiros reagem com fúria e preconceito à chegada dos profissionais estrangeiros, sobretudo dos cubanos, numa demonstração de que ignoram a situação da população
Wilson Aquino e Michel AlecrimAtrás da tela de um computador, a jornalista potiguar Micheline Borges não mostrava seu rosto, mas mirava o dos outros. “Essas médicas cubanas tem (sic) uma cara de empregada doméstica”, escreveu ela em uma rede social, auscultando o que, em sua xenófoba opinião, seria um grave problema dos 400 profissionais de saúde cubanos que desembarcam no Brasil para ocupar vagas rejeitadas por brasileiros em municípios sem glamour, mas cheios de gente que ainda morre por diarreia. Em Fortaleza (CE), outros cubanos, igualmente integrantes do programa federal Mais Médicos, foram xingados de “escravos” e “incompetentes”. As vaias da turma de jaleco branco só não foram mais lamentáveis do que a orientação dada pelo presidente do Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais (CRM-MG), João Batista Gomes Soares. Ele defendeu que a categoria não atendesse eventuais vítimas de erros médicos dos estrangeiros. Ou seja, que deixassem morrer os pacientes, se fosse o caso. Essa postura preconceituosa e corporativa dos médicos brasileiros envergonha o País e demonstra a ignorância deles em relação à situação de penúria da população.
IGNORÂNCIA
Médico cubano é hostilizado por profissionais de saúde
no Ceará. Eles foram xingados de -escravos
Segundo pesquisa do instituto Datafolha, 54% dos brasileiros apoiam a vinda de médicos estrangeiros para o País, e esse número vem crescendo à medida que a população entende que os profissionais de fora não vão tomar o lugar dos brasileiros. Eles irão para locais onde nenhum brasileiro quis ir. Vão salvar gente que está morrendo por falta de medicina básica. Por exemplo, Japeri, também na Baixada, é um dos municípios mais pobres do Rio e Janeiro. Lá, 40% das 123 mortes hospitalares registradas no ano passado foram por doenças infecciosas e parasitárias. Os 100 mil habitantes contam com apenas 107 médicos, mas muitos não moram na cidade e, portanto, não estão disponíveis. A cidade está alegre, pois vai receber seis médicos, dois brasileiros e quatro cubanos. “Esse contingente vai reduzir em 70% o nosso déficit na atenção primária”, prevê o secretário de saúde, Sílvio Mendonça.
CARÊNCIA
Fila no hospital municipal de Paracambi, a 83 quilômetros
do Rio: a cidade irá receber dois médicos cubanos
Prevenção A chegada desses profissionais aos municípios pobres e à periferia de centros urbanos significa, também, o início de um trabalho de medicina preventiva, o melhor remédio para enfermidades básicas, muitas das quais poderiam ser erradicadas com simples noções de higiene e de educação alimentar. “Se investirmos na atenção primária, além de evitar óbitos, vamos reduzir a demanda nas emergências e nos ambulatórios”, avalia o secretário de Saúde de Duque de Caxias, também na Baixada Fluminense, o cardiologista Camilo Junqueira. Em 2012, Caxias teve 49 óbitos por doenças infecciosas e parasitárias. Por isso, quer mais médicos. O Ministério da Saúde disponibilizou 32 vagas para o município, mas apenas 13 candidatos inscritos no Programa se habilitaram, sendo dois estrangeiros (um português e um colombiano).
PRECÁRIO
Laudicéia de Araújo, de Queimados, quebrou a clavícula e teve de
se tratar em outra cidade, porque lá não tem ortopedista. José Brás,
de Paracambi, sofreu um AVC e pega fila para buscar remédios
Atendimento O Conselho Federal de Medicina e os conselhos regionais não voltaram atrás em relação ao combate que têm feito ao programa do governo, mas tiveram de realizar uma reunião na quarta-feira 28 para falar do constrangimento geral em relação às atitudes agressivas da classe. Sem citar a manifestação de Fortaleza, uma nota divulgada após o encontro dizia repudiar “atos de xenofobia e preconceito em qualquer situação”. As entidades também procuraram deixar claro que são contra a postura tomada pelo conselho de Minas em relação a eventuais erros médicos praticados por estrangeiros. E corrigiram: “Os médicos brasileiros, sempre que procurados, devem prestar atendimento aos pacientes com complicações decorrentes de atendimentos realizados por médicos estrangeiros contratados sem a revalidação de seus diplomas”.
João Batista Gomes Soares, do CRM-MG, defendeu que os médicos
não atendessem eventuais vítimas de erros dos estrangeiros
Ronaldo Negromonte
EM 31/08/2013 17:21:58
A prevalência das doenças infecciosas e parasitárias, Cap I do
CID-10, tem sua origem na falta de saneamento básico: água potável,
tratamento correto dos dejetos e do lixo produzidos pela comunidade e
educação sanitária. Ver o site:
http://tabnet.datasus.gov.br/tabdata/cadernos/cadernosmap.htm
tneto
EM 31/08/2013 17:01:01
Para o coxinha brasileiro o mundo se resume a 2 km ao redor de um
shoping. Além desta distância não trabalha porque não há vida.
MARIA DO SOCORRO
EM 31/08/2013 16:40:40
SÃO MERCENARIOS, NÃO SENTEM PENA DOS POBRES DOENTES QUE ROLAM DE
UPA EM UPA PROCURANDO SOS E TEM DE PEDIR EMPRESTIMO PARA FAZER UMA
CIRURGIA, AGUARDADA HÁ ANOS. QUERIA VER SE ESTES RIQUINHOS PASSAVAM NO
TAL DO REVALIDA. PARABENS PRESIDENTE PÓR ESTE ATO DE MISERICORDIA.
osmarsand
EM 31/08/2013 16:23:24
Bem-vindos os médicos estrangeiros!
Se há vaga, que eles as ocupem.
Tenho uma filha que é médica na Inglaterra...
Por que ela pode ser médica lá e eles não podem ser aqui?
Bom trabalho a todos!
Reserva de mercado, nunca. Nem aqui e nem ali.
Aline Cubas
EM 31/08/2013 15:25:26
Parabéns aos jornalistas que escreveram esta reportagem. A
população, em especial a mais carente, precisa de profissionais que
aceitem o desafio de ir onde estão sendo necessários. Indefensável a
postura dos conselhos de medicina.
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