Plantas modificadas para fabricar remédios
Medicina & Bem-estar
| N° Edição: 2272
| 30.Mai.13 - 20:40
| Atualizado em 01.Jun.13 - 17:32
Plantas modificadas para fabricar remédios
Cientistas criam vegetais capazes de produzir medicamentos. No Brasil, estão em teste gel contra a Aids e remédio para hemofílicos. No mundo, há pesquisas para a fabricação, por meio dos vegetais, de drogas contra doenças como a malária e o câncer
Monique OliveiraBENEFÍCIO
Rech, da Embrapa, diz que o custo de produção de drogas por meio dos vegetais é menor
Recentemente, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária aprovou o alfataliglicerase, primeira droga produzida por meio de uma planta modificada geneticamente. Ela é indicada para tratar a doença de Gaucher, uma deficiência na metabolização da gordura que provoca fraturas e sangramentos. No Brasil, o principal centro de criação de vegetais produtores de remédios é a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Uma de suas conquistas na área surgiu a partir de um pedido do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos. Ao ter problemas para a produção da cianovirina – microbicida em teste para impedir a infecção pelo HIV, vírus causador da Aids –, a instituição procurou a empresa brasileira porque sabia que ela possuía uma patente para modificação genética de soja.
EFICÁCIA
Tanuri, da UFRJ, verificou que substância fabricada
pela soja impede infecção pelo vírus da Aids
Há iniciativas inteiramente brasileiras também. Uma delas é a modificação da soja para a produção de fator IX, uma enzima necessária à coagulação do sangue e ausente em portadores de hemofilia do tipo B. O composto foi testado em amostras de plasma que não continham a enzima. “Houve evidências de coagulação”, afirma a bióloga Aparecida Maria Fontes, responsável pelo experimento, realizado na Fundação Hemocentro de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo. “O próximo passo é purificar a molécula e testá-la em camundongos”, diz. Também há testes iniciais para a produção de hormônio do crescimento humano a partir do tabaco.
Por essas razões, a tecnologia entusiasma. “Há uma oportunidade gigantesca também na produção de vacinas. Hoje, elas acabam menos acessíveis por causa de seu alto custo de produção em alguns casos”, disse à ISTOÉ o pesquisador Julian Ma, da Universidade de Londres – ele faz experimentos com o potencial de milho e de tabaco para fabricar remédios. Na Alemanha, o Instituto Fraunhofer de Biologia Molecular e Ecologia Aplicada já pesquisa um imunizante contra a malária feito a partir de composto produzido por meio de tabaco transgênico.
Fotos: Adriano Machado; Masao Goto Filho/ag. IstoÉ
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