Operação Bin Laden
Operação Bin Laden
Acusado de enaltecer a tortura, o filme "A Hora Mais Escura" provoca polêmica ao mostrar com informações supostamente confidenciais a caçada de dez anos ao famoso terrorista saudita
Ivan Claudio
Assista ao trailer:
FORTALEZA
A cena da invasão do esconderijo de Bin Laden:
reconstituição rigorosa, feita na Jordânia
O ano ainda está começando e um filme já é apontado como candidato ao mais polêmico de 2013. Trata-se de “A Hora mais Escura”, de Kathryn Bigelow, que mostra os bastidores de uma das mais obsessivas buscas a um criminoso: a caçada de uma década ao terrorista Osama bin Landen, morto em maio de 2011 (o filme estreia no dia 15 de fevereiro). O que tem acirrado a opinião de ensaístas, atores, cineastas, escritores, militantes, políticos e até votantes no Oscar não é o paradeiro do corpo do líder da al-Qaeda, mas a estratégia da CIA para chegar até ele. Apresentando-se como resultado de profunda apuração, conseguida por meio de consultas a fontes da agência americana e do governo do Paquistão (onde ficava a residência-bunker de Bin Laden), o filme é criticado por mostrar métodos bárbaros de tortura e, segundo seus detratores, fazer apologia de tais métodos para obtenção de informações sobre inimigos.
Na verdade, o thriller investigativo ficou entre o fogo cruzado político em dois momentos. O seu lançamento em outubro de 2012 teve de ser postergado porque, nesse período, eram os republicanos que viam nele uma peça a favor da campanha presidencial de Barack Obama à reeleição – a implacável perseguição favorecia os democratas. Após a vitória de Obama, são então os próprios democratas que o censuram por achar que em algumas cenas “A Hora Mais Escura” enaltece a tortura. O ponto crucial é a longa sequência em que um prisioneiro é vítima de afogamento simulado para, assim, revelar a identidade do terrorista Abu Ahmed (Tushaar Mehra), que seria o mensageiro de Bin Laden. Há ainda aqueles que acusam a cineasta de pesar a mão para ter acesso aos equipamentos bélicos de elite do Exército Americano e poder usá-los nas filmagens – essa é a tese da escritora Naomi Wolf, que compara Kathryn a Leni Riefenstahl, a artesã dos filmes de propaganda nazista.
Às vésperas do Oscar, ao qual concorre em cinco categorias, vem outra ameaça: o Senado americano vai abrir uma investigação para saber se a cineasta e seu namorado, o jornalista e roteirista Mark Boal, colocaram mesmo a mão em dados confidenciais da CIA. Tudo isso só tem aumentado o interesse pela trama, que acompanha o obstinado trabalho da agente Maya (Jessica Chastain), baseada em uma personagem real e figura-chave na “operação Bin Laden” (conhecida como Operação Lança de Netuno).
A cena mais esperada, claro, é a invasão de sua fortaleza em Abottabad, recriada na Jordânia. Antecipando-se a novas críticas, Kathryn filmou todo o massacre, mas o suavizou na edição final, mostrando apenas de relance o ator inglês Ricky Sekhon. Ele é o Bin Laden de “A Hora Mais Escura”.
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