Com mensaleiros condenados, PT quer reformar Judiciário
Política
Com mensaleiros condenados, PT quer reformar Judiciário
Há projetos para que mandatos de juízes do STF passem a ser de 4 anos - e que sessões não passem ao vivo na TV. Planalto barrou apresentação da proposta
O presidente do STF, Joaquim Barbosa, durante julgamento do mensalão, em 06/12/2012 - Gervásio Baptista/STF
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Durante as mais de 50 sessões de julgamento realizadas desde 2 de agosto, os ministros do Supremo rechaçaram a tese petista de que tudo não passara de um grande esquema de caixa dois. Mesmo pressionados pelo ex-presidente Lula, os ministros disseram que o governo do petista comprou apoio político no Congresso e desviou dinheiro público para financiar essa operação. Os votos sempre censuravam, em linguagem clara, as roubalheiras e traficâncias realizadas na administração pública. Mas petistas classificam o maior julgamento da história do STF como um "julgamento contra o partido": "Existe uma inquietação com os excessos, e não é só do PT. Há juristas muito preocupados", disse o deputado Vicente Cândido (PT-SP). "Isso não é porque o Supremo julgou contra nós, mas porque julgou ao arrepio das leis e fez interpretações equivocadas."
E nesta quinta-feira, dia em que o STF discutia a prisão dos réus no processo - e a perda de mandato dos mensaleiros condenados - o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu circulava com desenvoltura na reunião da corrente majoritária do PT, Construindo um Novo Brasil. A portas fechadas, Dirceu criticou juízes do Supremo e disse ser necessário defender o governo Dilma Rousseff.
Cassações - Novo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e relator do processo do mensalão, o ministro Joaquim Barbosa defendeu na sessão desta quinta-feira que os três deputados federais condenados por participarem do esquema de corrupção – Valdemar Costa Neto (PR-SP), João Paulo Cunha (PT-SP) e Pedro Henry (PP-MT) – devem perder seus mandatos na Câmara assim que a sentença for definitiva e se esgotarem os recursos.
Para Barbosa, a Constituição é clara ao prever que deputados e senadores apenados criminalmente têm como consequências da condenação a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo. “Evidente que não há a possibilidade de transigência ou de desqualificação da condenação transitada em julgado”, ponderou ele, ao afirmar que a Câmara não poderia simplesmente manter o congressista no cargo e ignorar a condenação na mais alta corte do país. “O condicionamento final ao juízo de conveniência do parlamento não me parece ser uma solução constitucionalmente legítima”, completou, ao defender a perda dos mandatos. Para ele, qualquer interpretação diferente na Casa legislativa seria uma “pôr em jogo a autoridade da Justiça e do STF”.
Como praxe no julgamento que já dura mais de quatro meses no STF, o revisor da ação penal, Ricardo Lewandowski, anunciou seu voto na contramão: segundo ele, cabe à Câmara dos Deputados, tradicionalmente conhecida pelo perfil corporativista, tomar a decisão política de apear os parlamentares do cargo. O argumento do revisor é que o Judiciário não pode impor a perda do mandato eletivo de alguém que foi eleito por voto popular. Lewandowski disse esperar coerência dos parlamentares na eventual análise da perda dos mandatos e chegou a afirmar que era necessário "acreditar na seriedade dos integrantes do Congresso”, desprezando a memória de que a própria Câmara já absolveu João Paulo Cunha e Pedro Henry pelo mensalão – Valdemar renunciou ao mandato na época.
Durante o embate, outros ministros da corte chegaram a se manifestar – sem antecipar o voto. "Será que os mandatários do povo podem continuar falando pelo povo depois de condenados criminalmente?", questionou Luiz Fux. O julgamento será retomado na segunda-feira.
(Com Estadão Conteúdo)
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