A largada global da Copersucar


Nº EDIÇÃO: 788 | Negócios | 09.NOV.12 - 21:00

A largada global da Copersucar

Como em quatro anos a empresa brasileira triplicou o seu faturamento e se transformou em líder mundial em venda de etanol.

Por Ralphe MANZONI Jr.
Na década de 1970, a cooperativa de produtores de cana, açúcar e álcool Copersucar tornou-se mundialmente conhecida ao patrocinar a primeira (e única) equipe brasileira de Fórmula 1, capitaneada pelo piloto paulista Emerson Fittipaldi, bicampeão mundial da categoria. Com um polêmico carro, a marca desfilou pelos autódromos do mundo por cinco temporadas – de 1975 a 1979 –, conquistando um segundo lugar no GP do Brasil, em 1978, sua melhor colocação. Na ocasião, o objetivo do patrocínio, de aproximadamente US$ 5 milhões ao ano, era tornar a Copersucar reconhecida globalmente e romper as resistências às commodities agrícolas do País, que incluíam, além do açúcar, o café. 
 
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Os magos do etanol: Paulo Roberto Souza (à esq.) e Luís Roberto Pogetti, reinventaram
a Copersucar, transformando-a em uma sociedade anônima e investindo R$ 2 bilhões em logística
 
“Naquela época, o brasileiro não acreditava no seu próprio valor”, disse Fittipaldi à DINHEIRO. “Queríamos promover o talento dos técnicos brasileiros e criar uma marca mundial.” Mais de 30 anos depois, a Copersucar, enfim, dá sua largada global, recebendo a bandeirada por chegar ao mercado americano. Na segunda-feira 5, a empresa anunciou que estava assumindo o controle, por um valor não revelado, da Eco-Energy, dona de uma fatia de 9% do mercado de biocombustíveis dos Estados Unidos. “Estamos internacionalizando a Copersucar no mercado de etanol”, afirmou Luís Roberto Pogetti, presidente do conselho de administração da Copersucar, que passa a acumular a mesma função na Eco-Energy. 
 
Com a transação, a Copersucar conquista também uma posição relevante nos dois maiores mercados produtores e consumidores de etanol – Brasil e EUA – e transforma-se em líder mundial em venda do biocombustível, com uma participação de 12% da comercialização. Juntas, elas passam a controlar a venda de 10 bilhões de litros e contam com um faturamento de US$ 10,5 bilhões – mais de dois terços disso, deve-se ao desempenho da Copersucar no mercado brasileiro. As duas operações serão mantidas de forma independente e focadas em seus mercados internos. Nos próximos três anos, o objetivo é dobrar o tamanho da Eco-Energy – tanto em receita, quanto em volume de etanol comercializado. 
 
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Emerson Fittipaldi apresenta o carro de Fórmula 1 Copersucar, que tornou
a marca conhecida globalmente em 1975
 
“Vamos eliminar agentes intermediários da operação, abrindo acesso direto aos produtores de etanol americanos e às grandes redes de distribuição de combustível dos EUA”, disse numa teleconferência com jornalistas Paulo Roberto de Souza, presidente da Copersucar, há 25 anos na companhia. Ao lado de Pogetti, Souza comandou uma grande transformação na cooperativa fundada por produtores paulistas em 1959. Nos anos 2000, a companhia se desfez de ativos considerados não estratégicos para se concentrar na comercialização de açúcar e etanol. Por isso, vendeu a Hill Bros Coffee, companhia americana que atuava no mercado de café (a Copersucar era dona do Café Caboclo, hoje pertencente à Sara Lee). 
 
A operação de varejo em açúcar, com a marca União, também foi negociada com a Nova América, que depois a repassou à Cosan, do empresário paulista Rubens Ometto. Este, por sua vez, já a vendeu para a Camil. Há quatro anos, aconteceu a principal mudança na estrutura da companhia. A Copersucar transformou-se em uma sociedade anônima de capital fechado. As 48 usinas que faziam parte da antiga cooperativa tornaram-se sócias da nova empresa e assinaram acordos de fornecimento exclusivo de suas produções. “A Copersucar profissionalizou completamente a gestão”, afirma Plinio Nastari, presidente da consultoria paulista Datagro, especializado em etanol. 
 
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“Isso trouxe mais transparência à companhia.” Há um ano, ela tentou abrir o seu capital. A meta era captar até R$ 2,7 bilhões, mas o projeto naufragou em razão das condições desfavoráveis do mercado brasileiro e da aversão a risco dos investidores por conta da crise financeira nos EUA e na Europa. “Não temos, no momento, nenhum plano para abrir o capital”, afirmou Pogetti. Dinheiro não parece ser o problema atual. Isso ficou claro na transação da Eco-Energy, na qual a companhia conseguiu uma linha de crédito com bancos estrangeiros para financiar a operação. Pogetti explicou, sem dar detalhes, que foi feito um “project finance”, no qual os recursos gerados pelo fluxo de caixa da empresa adquirida são capazes de pagar o financiamento. 
 
O negócio também não deverá, segundo ele, atrapalhar os investimentos da Copersucar no Brasil. Ela planeja gastar R$ 2 bilhões de 2011 a 2015. Eles serão aplicados em logística para o escoamento do etanol e do açúcar. Um dos projetos é a expansão de seu terminal no Porto de Santos, cuja capacidade de armazenamento passará de 5,5 milhões de toneladas para 8 milhões de toneladas. A Copersucar detém também uma fatia de 20% da Logum, que está construindo um etanolduto que liga o Centro-Oeste e o interior de São Paulo ao Porto de Santos – os outros parceiros do empreendimento são Petrobras, Raizen (união da Cosan com a Shell), Odebrecht, Camargo Corrêa e Uniduto Logística. 
 
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Ao se avaliar o desempenho da Copersucar, o resultado dessa reinvenção parece estar dando certo – pelo menos é o que demonstram os números. A capacidade de moagem de cana duplicou em quatro anos – hoje está em 143 milhões de toneladas, o equivalente a 10% da capacidade mundial, de acordo com a Datagro. A comercialização de etanol cresceu 50% no mesmo perío­do, atingindo 4,8 bilhões de litros. Melhor: o faturamento triplicou, chegando a R$ 15 bilhões. Em açúcar, a companhia já exporta para 38 países, o equivalente a 73% de tudo o que comercializa. Essa performance tem sido alcançada em um cenário adverso ao etanol. 
 
Os investimentos em novas usinas estão parados e parte dos canaviais não foi renovada – o que reduziu a produtividade da safra. A produção do biocombustível deve cair em 2012, a segunda queda em dois anos. O consumo de biocombustível voltou também aos níveis de 2008. Em contraposição, a importação disparou e cresceu 15 vezes em 2011, chegando a 1,1 bilhão de litros. No sentido inverso, a exportação caiu quase dois terços, para 1,9 bilhão de litros, mesmo com o fim das barreiras tarifárias ao etanol brasileiro nos Estados Unidos. “A aposta é que esse mercado atinja níveis crescentes nos próximos anos”, diz uma fonte da Copersucar. “O pior já passou.”
 
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