“Haddad está virando, a cada dia, um pouco mais de José Dirceu”

Blogs e Colunistas
Se em meu ofício, ou arte severa,/ Vou labutando, na quietude/ Da noite, enquanto, à luz cantante/ De encapelada lua jazem/ Tantos amantes que entre os braços/ As próprias dores vão estreitando —/ Não é por pão, nem por ambição,/ Nem para em palcos de marfim/ Pavonear-me, trocando encantos,/ Mas pelo simples salário pago/ Pelo secreto coração deles. (Dylan Thomas — Tradução de Mário Faustino)
13/10/2012
 às 7:11

O PT, o mensalão e a eleição em SP: Petistas agora sustentam que o povo também é corrupto

Escrevi na segunda-feira um texto afirmando que os petistas são tão fabulosos que conseguem mentir quando dizem “sim” e quando dizem “não” a uma mesma pergunta. A que me referia? À tal influência do “mensalão” nas eleições. Um sedizente intelectual, esbirro da legenda (embora se finja de independente), concedeu uma entrevista declarando a irrelevância do escândalo. Adotando o mesmo juízo de Lula, só que com linguagem mais sofisticada e hipócrita, assegurou que os eleitores estão preocupados com outros assuntos. No mesmo dia, Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência, sustentou o contrário: o julgamento do Supremo, segundo ele, prejudica, sim, o PT. Um disse “não” porque não quer o mensalão como uma marca do PT; o outro diz “sim” porque quer que outros acreditem na fantasia de que tudo não passa de uma tentativa de golpe contra o partido.
Muito bem! Divulgadas as primeiras pesquisas sobre o segundo turno em São Paulo, a turma do “sim” e a do “não” se uniram para sustentar uma terceira versão, ainda mais vigarista do que as outras duas. Como Fernando Haddad larga na frente tanto no Datafolha como no Ibope, asseguram que o mensalão interfere, sim, na disputa, MAS A FAVOR!!! Para os petistas, a eventual eleição de Fernando Haddad em São Paulo seria uma espécie de “resposta” dos eleitores ao Supremo Tribunal Federal, à “mídia” (que é como eles chamam a imprensa) e às oposições.
Não é do balacobaco? Quando Haddad estava numa situação apertada, Lula, por exemplo, dizia que o povão queria mesmo era saber se o Palmeiras passaria para a segunda divisão. Agora que aparece numa situação confortável, tanto ele como Zé Dirceu inverteram a lógica anterior: não só aquele mesmo povo estaria ligado no julgamento do mensalão como teria decidido fazer o que o STF não fez: absolver os mensaleiros. É asqueroso! E mentiroso também.
Este blog e o tempoVocê quer ver, leitor amigo, como é bom pensar com fundamento e princípio? Entre outras coisas, serve para que a gente não passe vergonha e possa responder por aquilo que escreveu — ou, então, o articulista tem de explicar por que mudou de ideia. Esta página tem milhares de leitores, em número, felizmente, crescente, porque, acho eu, o internauta encontra aqui coerência. Chegou a hora de LEMBRAR O PRIMEIRO ARTIGO QUE ESCREVI NA VEJA, publicado no dia 6 de setembro de 2006. Vale a pena reler um trecho (em azul):
Um novo refrão anda “nas cabeças, anda nas bocas”, poderia dizer o lulista Chico Buarque: a possível reeleição do presidente absolve os petistas de todos os seus crimes. As urnas fariam pelo PT o que o ditador soviético Josef Stalin fez por si mesmo: apagar a história. É um embuste. A vantagem do presidente se deve à economia, à inépcia e inapetência das oposições, às políticas assistencialistas, tornadas uma eficiente máquina eleitoral, e à ignorância, agora a serviço do tal “outro mundo possível”. O povo é, sim, um tipinho suspeito, mas não vota para livrar a cara dos marcolas da ideologia.
O voto do ignorante vale menos? Não. Mas também não vale mais. Nem muda a natureza das instituições. E não absolve ninguém, tarefa que continuará a ser da Justiça. A vacina contra o autoritarismo virótico de quem pretende cair nos braços do povo para ser absolvido de seus crimes está em Origens do Totalitarismo, da pensadora judia-alemã Hannah Arendt. Aprende-se ali que não devemos permitir que os inimigos da democracia cheguem ao poder, negando-nos, uma vez lá, em nome dos seus princípios, as liberdades que lhes facultamos em nome dos nossos.
A tese da absolvição serve ao propósito de pautar a imprensa com uma agenda virtuosa. O programa de governo do PT prevê, diga-se, o incentivo oficial à “mídia independente”. Em lulês, significa financiar, com o dinheiro dos desdentados, a sabujice disfarçada de jornalismo.
(…)
Volto a outubro de 2012Não sei se Haddad será eleito. Como é óbvio, torço para que não seja. Já expus os motivos aqui dezenas de vezes. Caso isso aconteça, no entanto, nem está provada a irrelevância do mensalão (e já digo por quê) nem está evidenciada, claro!, a suposta resposta do “povo” àqueles que, seguindo a Constituição e as leis, condenaram os criminosos petistas que promoveram o mensalão.
O que explica a derrota vexaminosa do PT em Recife e Belo Horizonte, por exemplo? Ou o fato de o PT ter disputado 17 capitais com cabeça de chapa e ter vencido no primeiro turno em apenas uma? Os motivos principais, sabem os sensatos, estão ligados à política regional, até porque o tema “mensalão” quase não foi mencionado naqueles confrontos. Se a eventual eleição de Haddad em São Paulo significar uma resposta do povo ao Supremo e às oposições, dever-se-á concluir, então, que a derrota do PT na capital de Pernambuco e na de Minas terá significado uma resposta aos mensaleiros? Ou será que os paulistanos teriam especial admiração por delinquentes políticos?
Um dia antes da eleição, escrevi um artigo aqui afirmando que as urnas iriam demonstrar o que, de resto, já se sabia: Lula não é Deus, e não basta ele mandar para o povo obedecer. Não foi obediente em Recife, em Belo Horizonte e em muitos outros lugares. Resistiu, é bom notar, mesmo na capital paulista. O desempenho de Haddad no primeiro turno não é algo de que o petismo deva se orgulhar, não é?
Mas influi ou não influi?Mas, afinal, o mensalão influi ou não no resultado das urnas? O Datafolha tentou medir o impacto do escândalo no desempenho de Haddad em São Paulo. Concluiu que 10% dos paulistanos deixavam de votar no petista por causa disso. Para ser sincero, tendo a desconfiar enormemente dessas medições. Parece-me uma tentativa de quantificar o imponderável. Acho, no fim das contas, a pergunta errada.
INTERFERE NA ELEIÇÃO AQUILO QUE OS CONCORRENTES NUMA DISPUTA CONSEGUEM TORNAR TEMAS INFLUENTES, AQUILO QUE PASSA PELO PROCESSO DE POLITIZAÇÃO. Em 2006 e 2010, temerosas da popularidade de Lula, as oposições deixaram o mensalão de lado, além de terem ignorado outras mazelas do governo. Logo, não teve peso nenhum!
Eu estou entre aqueles que acreditam que a política é um bom lugar para fazer… política! Isso a que se chamou “mensalão” é mais do que uma simples união de larápios para roubar os cofres públicos. É um método de conquista do estado. É possível tornar isso compreensível ao eleitor não especialista? Não só acho que é como considero necessário fazê-lo. Mais ainda: trata-se de uma obrigação daqueles que se opõem ao PT. É claro que uma campanha não deve se estruturar apenas em torno desse tema. A biografia de homem público de Haddad, por exemplo, está para ser desvendada. Até agora, o eleitor só teve acesso à versão edulcorada pelo petismo. Falta submetê-la aos fatos. Suas escolhas à frente do Ministério da Educação têm de ser debatidas e esmiuçadas.
ConcluindoÉ o eleitor, soberano, quem decide se o mensalão interfere ou não no seu voto. Cumpre a quem enfrenta o PT oferecer a sua narrativa daqueles eventos. Qualquer que seja, no entanto, a decisão do eleitorado, uma coisa é certa: ele pode condenar ou absolver os políticos, no máximo, com o seu voto. Já o julgamento do STF, esse não há urna que mude. José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares são corruptores, e Fernando Haddad é expressão do partido que tentou, segundo vários ministros do STF, dar um golpe nas instituições.
É uma obrigação política e moral da oposição deixar isso claro.
E arremato: sustentar que a eventual vitória do PT significaria a absolvição dos mensaleiros corresponde a afirmar que o povo também é corrupto.
Por Reinaldo Azevedo
13/10/2012
 às 7:07

Professor Luizinho, o chefe do Zé Linguiça, critica o tribunal que o absolveu! Ele tem razão em parte: eu o teria condenado!

Petistas, está dado, não aprendem nada nem esquecem nada. A Folha deste sábado traz uma entrevista com Luiz Carlos da Silva, o “Professor Luizinho”, ex-líder do governo na Câmara, que recebeu R$ 20 mil do valerioduto. Era acusado de lavagem de dinheiro. Na defesa, o advogado do réu afirmou que seu cliente nem mesmo sabia do dinheiro e que o saque fora feito por um assessor seu, o Zé Linguiça.
Pois bem! O petista concede hoje uma entrevista à Folha. Para lavar a alma, diz, só falta uma coisa: a vitória de Fernando Haddad em São Paulo. Leiam alguns trechos, que comento:
(…)
O sr. está decepcionado com as condenações?No caso do Genoino, do Dirceu, do João Paulo Cunha. Para mim, de verdade, acho que teve mudança na jurisprudência para poder garantir que eles pudessem ser condenados. Comigo, a falta de provas possibilitou que eu tenha esse resultado. Genoino tem razão de estar abatido. Não é possível uma pessoa que teve sua vida em risco para garantir que o Brasil tivesse a democracia plena que está vivendo hoje ser cassado, condenado. Nesse processo de democracia, da forma como foi feito, com pressão da imprensa, da oposição, é uma violência. Respeito a decisão do Supremo, mas querer que eu concorde com ela? Não posso, com ela não vou concordar nunca. Temos processos anteriores em que pessoas foram inocentadas porque se adotou outro caminho.
Comento1: É um pensador! Notem que ele está decepcionado só com a condenação dos petistas — para os réus dos outros partidos, ele não dá bola. Como foram condenados por corrupção passiva, o “Professor Luizinho” queria passivos sem… ativos!
2: Então Genoino pôs a vida em risco em nome da democracia? É mesmo? Quer dizer que a guerrilha do Araguaia, comandada pelo PCdoB, queria democracia no país? Segundo o próprio partido, o objetivo era instaurar a ditadura comunista.
3: Luizinho quer uma democracia sem “pressão da imprensa e da oposição”. Luizinho quer, em suma, uma ditadura como a coreana ou a cubana, onde não há imprensa e oposição que pressionem.
4: O petista, como a gente vê, acha que o tribunal é ruim quando condena os companheiros e correto quando o absolve. É a cara do seu partido. Corolário: tribunal bom é que o que absolve os amigos e condena os inimigos.
A princípio, o julgamento parece não ter afetado o desempenho do PT nas urnas?O povo acompanhou esse processo diuturnamente, mas o povo percebeu que tinha coisas estranhas. Tem um pouco daquele sentimento semelhante daquela coisa, da mulher, da namorada, que possui um sexto sentido. O povo possui esse sexto sentido. Está percebendo: “Tá muito carregado isso aqui”.
Então a população deu um voto de confiança ao PT?O povo pensa: “Um partido que nos tira de situação de desencontro, que honra, que pode não ter feito tudo na intensidade que queria, mas que fez, que demonstrou que tentou fazer, que está fazendo”. No governo Lula, é inegável a revolução, do miserável que deixou de ser miserável, dos pobres que deixaram a ser pobres. O povo pensa: “Não é possível”. É o sexto sentido do povo, dá nisso.
A fala de Luizinho é uma glossolalia meio sem sentido, mas dá para entender aonde ele quer chegar: a população, satisfeita com o governo, estaria, na verdade, dando apoio aos mensaleiros em razão da gestão bem-sucedida (segundo ele) do PT. Ou por outra: um governo popular pode corromper e ser corrompido. O povo, como as mulheres, teria um sexto sentido… Bem pensado, faz uma avaliação depreciativa do povo e das mulheres. E foi adiante:
“Na oposição há uma elite rancorosa com o PT, que não aceita que o operário tenha conseguido fazer. Ou não tinham vontade ou competência. Ou é inveja mesmo. Para que minha alma possa ser lavada plenamente do ponto de vista pessoal, neste momento, é garantir os segundos turnos. A vitória, que isso aí ajuda a lavar nossa alma.”
O PT, está claro, tentará usar uma eventual vitória em São Paulo para voltar à sua tese original: o mensalão não existiu, e tudo não passou de uma tramoia da “oposição rancorosa”, aquela mesma que não pediu o impeachment de Lula, embora tivesse motivos para isso…. Impressionante! O membro de um partido que corrompeu e se deixou corromper ataca a oposição pela sem-vergonhice patrocinada e praticada por seus companheiros.
O chefe do Zé Linguiça é um verdadeiro açougueiro da história.
Por Reinaldo Azevedo
13/10/2012
 às 7:05

PF também investiga suspeita de fraude em licitação do MEC feita na gestão Haddad

Por Dimmi Amora e Fernando Mello, na Folha:
A Polícia Federal apura suspeita de fraude em contrato do Inep, instituto ligado ao MEC (Ministério da Educação) e responsável pelo Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), para a prestação de serviços de informática. Segundo a Folha apurou, a polícia já reuniu indícios de que um mesmo grupo criou, em nome de laranjas, três das quatro empresas que venceram lotes da licitação. Já foram interrogados, desde o início deste ano, dezenas de empresários e servidores envolvidos no negócio.
Conforme a Folha noticiou ontem, auditoria do Tribunal de Contas da União também encontrou irregularidades nessa concorrência, que soma R$ 42,6 milhões. Ela foi promovida pelo MEC em 2011, na gestão do hoje candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad. A contratação foi ordenada em maio do ano passado, após problemas na realização de edições do Enem. As vencedoras foram Ata Comércio e Serviços, DNA Soluções Inteligentes, Jeta Soluções e Serviços e Monal Informática. As suspeitas se concentram nas três últimas.
INDÍCIOSNos caso da Monal e da Jeta, a PF suspeita que uma mesma pessoa produziu assinaturas diferentes em documentos apresentados. Já foi constatado pelo menos um falso atestado de capacidade de uma empresa. Outro fato que chamou a atenção dos investigadores foi a baixa disputa. O valor pago pelo MEC por seis lotes de serviços e equipamentos significou um desconto de 13% sobre o preço máximo. Mas, em alguns lotes, o desconto ficou em 4%, bem abaixo do padrão dos pregões eletrônicos (entre 20% e 30%).Nesses lotes, concorrentes fizeram uma única proposta e logo abandonaram o pregão.
(…) 
Por Reinaldo Azevedo
12/10/2012
 às 17:47

“Haddad está virando, a cada dia, um pouco mais de José Dirceu”

Por Gustavo Porto, no Estadão Online:
O candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, José Serra, afirmou nesta sexta-feira, 12, que o ex-deputado federal e ex-ministro da Casa Civil José Dirceu é o fundador no País do “esquema pega-ladrão” e que seu adversário na corrida à Prefeitura, o petista Fernando Haddad, é companheiro e camarada do político condenado por corrupção ativa pelo Supremo Tribunal Federal (STF), no caso do mensalão. “José Dirceu quando atacado, ataca o outro. Esse é o esquema do pega-ladrão, que ele fundou no Brasil; ele bate carteira, sai correndo e grita: ”pega-ladrão, pega-ladrão””, disse Serra, antes de visita ao Catavento Cultural e Educacional, na região central da capital paulista.
“O Haddad apenas está seguindo as lições de Dirceu, de quem é companheiro e camarada e a quem defende e considera inocente”, atacou o tucano. “Haddad está virando a cada dia um pouco mais do José Dirceu”, afirmou o candidato do PSDB.
(…)
Serra criticou, porém, a atuação do adversário no Ministério da Educação (MEC) e citou as investigações no Tribunal de Contas da União (TCU) que apontam indícios de fraude em licitações no sistema de segurança do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). “O que aconteceu com o Enem na gestão do Haddad é uma das maiores calamidades na história da Educação do Brasil. Ele não conseguiu fazer durante três anos o Enem e, além de fracassar rotundamente, há agora licitações viciadas e que são investigadas pelo TCU”, disse.
(…)
Por Reinaldo Azevedo

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

VAZARAM AS FOTOS DE PAOLA OLIVEIRA NUA-Paolla oliveira nua pelada

Lista Negra: Veja o resumo de todos os episódios da primeira temporada

Cheon Il Guk Matching Engagement Ceremony- O REINO DOS CÉUS NA TERRA E NO CÉU