Caso reaberto


Caso reaberto

Laudo da Polícia Técnico-Científica revelado com exclusividade por ISTOÉ leva à reabertura do inquérito sobre o assassinato do executivo da Yoki Marcos Matsunaga

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SIMULAÇÃO 
Ilustração mostra como possivelmente se deu o esquartejamento de Matsunaga
O promotor de Justiça Carlos Cosenzo pediu na semana passada a reabertura do inquérito que investigou o assassinato e o esquartejamento do ex-diretor-executivo da Yoki, Marcos Matsunaga, em maio. A retomada do caso foi motivada, principalmente, por um laudo do Instituto de Criminalística da Polícia Técnico-Científica de São Paulo, concluído depois do fim das investigações policiais. Ele indica a presença de outro homem, além do empresário, no momento do esquartejamento. Revelado com exclusividade por ISTOÉ, no mês passado, o documento mostra que exames de DNA realizados em 30 amostras de sangue retiradas do quarto onde Matsunaga foi retalhado apontam para a presença no local de uma terceira pessoa, do sexo masculino, além do empresário e da sua esposa, Elize, que confessou o crime e afirmou ter sido sua única autora. “Nunca me convenci de que ela sozinha, com seu porte franzino, conseguisse fazer tudo aquilo”, disse o promotor.
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Uma vez confirmada, a ajuda de outro homem na consumação do crime enfraquecerá a defesa de Elize, Seus advogados sustentam que o crime foi passional, cometido sob “forte emoção”. Ganhará força, então, a versão de que o homicídio foi planejado e teve motivações patrimoniais. Isso pode levar a uma elevação da pena da acusada caso ela seja condenada. O advogado de defesa, Luciano Santoro, diz que o exame de DNA no local não pode determinar a participação de um terceiro elemento na cena porque não há como saber quando essa outra pessoa esteve no quarto. A especialista em perícia criminal Rosângela da Rocha Souza, que analisou o documento a pedido da ISTOÉ, afirma, porém, que o laudo deixa claro que as manchas de sangue são contemporâneas ao crime. “São do evento do corte do corpo e não há amostra anterior a ele”, disse. “O sangue é de outro homem que participou do esquartejamento”, afirma a especialista.

O exame necroscópico realizado em Matsunaga ajuda a reforçar a hipótese de que Elize teve ajuda. Foram identificadas diferenças substanciais entre os cortes realizados nos membros superiores e os feitos no resto do corpo. Os primeiros apresentam “retalhos de pele, indicando dificuldade ou desconhecimento anatômico da região”, como relatado no documento produzido pelo médico legista Jorge Pereira de Oliveira. Os demais “apresentam características de que foram praticadas por pessoa ou pessoas com noções de anatomia”. Acredita-se, assim, que os cortes nos membros superiores tenham sido feitos por uma pessoa que, ao contrário da enfermeira Elize, não tinha conhecimentos de anatomia. Agora, com o laudo do Instituto de Criminalística, essas constatações serão reavaliadas. Alguns depoimentos dados à Justiça poderão também ser revistos, como o da dentista Luciana Yukari Hirayama Chinen, que disse ter sido procurada por Mauriceia José Gonçalves dos Santos, uma das babás da família, para tentar comprar um atestado médico para o marido, André Rodrigues de Lima, na tentativa de justificar suas faltas ao trabalho nos dias que se seguiram ao homicídio.
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O Ministério Público já ouviu cinco pessoas e vai coletar material biológico dos suspeitos para confrontar com o sangue encontrado no quarto. Para Cosenzo, o coautor do crime era alguém de confiança da família. O novo inquérito será conduzido pelo Departamento de Homicídio e Proteção da Pessoa (DHPP) da Polícia Civil do Estado de São Paulo, responsável também pelas investigações que resultaram na prisão de Elize. Em nota, a assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança Pública afirmou que as novas investigações já começaram. “Com o réu preso, o inquérito precisa ser concluído em 30 dias e seria necessário um tempo maior. Nesse período, nem o laudo da Polícia Técnico-Científica estava pronto”, diz o promotor, que elogia o trabalho do DHPP no primeiro inquérito do caso. 

Enquanto as investigações são retomadas, Elize continua presa na penitenciária de Tremembé, no interior paulista, e aguarda a decisão judicial para saber se vai ou não a júri popular. De acordo com o promotor Cosenzo, o processo judicial contra ela não será prejudicado pelo novo inquérito, uma vez que a investigação não vai tratar dos atos praticados pela ré. Caso seja identificado o outro homem que supostamente esteve no quarto no momento do crime, ele responderá por coautoria de homicídio e ocultação de cadáver. “Se vamos encontrar ou não essa terceira pessoa eu não sei, mas temos a probabilidade de estar não muito longe dela”, diz o promotor. 
Fotos: Pedro Dias/ag. istoé; ALEX FALCÃO/FUTURA PRESS

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