Presidente do STF confirma votação fatiada do mensalão
Presidente do STF confirma votação fatiada do mensalão
Sobre a participação de Cezar Peluso, que pode se aposentar antes de proferir seu voto, Carlos Ayres Britto disse que "vai depender do andar da carruagem"
Do Portal Terra
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Carlos Ayres Britto, confirmou nesta sexta-feira (17) que os votos proferidos durante o processo do mensalão seguirão a metodologia adotada pelo relator do caso, o ministro Joaquim Barbosa. Ele optou por expor sua decisão na mesma forma adotada pela Procuradoria-geral da República, fatiada em oito tópicos. "O julgamento será de acordo com a metodologia adotada pelo ministro Joaquim Barbosa, conforme o recebimento da denúncia. Vai ser o mesmo método, por capítulo", disse Ayres Britto. Na quinta, Barbosa e o ministro Ricardo Lewandowski, revisor do caso, protagonizaram um bate-boca sobre o assunto.
Ayres Britto fez a declaração ao deixar o prédio da Advocacia Geral da União (AGU), onde participou da posse dos novos procuradores. Sobre a participação de Cezar Peluso, que pode se aposentar antes de proferir seu voto, o presidente disse que "vai depender do andar da carruagem".
Inicialmente, Lewandowski não concordou com a metodologia adotada pelo colega. "Se adotarmos essa metodologia de votarmos por núcleo, estaremos adotando a lógica do Ministério Público que disse que existem núcleos. Eu preparei ao longo dos últimos seis meses um voto que considero consistente e não tem essa lógica respeitável do relator. Quero apresentar minha versão inteira ao plenário. Essa tentativa, ou essa proposta de fatiar a votação, ou fatiar a leitura do voto, quero dizer que isso é antirregimental", disse ele durante sessão realizada ontem.
Ao final da discussão, Ayres Britto, coletou os votos dos outros ministros para decidir se Barbosa faria sua leitura em núcleos, mas analisando a culpabilidade em itens, ou não. A maioria dos ministros concordou com o relator.
Na quinta, a ministra Cármen Lúcia já havia indicado que o revisor tinha sido convencido a mudar a forma de proferir o seu voto e se adaptar à linha adotada por Barbosa. "Os ânimos se exaltam somente na hora. Depois tudo acaba bem. Estamos buscando essa conciliação. Vocês vão ver na segunda-feira tudo estará apaziguado", disse ela.
O mensalão
Em 2007, o STF aceitou denúncia contra os 40 suspeitos de envolvimento no suposto esquema denunciado em 2005 pelo então deputado federal Roberto Jefferson (PTB) e que ficou conhecido como mensalão. Segundo ele, parlamentares da base aliada recebiam pagamentos periódicos para votar de acordo com os interesses do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Após o escândalo, o deputado federal José Dirceu deixou o cargo de chefe da Casa Civil e retornou à Câmara. Acabou sendo cassado pelos colegas e perdeu o direito de concorrer a cargos públicos até 2015.
No relatório da denúncia, a Procuradoria-Geral da República apontou como operadores do núcleo central do esquema José Dirceu, o ex-deputado e ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, e o ex- secretário-geral Silvio Pereira. Todos foram denunciados por formação de quadrilha. Dirceu, Genoino e Delúbio respondem ainda por corrupção ativa.
Em 2008, Sílvio Pereira assinou acordo com a Procuradoria-Geral da República para não ser mais processado no inquérito sobre o caso. Com isso, ele teria que fazer 750 horas de serviço comunitário em até três anos e deixou de ser um dos 40 réus. José Janene, ex-deputado do PP, morreu em 2010 e também deixou de figurar na denúncia.
O relator apontou também que o núcleo publicitário-financeiro do suposto esquema era composto pelo empresário Marcos Valério e seus sócios (Ramon Cardoso, Cristiano Paz e Rogério Tolentino), além das funcionárias da agência SMP&B Simone Vasconcelos e Geiza Dias. Eles respondem por pelo menos três crimes: formação de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.
A então presidente do Banco Rural Kátia Rabello e os diretores José Roberto Salgado, Vinícius Samarane e Ayanna Tenório foram denunciados por formação de quadrilha, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro. O publicitário Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes, respondem a ações penais por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O ex-ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) Luiz Gushiken é processado por peculato. O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato foi denunciado por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) responde a processo por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A denúncia inclui ainda parlamentares do PP, PR (ex-PL), PTB e PMDB. Entre eles o próprio delator, Roberto Jefferson.
Em julho de 2011, a Procuradoria-Geral da República, nas alegações finais do processo, pediu que o STF condenasse 36 dos 38 réus restantes. Ficaram de fora o ex-ministro da Comunicação Social Luiz Gushiken e do irmão do ex-tesoureiro do Partido Liberal (PL) Jacinto Lamas, Antônio Lamas, ambos por falta de provas.
Comentários
Postar um comentário
TODOS OS COMENTÁRIOS SÃO BEM VINDOS.MAS SÃO DE INTEIRA RESPONSABILIDADE DE QUEM OS ESCREVE!