O que ainda podemos esperar


O que ainda podemos esperar

Com o bronze de Cesar Cielo, o Brasil termina sua primeira semana olímpica com seis medalhas e agora aposta no futebol, na vela, no atletismo e nas duplas do vôlei de praia para tentar superar Pequim-2008

por Amauri Segalla e Luiz Fernando Sá, enviados especiais a Londres
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FRUSTRAÇÃO
Medalha de bronze decepciona Cielo, que reconhece ter errado a estratégia
Foi tudo muito rápido. O sinal sonoro de largada, as pernas se estendendo no impulso à frente, o corpo se projetando para a água continda no retângulo azul, as braçadas frenéticas em apneia, a batida na placa de chegada, já com o corpo se virando para o placar, o soco na água, a certeza da vitória, a ovação de 17 mil torcedores. Tudo isso não durou 22 segundos. Ao final deles, o Brasil fechava com gosto de frustração na piscina uma semana em que obteve seis medalhas e, na soma geral, teve na Olimpíada de Londres um desempenho pouco superior ao obtido na primeira semana dos Jogos de Pequim. Para o nadador Cesar Cielo, porém, o resultado foi amargo. Ao olhar para o placar na noite da sexta-feira 3, Cielo viu seu nome no terceiro lugar – atrás do francês Florent Manaudou e do americano Cullen Jones --, garantindo um bronze. “Errei na estratégia”, disse Cielo logo depois da prova. “Não deveria ter disputado os 100 metros.” Deixou escapar, assim, a supremacia de homem mais veloz das piscinas, conquistada quatro anos atrás. E mesmo a posição de principal nadador do Brasil passou para as mãos do surpreendente Thiago Pereira, que faturou uma prata nos 400 metros medley, ficando à frente até mesmo do mito Michael Phelps, que chegou em quarto. Para o Brasil, ainda é possível atingir os mesmo número de ouros (foram três) obtidos em Pequim, com boas possibilidades no futebol, no atletismo, na vela e no vôlei de praia.
Apesar de encerrar sua participação com a conquista de medalhas, a natação brasileira não atingiu em Londres a meta estabelecida pelos gestores do esporte no País. O objetivo de superar as seis finais alcançadas em Atenas-2004 e Pequim-2008 não foi alcançado. Dos 20 nadadores que vieram para a Olimpíada, só três chegaram a uma final. “O Brasil vem promovendo um processo de renovação, mas que deverá trazer resultados sólidos no Rio, em 2016”, diz Ricardo de Moura, chefe da equipe de natação. César Cielo e Thiago Pereira já eram talentos consagrados e conhecidos do torcedor brasileiro. Novidade mesmo, apenas o carioca Bruno Fratus, quarto colocado nos 50 metros livre, apenas dois centésimos mais lento que Cielo. Aos 23 anos, Fratus segue a tradição brasileira de formar velocistas (Gustavo Borges e Fernando Scherer foram medalhistas em provas rápidas). Trata-se de uma estrela em ascenção. Foi um dos doze atletas de todo o mundo escolhidos para participar do filme oficial da Olimpíada de Londres. Isso obviamente é positivo, mas onde estão os nadadores capazes de brilhar em outras categorias? Até Thiago Pereira, prata nos 400 metros medley, é herdeiro de uma prova em que o Brasil tem um passado de conquistas (Ricardo Prado foi recordista mundial e medalhista de prata também nos 400 metros medley, em Los Angeles-1984). Outra deficiência evidente da natação brasileira é a falta de nomes de qualidade entre as mulheres. Há muito tempo espera-se que campeãs apareçam, mas isso está muito longe de acontecer. “Realmente esse é um problema sério”, diz Ricardo Prado, atual gerente de competição esportiva do Comitê Organizador dos Jogos Rio 2016. “Talvez o ideal seja selecionar algumas meninas e formar uma seleção permanente.”
"Errei na estratégia. Não deveria ter disputado os 100 metros."
Cesar Cielo
A uma semana do encerramento dos Jogos, ainda é cedo para fazer um balanço preciso sobre o desempenho brasileiro em Londres. Mas alguns sinais são claros. Em primeiro lugar: a tão esperada diversificação de vitórias dificilmente virá nesta Olimpíada. Para se tornar uma potência – ou pelo menos para ficar entre os 10 primeiros no quadro de medalhas da Rio 2016 – , o Brasil não pode depender apenas de meia dúzia de modalidades (vela, judô, natação, vôlei de praia, futebol e vôlei). É exatamente isso o que se vê em Londres. A força motora da performance brasileira continua a ser o judô e a natação – os mesmos de sempre. Outra preocupação diz respeito à idade de nossas principais estrelas olímpicas. Na vela, o Brasil depende do talento excepcional de Robert Scheidt, que tem 39 anos, mesma idade de Emanuel, reconhecido como melhor jogador de vôlei de praia do mundo. Nos esportes coletivos, também não se vê gênios aparecendo. No vôlei, as gerações de Giba, 35 anos, e Sheilla, 29, demonstram certo cansaço e no basquete feminino não há ninguém que pareça capaz de fazer o Brasil voltar ao topo.
Para ser potência olímpica, o brasil não pode
depender de meia duzia de modalidades
Apesar do sinal de alerta, há motivos para comemorar. O boxe brasileiro colocou, até a tarde da sexta-feira 3, três lutadores nas quartas-de-final de uma Olimpíada, desempenho inédito na história. A delegação recorde, formada por 10 atletas, tenta quebrar um jejum de 48 anos sem medalhas, que vem desde o bronze de Servílio de Oliveira, no México em 1968. “Temos boas chances de subir ao pódio”, diz Otílio Toledo, chefe da equipe de boxe. Toledo é cubano e foi contratado para trazer ao Brasil a excelência de seu país na modalidade. O trabalho, centrado em intercâmbios realizados nos países que dominam os ringues (além de Cuba, nações do leste europeu), já deu resultado: Éverton Lopes, maior esperança brasileira em Londres, é o atual campeão mundial da categoria meio-médio-ligeiro. A contratação de estrangeiros, vista até pouco tempo atrás com desdém por algumas federações, está fortalecendo diversas modalidades. Entre os esportes coletivos, ninguém surpreendeu tanto quanto as meninas do handebol, que agora se apresentam como sérias candidatas ao pódio. Elas são lideradas pelo dinamarquês Morten Soubak, que tem no currículo títulos europeus. No renascido basquete masculino, o chefe é o argentino Rubén Magnano, campeão olímpico por seu país. “Chegamos fortes a Londres, mas a meta maior é a Rio 2016”, diz Marcus Vinícius Freire, superintendente do Comitê Olímpico Brasileiro.
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LUIS CARLOS

EM 04/08/2012 20:07:42
O mal dos atletas brasileiros é que vai de salto alto nas olímpiadas se achando o todo poderoso e na hora H amarela e arruma desculpas esfarrapadas, falta nível internacional a altura.

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