Grupo Bradesco é eleito Empresa do Ano


Grupo Bradesco é eleito Empresa do Ano

Conglomerado financeiro investe pesado na expansão da rede de agências para todo o País, reforça a liderança em seguros e se destaca no anuário as melhores da Dinheiro

ISTOÉ Dinheiro
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O esporte recepciona quem chega na Cidade de Deus, em Osasco (SP), para visitar, trabalhar ou fazer negócios com o Bradesco, o maior grupo privado brasileiro. Além da propaganda da Olimpíada na portaria principal – o banco é patrocinador oficial dos Jogos em 2016, no Rio de Janeiro –, atletas amadores fazem corridas na longa pista ao redor do campo de futebol, em que times uniformizados da terceira divisão do campeonato estadual disputam animadas partidas. Na hora do almoço, conselheiros e executivos graduados do banco apreciam o corre-corre lá do alto, nas amplas janelas da sala exclusiva onde recebem, em volta de uma mesa redonda e basculante, seletos convidados para refeições simples, regadas a suco de frutas e água mineral. 
 
“Olha lá, é o time do Mário”, afirma Lázaro de Mello Brandão, 86 anos, presidente do conselho de administração, ao mostrar os jogadores do Grêmio Osasco financiados pelo conselheiro Mário Teixeira, um apaixonado torcedor da Ponte Preta e homem-chave em grandes operações envolvendo os principais clientes da instituição. O DNA esportivo, que remonta à fusão do banco de Amador Aguiar com a seguradora Atlântica Boavista, de Antônio Carlos de Almeida Braga, o Braguinha – o maior mecenas dos atletas brasileiros –, nos anos 1980, continua vivo na estratégia de negócios da organização. 
 
Ultrapassado pelo Itaú em 2008, após a bilionária fusão com o Unibanco, o Bradesco segue firme na dura competição do sistema financeiro nacional. Continua com vocação de líder privado, que ocupou durante muitas décadas – mas sem muita pressa. “Estamos numa maratona, não em uma corrida de 100 metros”, afirma Luiz Carlos Trabuco Cappi, presidente-executivo do banco e membro do conselho. “A liderança não é uma obsessão”, complementa Brandão. É verdade. Mas não se engane: o Bradesco, como nunca, tem fome de bola e quer o ouro. 
 
Expansão acelerada 
 
Às vésperas de completar 70 anos de sua fundação, no ano que vem, o Bradesco ruma para conquistar a marca de 70 milhões de clientes em serviços bancários, de seguros e de previdência. Hoje, um em cada três brasileiros já faz negócios com a organização nas diversas áreas nas quais atua. Nos últimos 12 meses, o banco investiu mais de R$ 1,5 bilhão e abriu 1.100 agências bancárias, ultrapassando o Itaú Unibanco em pontos de atendimento e reduzindo de R$ 103 bilhões para R$ 58 bilhões a diferença de ativos totais entre as duas instituições. Essa estratégia bem-sucedida, focada na expansão orgânica e no crescimento do mercado interno brasileiro deu ao Grupo Bradesco o título de Empresa do Ano na edição do ranking As Melhores da Dinheiro 2012. 
 
Nos 28 setores analisados pela revista, em parceria com a KPMG e a Trevisan Escola de Negócios, a organização da Cidade de Deus foi a que mais se destacou. Das três empresas do grupo que se inscreveram no anuário da revista, duas receberam o prêmio de melhor companhia do setor (Bradesco Seguros e Bradesco Saúde) e uma ficou num apertado segundo lugar (Banco Bradesco). A arrancada do Bradesco começou no banco, mas dará frutos também para as outras áreas de negócios que utilizam a rede de agências, presente hoje em todos os 5.565 municípios brasileiros. A expansão já rendeu um milhão de novos correntistas: hoje são 25,6 milhões, com uma distribuição de renda parecida com a da população brasileira. 
 
Quase metade é da classe C e cerca de 30%, das classes D e E. O banco vai buscar clientes não só nas grandes capitais, mas nos grotões do País, como gosta de dizer Lázaro de Mello Brandão. Embora rápida, a expansão não foi feita às pressas, mas planejada cuidadosamente como um plano B, em caso de perda da concessão do Banco Postal, que o Bradesco administrava para os Correios desde 2002. Isso efetivamente ocorreu quando o Banco do Brasil saiu vencedor do leilão, em junho do ano passado. “Com a experiência no Banco Postal, conhecíamos bem todas as praças do País e sabíamos onde seria interessante ter rede própria”, afirma. 
 
Além disso, o banco também precisava reforçar a distribuição nos Estados do Rio de Janeiro e de Pernambuco, onde arrematou as folhas de pagamento dos funcionários públicos. Apenas no segundo semestre de 2011, a instituição abriu 1.009 novas agências. Hoje, sua rede de distribuição é bem maior que a do rival Itaú Unibanco. Em junho, o Bradesco tinha 4.650 agências completas e 4.719 postos de atendimento, num total de 9.369 pontos. O concorrente contava com 4.714 pontos, dos quais 3.844 agências e 870 postos. “A expansão orgânica é uma alternativa para recuperar a participação de mercado num cenário de falta de grandes alvos para aquisição”, afirma o presidente da Austin Rating, Erivelto Rodrigues. 
 
“O banco está crescendo em ritmo acelerado e o novo porte da rede já está dando frutos”, diz ele.Os balanços do primeiro semestre mostram uma redução expressiva na diferença do Bradesco para o primeiro colocado, pelo critério de ativos totais. O Bradesco fechou o semestre com R$ 830 bilhões em ativos, enquanto o Itaú Unibanco tem R$ 888 bilhões. Todos os dias, oito mil contas-correntes são abertas no Bradesco, principalmente de clientes novatos nas agências bancárias. “A estratégia de crescimento orgânico é muito boa, pois o banco não enfrenta os problemas difíceis de resolver e comuns em instituições adquiridas”, afirma o consultor Alberto Borges Mathias, vice-diretor da FEA-USP de Ribeirão Preto (SP).
 
Jogo amistoso
 
Com 67 milhões de clientes, o Bradesco, como seus concorrentes privados, enfrenta um cenário de profunda transformação no ambiente bancário. Por um lado, é necessário controlar as perdas com inadimplência e procurar operações de crédito mais seguras. Por outro, é preciso responder à pressão do governo pela redução dos spreads nos empréstimos, materializada na concorrência agressiva dos bancos estatais, principalmente do BB e Caixa. Nesse ponto, o Bradesco tem um diferencial: com ótimo trânsito em Brasília, consegue firmar parcerias com os bancos públicos que resultam em reduções de custos. Com o BB, por exemplo, é sócio da bandeira de cartões Elo e compartilha a rede de caixas eletrônicos. 
 
“Essa capacidade de firmar parcerias permite reduções importantes de custos pelo Bradesco”, diz Mathias. O Bradesco foi um dos primeiros gigantes a acompanhar os cortes de juros iniciados pelo BB e pela Caixa. A desaceleração do crescimento econômico, ocorrida logo depois do investimento na expansão da rede, é vista com tranquilidade pelos executivos da Cidade de Deus. “As agruras do curto prazo não afetam nossa perspectiva de longo prazo”, afirma Trabuco, lembrando que o Bradesco atravessou várias recessões nas últimas décadas. O banco reduziu a projeção de aumento da carteira de crédito de 20% para 15% neste ano. 
 
Mas está otimista com a perspectiva de crescimento econômico, no segundo semestre, por conta do inédito juro real em 3% ao ano e da expectativa de investimentos para eliminar os gargalos na infraestrutura. “Foi assim que a China cresceu: não fez mágica, construiu estradas, aeroportos, ferrovias e hidrelétricas”, afirma Trabuco. O fôlego do Bradesco para enfrentar a maratona do ranking bancário é reforçado pela atuação do conglomerado na área de seguros. A venda de apólices cresce bem mais rapidamente que os empréstimos bancários. Presente em todos os ramos de seguros, o Bradesco arrecada 24,5% do total de prêmios no País. É líder na área de saúde, com uma participação de mercado de 47%. 
 
A seguradora responde por cerca de 30% da receita total do grupo, e sua participação vem aumentando ano a ano. As receitas do grupo Bradesco Seguros e da Bradesco Saúde cresceram mais de 20% nos primeiros seis meses do ano. A capilaridade da rede é ideal para distribuir microsseguros, que devem responder pelo maior crescimento do mercado nos próximos anos. Na área de saúde, uma das mais difíceis de operar devido à forte regulamentação da Agência Nacional de Saúde (ANS), a Bradesco é a principal operadora de planos coletivos (vendidos para empresas), com um número total de três milhões de segurados. 
 
Público amplo 
 
Num negócio cada vez mais massificado, é o investimento em tecnologia que garante a competitividade e a chance de alcançar o alto do pódio. Brandão vê o banco como um prestador de serviços, não importa qual seja a plataforma pela qual eles serão entregues. Do balcão de padarias e mercadinhos às telas de celulares e tablets, os princípios para atrair os clientes continuam os mesmos das últimas décadas: solidez que inspire confiança e qualidade dos serviços. No Exterior, o banco, como outros concorrentes brasileiros, está ganhando pontos com os investidores internacionais, em meio à derrocada de gigantes financeiros americanos e europeus. Em fevereiro, uma emissão de US$ 1,1 bilhão em bônus de dez anos esgotou-se em apenas duas horas. 
 
“A crise não é de liquidez, há recursos nos Estados Unidos, na Europa e na Ásia buscando rendimento”, afirma Trabuco. Brandão, que está no Bradesco desde sua fundação e esbanja ótima forma física e intelectual, não fala em aposentadoria. “Vou trabalhar até quando meus companheiros acharem que dá”, avisa. Ele acha que o banco agora está pronto para disparar, com o tamanho da rede adequado e os funcionários animados. Em sua visão, a carreira fechada, hoje pouco comum nas empresas brasileiras, é uma vantagem competitiva. Motiva os funcionários a trabalhar duro, de olho nas promoções que podem levar escriturários aos altos escalões, ao longo do tempo. “De fora, só quem veio com bancos que incorporamos,” brinca Brandão. “Aqui não tem paraquedista.” É verdade. Na Cidade de Deus, os esportes preferidos têm um ponto em comum: os pés no chão.
 
Agência high-tech
 
Imagine a seguinte cena: ao entrar em uma agência bancária, o cliente é recebido pelo gerente, que está ali para lhe prestar uma consultoria financeira. Mas, em vez de usar um computador comum, o profissional faz as projeções por meio de uma mesa multitouch conectada. Com um simples passar de dedos no tampo de vidro, o profissional faz simulações, baseadas na realidade econômica do correntista, de quanto tempo será necessário para a pessoa conseguir, por exemplo, comprar um imóvel ou se aposentar. Esse é apenas um dos recursos que estarão disponíveis numa agência high-tech que o Bradesco vai inaugurar, até o final do mês, no Shopping JK Iguatemi, em São Paulo. 
 
O banco, que sempre investiu pesado em tecnologia e lançou moda muitas vezes no setor, batizou o espaço de Bradesco Next. O ambiente funcionará como um local de experimentação de soluções interativas. “Trata-se de um espaço-conceito que mostrará como funcionam muitos dos serviços digitais que o banco já oferece”, afirma Cândido Leonelli, diretor-executivo do Bradesco. “Também será um local para estudarmos algumas inovações que poderão ser levadas para a rede de agências posteriormente.” Entre os recursos já disponíveis que o consumidor poderá experimentar – e baixar em seus aparelhos – estão os diversos aplicativos do Bradesco para smartphone e tablet. 
 
A explicação sobre os programas estará disponível em um painel interativo. “A ideia é que, de forma lúdica, o cliente fique informado sobre todos os recursos que pode utilizar”, afirma Luca Cavalcanti, diretor do departamento Bradesco Dia & Noite. No que se refere a novidades, o Bradesco Next também vai contar com um novo tipo de ATM, desenvolvido para o Bradesco por fornecedores da Escócia. Com design moderno, os caixas eletrônicos têm uma interface mais amigável, diferente dos equipamentos comuns. “Sua principal diferença é a usabilidade, que será parecida com a de um tablet”, afirma Leonelli. 

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