Perillo: o alvo que restou para o PT na CPI


Perillo: o alvo que restou para o PT na CPI

Depois de falhar na tentativa inicial de usar a investigação para influenciar o julgamento do mensalão, partido centra fogo no governador goiano

Gabriel Castro e Laryssa Borges
O governador de Goiás, Marconi Perillo
O governador de Goiás, Marconi Perillo, em evento oficial na última semana (Sebastião Nogueira/O Popular/AE)
O PT começou a CPI do Cachoeira com a intenção de usar as investigações para atingir a imprensa e o Ministério Público Federal às vésperas do julgamento do mensalão - além de dar o golpe final no senador Demóstenes Torres (sem partido-GO). A realidade se mostrou mais dura para o partido. Demóstenes caiu sem qualquer empurrão. O restante da estratégia recebeu críticas e, com exceção do folclórico senador Fernando Collor (PTB-AL), não entusiasmou os aliados.
Passados dois meses do início das investigações, o PT se dá por satisfeito em fazer o maior estrago possível ao governo do tucano Marconi Perillo, em Goiás. Foi o que sobrou de interessante para o partido em uma CPI que corre o risco de perder força antes de chegar a alguma descoberta relevante sobre os tentáculos da quadrilha de Carlinhos Cachoeira.
A nova estratégia do PT ficou mais evidente nos últimos dias. O relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG), tem direcionado as investigações para o governo de Goiás e elevado o tom contra Perillo ao mesmo tempo em que poupa o governo petista de Agnelo Queiroz, no Distrito  Federal, e tenta evitar a convocação de nomes que possam trazer o foco da CPI para o governo federal - como Fernando Cavendish, ex-diretor da Delta, e Luiz Antônio Pagot, ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).
Destempero - Nesta quinta-feira, Odair absolveu de antemão o ex-chefe de gabinete de Agnelo Queiroz, Cláudio Monteiro, que depôs à CPI porque é suspeito de receber propina da quadrilha: "Ao que tudo indica até o momento, todas as incursões da organização criminosa no governo do Distrito Federal não obtiveram sucesso”, disse o relator.
Dois dias antes, Odair disse abertamente que Marconi Perillo havia mentido diante da comissão de inquérito ao negar ter feito negócios com o contraventor Carlinhos Cachoeira. Odair afirma estar convencido de que o bicheiro comprou uma mansão de Perillo em Goiânia e que ambos camuflaram a transação. Nesta quinta, em Brasília, Marconi Perillo reagiu: acusou o deputado mineiro de atuar deliberadamente na CPI para constrangê-lo. “Odair Cunha tem de agir como relator isento. Não pode servir de cabo de chicote de ninguém”, disse.
As declarações de Odair chamam a atenção porque destoam do comedimento e da isenção normalmente adotados por relatores de CPIs. No caso Cachoeira, entretanto, a prioridade é outra: na semana que vem, a CPI retoma os depoimentos ouvindo mais figuras que podem causar estrago à figura de Marconi Perillo.
São aguardados o ex-presidente do Departamento de Trânsito (Detran) de Goiás, Edivaldo Cardoso, que intermediava junto ao governo o repasse de verbas para empresas ligadas a Cachoeira; o contador Rubmaier Ferreira de Carvalho, que atuava nas empresas-fantasmas Alberto&Pantoja e Adércio e Rafael Construções e Incorporações, e o responsável pela empresa de fachada Alberto&Pantoja.

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