O CAVALEIRO DA DESGRAÇA


O último Batman

Para marcar a despedida do Homem-Morcego, o novo filme da série caprichou na receita do sucesso: recrutou o vilão mais perigoso, colocou outra vez em cena a Mulher-Gato e concebeu uma Gotham City extremamente tenebrosa

Elaine Guerini, de Los Angeles
Assista ao trailer :
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À frente de uma das franquias mais bem-sucedidas de Hollywood, o diretor inglês Christopher Nolan lança na sexta-feira 20, nos EUA, o filme mais aguardado da série: “Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge”, superprodução de US$ 250 milhões que encerra, pelo menos por enquanto, as aventuras no cinema do Homem-Morcego. “Esse é o final de uma jornada, o que me deixa triste’’, disse o cineasta durante encontro com jornalistas em Los Angeles. “Estou trabalhando em filmes de Batman há quase dez anos. Não vou dizer adeus à equipe, pois são pessoas com as quais posso me encontrar novamente. 

Mas me despeço dos personagens, o que me deixa uma sensação ao mesmo tempo amarga e doce.” Conhecido por filmes-cabeça como “Amnésia”, “Insônia” e “A Origem”, o diretor elevou de patamar as aventuras de super-heróis, sempre associadas à mera diversão comercial. No último capítulo da trilogia que ele iniciou em 2005 (com estreia no Brasil no dia 27), Nolan promete ir mais longe, contrariando as expectativas de quem espera um óbvio desfecho ao personagem criado pelo desenhista Bob Kane: “Não queríamos concluir a franquia com um simples episódio de Batman. Queríamos uma história consistente, que significasse algo.”
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CIDADE AMEAÇADA
Batman (Christian Bale), o terrorista Bane (Tom Hardy) e a ladra
Mulher-Gato (Anne Hathaway): adversários na batalha final de Gotham City
Além de vislumbrar uma Gotham City ainda mais sombria que a habitual, Nolan trouxe de volta a Mulher-Gato (agora vivida por Anne Hathaway) e colocou em cena um vilão dos mais bárbaros para infernizar a vida de Bruce Wayne/Batman, interpretado por Christian Bale. “A escolha do inimigo foi muito importante, porque a ideia era colocar um adversário dotado de força bruta. Pela primeira vez, ele estará diante de alguém capaz de vencê-lo fisicamente”, disse Nolan, referindo-se ao personagem Bane. Vivido por Tom Hardy, o criminoso é um terrorista truculento que usa uma máscara de gás programada para liberar um tipo de anestésico – só assim consegue sobreviver à dor dos ferimentos causados em seu rosto anos atrás. Nos quadrinhos, é Bane quem deixa Batman paralítico, fraturando a coluna do herói. Dá para imaginar o que ele apronta no filme. O desfecho da trilogia retoma a história de Bruce Wayne/Batman oito anos depois do ponto em que o filme anterior parou. Mergulhado em um exílio voluntário por se culpar pela morte da sua ex-namorada e por ter assumido a responsabilidade pelo assassinato do promotor público da cidade, o bilionário veste novamente a capa e a máscara do super-herói diante das ameaças de Bane, que lidera uma revolta de classes em Gotham City. “Não considero o filme político, ainda que muitos o encarem assim. Se há ressonância com o mundo atual, ela se deve à forma verdadeira como construímos a história”, diz Nolan.

Essa ambivalência acompanha a conhecida dualidade do Cavaleiro das Trevas. “O que eu mais admiro nele é o fato de estar sempre no limite de se tornar o vilão da história”, afirma Christian Bale, que alinha o personagem entre os seus melhores trabalhos. “Batman representa um período muito importante na minha vida. Fico feliz por termos conseguido chegar ao terceiro filme, mas se Nolan diz que é o momento de dizer adeus, então a hora chegou”, diz o ator, fascinado com a faceta obscura do super-herói. Foi devido à visibilidade alcançada nas aventuras da série que ele conseguiu papéis como os de “O Vencedor”, pelo qual ganhou um Oscar de melhor coadjuvante no ano passado. O maior retorno, contudo, não vem dos prêmios, mas da bilheteria. Para os especialistas em números do mercado cinematográfico, “Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge” deverá repetir a façanha do título anterior, batendo a marca de US$ 1 bilhão no box office. É o que prevê Wendy Mitchell, editora da publicação especializada “Screen Interna­tional”: “Não será surpresa se ele receber uma indicação ao Oscar de melhor filme, algo raro para o gênero de super-herói.” Wendy acha, no entanto, que ainda que queira será difícil para a Warner retomar a franquia no futuro: “A trilogia de Nolan ficará por muito tempo viva na nossa memória. Será preciso talvez mais de uma década para que alguém se arrisque a dirigir um novo Batman.” 
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Fotos: Ron Phillips/DC Comics; Divulgação

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