Ex-general dissidente diz que Irã mente sobre programa nuclear


Ex-general dissidente diz que Irã mente sobre programa nuclear

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SAEED KHAMALI DEHGHAN
DO "GUARDIAN"
GuardianUm ex-general na poderosa Guarda Revolucionária iraniana acusou o líder supremo de seu país, o aiatolá Ali Khamenei, de ter as mãos manchadas de sangue pela brutal repressão contra a oposição no Irã, e descreveu as alegações governamentais de que o programa nuclear do país é completamente pacífico como "completa mentira".
Em carta ao renomado ativista oposicionista Mohammad Nourizad (publicada em farsi na internet), o ex-oficial oferece um raro vislumbre de dissidência política nas fileiras da força militar de elite que comanda o programa nuclear e responde pela segurança pessoal de Khamenei.
Identificado apenas por suas iniciais, o general afirma que ele e alguns colegas foram ameaçados de execução por deslealdade e, depois de uma série de cortes marciais secretas, demitidos da guarda "porque nos recusamos a participar das traições e crimes cometidos por nossos superiores".
"Escrevo esta carta a você para dizer ao nosso povo que continuam a existir muitos generais e membros do estado-maior da Guarda Revolucionária que se opõem a esses crimes e esperam a oportunidade de aderir à luta do povo", afirma a carta.
Falando ao "Guardian" por telefone de Teerã, Nourizad --que veiculou a carta do general em seu site-- disse estar convencido de sua autenticidade porque recebeu o texto pessoalmente do ex-general.
"Trata-se de uma das muitas cartas escritas por líderes conhecidos da Sepah (Guarda Revolucionária) que recebi. Recusei-me a publicar muitas delas porque temia que viessem a causar problemas de segurança", disse Nourizad.
A Guarda Revolucionária iraniana é uma força militar de elite distinta do Exército e que opera sob comando direto do líder supremo do país. O corpo foi fundado para proteger os valores revolucionários do país, mas seu envolvimento na política e nos negócios não para de crescer.
Depois das ferozmente contestadas eleições de 2009, dezenas de generais da Guarda Revolucionária e de líderes importantes da milícia voluntária Basij foram substituídos por se recusarem a empregar a violência contra manifestantes desarmados.
De acordo com o general, a ordem de disparar contra os manifestantes veio do topo. "Em 2009, o líder [Khamenei] perguntou a Rahim Safavi [antigo comandante em chefe da Guarda] se ele estaria preparado para atropelar pessoas com seus tanques de guerra caso elas saíssem às ruas em revolta. A resposta foi afirmativa, e o líder ordenou que ele o fizesse", escreve o general.
"Calaram-nos por anos afirmando que o líder desejava isso ou aquilo... Mas não podíamos mais manter o silêncio depois da carnificina posterior à eleição. Foi naquele momento que muitos se manifestaram ou simplesmente se recusaram a cumprir ordens", acrescenta a carta.
De acordo com o general, Khamenei também está pessoalmente envolvido nas restrições impostas ao líder oposicionista Mir Houssein Mousavi, que continua em prisão domiciliar e com pouco acesso ao mundo exterior.
"Como um líder supremo com as mãos manchadas de sangue pode estar perto de Deus?", ele indaga.
PROGRAMA NUCLEAR
O general também acusa Khamenei de mentir sobre o programa nuclear iraniano, que agora está sujeito a uma disputa internacional.
"Os inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) estão se iludindo se acreditam que as instalações nucleares de superfície e subterrâneas servem apenas a fins pacíficos", ele escreve. "O líder declarou [em uma fatwa] que o Irã tem apenas intenções pacíficas com suas atividades nucleares. Isso é uma completa mentira".
"Estamos envolvidos nessa aposta nuclear com o conhecimento do líder --é por isso que depositamos bilhões de dólares em contas bancárias da China e Rússia para obter o apoio desses países nas negociações internacionais, e assim possamos encontrar um caminho de escapar ao impasse", acrescenta.
Ativistas de oposição frequentemente acusam o governo iraniano de garantir o apoio política da China e Rússia por meio de contratos preferenciais de petróleo e outras oportunidades empresariais.
Em meio às severas sanções econômicas e à tensão crescente no Golfo Pérsico, o Irã vem ameaçando frequentemente bloquear o estreito de Ormuz, um gargalo marítimo vital pelo qual passa 20% do suprimento mundial de petróleo. Mas o general afirma que, em caso de hostilidades, as forças iranianas no golfo Pérsico não seriam capazes de resistir por mais de um dia.
O general acusa a Guarda Revolucionária de corrupção e envolvimento em contrabando e transferência ilegal de moedas estrangeiras. "Isso não é ridículo? O gabinete presidencial criou um departamento de combate ao contrabando mas ao mesmo tempo generais importantes da Guarda praticam contrabando abertamente nas ilhas de Qeshm, Ormuz e Abu Musa, no litoral sul", ele escreve.
"Toleramos as atividades econômicas da Guarda e seu envolvimento em contrabando com a desculpa de que está levantando fundos para bancar suas ideias revolucionárias".
Tradução de PAULO MIGLIACCI

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