Vinte anos e a luta do cacique Almir Suruí por suas terras continua


Vinte anos e a luta do cacique Almir Suruí por suas terras continua

“Mais 20, noves fora, zero. Duas décadas se passaram desde a Rio-92 ou Eco-92, a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento e a situação ambiental só piorou. “O balanço é negativo”, diz Achim Steiner, diretor executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Ou seja, menos 20.
Há duas décadas éramos 5,5 bilhões de habitantes. Hoje passamos a marca dos 7 bilhões. A população urbana e o consumo de bens e de energia cresceram em uma proporção ainda maior. “As emissões de carbono aceleraram e a pressão por recursos naturais, como terra e água, se intensificaram”, afirma Manish Bapna, presidente interino do World Resources Institute, de Washington, DC. “Ganhamos algumas batalhas ambientais, mas ainda estamos na direção errada”.
André Luiz dos Santos, mineiro de Ponte Nova, carrega uma cruz de 40 quilos para protestar contra os 20 anos de fracasso socioambiental.
Os dois parágrafos acima fazem parte de um artigo que a Edição Verde Online da ÉPOCA publica hoje. O tema parece bastante óbvio, assim como a conclusão: nosso futuro ambiental vai depender da atitude de cada um de nós.
Neste último mês, deixei minhas aventuras na África de lado para mergulhar de cabeça no mundo ambiental brasileiro. Há alguns dias, eu estava em Rondônia com o líder indígena Almir Suruí. A Terra Indígena Sete de Setembro do povo Suruí fica no final da Linha 11. Linhas, em Rondônia, são as estradas vicinais que saem, a cada dois ou quatro quilômetros, da rodovia principal. Como vértebras ou espinhas de peixes, estas estradinhas de terra batida desbravam as terras virgens, forjam o desenvolvimento de Rondônia e foram os canais responsáveis por um desmatamento sem igual.
A Linha 11, entretanto, acaba em uma área verde, fechada aos detonadores de florestas. Almir quer garantir que suas terras possam ser resguardadas para que seu povo possa usar os recursos. O cacique, dinâmico, descolado e sem timidez com o mundo dos cara-pálidos, criou uma parceria com Google em 2007 para mapear os valores culturais de seu povo. “Não quero usar a tecnologia apenas para denunciar a destruição da mata, quero mostrar soluções”.
Almir Suruí tem intimidade com a tecnologia moderna e quer usá-la para resguardar as tradições de seu povo.
Almir, fechando suas terras aos madeireiros e fomentando que tantas outras estejam fora do alcance da ilegalidade, teceu novas amizades, mas também gerou alguns inimigos. Os que viviam ilegalmente da madeira (um produto cujo preço não para de subir) resolveram regressar às soluções do século passado e passaram a ameaçar o cacique. “Meu nome entrou na lista do Programa de Proteção dos Direitos Humanos e o governo federal enviou uma escolta para minha proteção”, diz Almir. Soldados da Força Nacional seguem os passos do líder em Rondônia desde o dia 28 de maio e devem estar a seu lado por um mês.
Almir Suruí, na floresta do território indígena ou na cidade de Cacoal, anda escoltado pelos soldados da Força Nacional.
Almir está no Rio de Janeiro (imagino, sem a escolta) e participa de várias atividades da Rio+20, incluindo uma apresentação com Rebecca Moore, a cientista responsável pela parceria com Google Earth. São iniciativas como esta que fará que a qualidade de vida do povo Suruí possa melhorar.
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5 Comentáriospara “Vinte anos e a luta do cacique Almir Suruí por suas terras continua”

  1. Marcos Santilli:
    Queridos Haroldo e Almir. Conheço os Suruí há mais de 40 anos e acho a matéria e a atividade do Almir extraordinários. Um grito de esperança e… fotos maravilhosas e históricas. Parabéns a ambos.
  2. roberto cooper:
    Haroldo, A cada ano meu ceticismo aumenta. O curto prazo tem uma atração inacreditável e se comportar para um benefício no longo prazo, é muito difícil. Acredito que, se for para acontecer alguma mudança, teremos que educar nossos filhos de uma forma diferente, entre muitas outras coisas. Escrevi sobre isso no meu blog http://www.robertocooper.com . A preocupação com a escolha da escola e da profissão (futuro) é enorme. Já com a sobrevivência do ser humano na terra, mínima. Você é um desses comprometidos com o meio ambiente, muito antes de ser moda ou assunto divulgado. Admirável! Parabéns pelo engajamento prolongado. Abraço. Roberto
  3. Deu na Época : Vinte anos e a luta do cacique Almir Suruí por suas terras continua | Beto Bertagna a 24 quadros:
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  4. norma7:
    Senhores, (eu cheguei até aki via Beto Bertagna a 24 quadros) Eu olho a foto e o meu cerébro não decodifica. Parece aqueles desenhos que apresentamos às crianças p/que indique o que não “combina”, tipo jogo de erros. Cacique com escolta (armada com metralhadoras) em plena floresta? Sou invadida por uma impotência que chega a doer. Nada combina! Hoje eu repassei para alguns amigos, o abaixo,que reproduzo por identificar no seu espaço as qualidades citadas: Qt:
    “O planeta não precisa de mais ‘pessoas de sucesso’. O planeta precisa desesperadamente de mais pacificadores,curadores,restauradores, contadores de histórias e amantes de todo tipo. Precisa de pessoas que vivam bem nos seus lugares. Precisa de pessoas com coragem moral dispostas a aderir à luta para tornar o mundo habitável e humano, e essas qualidades têm pouco a ver com o sucesso tal como a nossa cultura o tem definido.” Fonte:Marcelo Tas
    (vou convidá-lo p/próxima maratona de Contadores de Histórias, no SESC/RJ – Pisc*) Fiquem bem, Norma :) * Unquote.
    O que me salva de um ceticismo (como falado p/comentário anterior)galopante são pessoas como vocês. Boa Sorte! Norma
  5. Mayara:
    Apesar do ceticismo e do desânimo que dá em constatar que mais uma vez não se consegue dar um passo na direção daquilo que é crucial para a sobrevivência do planeta e consequentemente da humanidade, eu quero acreditar como vc Haroldo diz tão bem que “nosso futuro ambiental vai depender da atitude de cada um de nós”, mesmo que sejam pequeninas ações que somadas a outras, possam se tornar agentes de uma transformação de fato. Aposto nisso! E obrigada por nos trazer a realidade dos fatos como esse líder indígena escoltado por soldados armados, seria cômico se não fosse trágico!

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