Parabéns Siqueira Campos. Mais pacientes morrem sem conseguir vaga em UTI



Parece brincadeira, mas o governador que foi eleito prometendo resolver todos os problemas e colocar no Tocantins nos “Eixos”, perde a cada dia mais as estribeiras, e o povo paga a conta. Enquanto Siqueira Campos e seus assessores viajam pela Europa, Ásia e América do Sul, mais uma morte no Hospital Geral de Palmas (HGP) ocasionada pela falta de vaga na Unidade de Terapia Intensa (UTI) do hospital. Wilson Cardoso dos Santos, de 34 anos, não resistiu à espera e faleceu na manhã de ontem. Essa foi a terceira morte em menos de dez dias. Zaqueu Nogueira Carvalho, de 45 anos, também morreu pelo mesmo motivo, na tarde da última quarta-feira. Em ambos os casos os pacientes vieram a óbito porque não conseguiram internação a tempo na unidade. Segundo o defensor público Marlon Costa Luz Amorim, os pacientes tiveram o pedido do laudo médico para internação na UTI negado pelos médicos do hospital.
O defensor declarou que, na última semana, familiares de quatro pacientes, incluindo a família da última vítima, procuraram a Defensoria Pública solicitando, cada uma, vaga na UTI. Segundo Amorim, dois pacientes conseguiram internação, mas os outros dois não obtiveram. “Se tivessem fornecido o documento, os pacientes poderiam ter sido internados e as mortes seriam evitadas. Amorim relata que os médicos alegaram que Wilson deveria solicitar o laudo médico, sendo que ele estava inconsciente (estado de coma). Para conseguir o documento, Amorim informou que a Defensoria entrou com uma ação na Justiça para obrigar a entrega da documentação que teria o prazo de vencimento ontem, mas que, infelizmente, o paciente não resistiu e morreu antes. Com o documento e sem haver vaga na UTI do HGP, os pacientes poderiam solicitar internação em outras unidades, até mesmo fora do Estado.
No último dia 6, a dona de casa Valderina Martins Tranqueira, 49 anos, também reclamou da falta de atendimento adequado no HGP e falta de leito na UTI para seu filho, Elbis Martins Tranqueira, 31 anos, que havia passado por uma cirurgia no pulmão. Na tarde daquele mesmo dia Elbis foi a óbito.
Representação
Em referência aos médicos que negaram os pedidos de laudo, o defensor informou que a Defensoria irá entrar com uma representação junto ao Conselho Regional de Medicina (CRM) alegando descumprimento do código de ética.
Sobre a vinda de equipes médicas oriundas de outros estados para realização de cirurgias no Tocantins, Amorim disse que uma equipe veio para a efetuação de oito cirurgias de embolização em pacientes vítimas de aneurisma cerebral. De acordo com ele, não existe o especialista em neurologia na saúde pública do Estado. “Os médicos somente vêm quando a cirurgia é urgente e como o Estado demora para trazer, os pacientes não resistem e falecem”, criticou.
Agravante
Funcionários do HGP denunciaram a situação de abandono vivida pelo HGP, como a falta de material limpeza, coletor de urina e caixas apropriadas para descarte de lixo hospitalar. Outros agravantes são a falta de limpeza e recolhimento regular no lixo na unidade de saúde pública. Na última sexta-feira, a UTI do HGP foi isolada, quando detectada possibilidade de foco de infecções ocasionado por bactérias.
Investigação
O secretário Estadual da Saúde, Nicolau Esteves, informou que já tomou conhecimento das mortes. “Eram pacientes que já estavam em estado extremamente graves. Todos os procedimentos serão investigados. Vamos abrir auditorias para verificar se houve realmente algum tipo de omissão”, explicou. Esteves ressaltou que a área de maior preocupação do Estado é a urgência e emergência. Segundo ele, levantamentos estão sendo feitos para encontrar alternativas para resolver os problemas enfrentados nessa área. Duas delas, conforme o secretário, é aumentar o número de leitos de UTI e melhorar o atendimento nas cidades vizinhas a Palmas, já que pacientes desses locais vêm buscar atendimento na Capital.
Laudos
Sobre os laudos negados e informados pela Defensoria, a direção do HGP, por meio de nota, disse que desconhece os pedidos de laudos negados, além disso destacou que todo e qualquer laudo solicitado é respondido. De acordo com a nota, não faltam profissionais para a realização de cirurgias na unidade, com exceção de um especialista em embolização endovascular, que vem de outro estado para a realização dos procedimentos.
Segundo a nota, um especialista esteve em Palmas realizando oito procedimentos em pacientes que aguardavam pelo atendimento, como foi dito pela Defensoria. A nota ainda declarou que a diretoria do hospital está realizando um levantamento do número de mortes na Unidade de Terapia Intensiva do HGP.

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