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"Não fui feliz", diz senador que reclamou de salário

Cyro Miranda, que é empresário e recebe mais de 26 mil por mês do Senado se retrata depois de dizer que sentia "pena" dos colegas que viviam só do salário

Gabriel Castro
O senador Cyro Miranda em Brasília
O senador Cyro Miranda em Brasília (Geraldo Magela/Agência Senado)
O senador Cyro Miranda (PSDB-GO), deixou nesta quarta-feira sua marca no anedotário político brasileiro. Depois que a Comissão de Assuntos Econômicos do Senado aprovou o fim do 14º e 15º salários para os parlamentares, ele resolveu dizer que tem "pena" dos colegas que vivem apenas com a remuneração de 26 700 reais – o que, segundo Miranda, rende menos de 20 000 reais líquidos. Ao site de VEJA, ele disse que se expressou mal. E aproveitou para defender uma proposta revolucionária: a extinção de todos os benefícios dos senadores, inclusive a verba destinada à contratação de assessores. Cada parlamentar receberia apenas uma cota de aproximadamente 40 000 reais por mês. Com esses recursos, teriam de custear tudo o que fosse necessário para a atividade no Congresso, incluindo passagens de avião, contas de telefone e o salário de funcionários do gabinete. O que restasse seriam os vencimentos mensais do parlamentar.
O senhor realmente tem pena de quem vive só com o salário de senador? Fui mal compreendido. Posso dizer que não fui muito feliz na maneira como me expressei. A minha proposta é que acabassem com todos os tipos de subsídios. Sempre fui contra. Venho da área empresarial e lá nós nunca tivemos esse tipo de auxílio. É descabido. O que quis colocar é o seguinte: que tirassem todos esses subsídios e dessem um bom salário para que o senador pudesse arcar com a assessoria que ele quer, da maneira que ele quer.
O senhor escolheu mal as palavras? A palavra "pena" foi muito mal colocada. Eu me penitencio. Teria pena se o senador tivesse que arcar, com os 19 000 reais de salário, com todos os auxílios a que ele tem direito. Mas sou contra qualquer tipo de subsídio. Que então se dê um salário para que o parlamentar contrate sua assessoria e faça a gestão do gabinete. E não ficar enchendo de pessoas. Somos obrigados a receber, por exemplo, sete funcionários da Casa em cada gabinete, além dos comissionados. Por que tudo isso? Era nesse sentido. Nós faríamos uma economia muito maior, de milhões e milhões de reais.
Então, no fim das contas, o senhor é contra os auxílios dados aos senadores? Sempre defendi isso. Aí se decidiria um salário que comportasse toda essa equipe que o Senado dá. Não precisaria ser um salário muito maior. Seria maior, mas nem perto do que hoje se gasta. Seria um valor único e o senador teria responsabilidade por esses penduricalhos – como veículos e viagens. Hoje, o parlamentar recebe coisas que não facilitam a vida dele. Tem excesso de pessoal. Não faz sentido. Gostaria que o Senado fosse uma empresa e tivesse eficiência, planejamento. Tem senadores que trabalham muito. Outros que não fazem tanta questão. Isso é da consciência de cada um. Eu trabalho 13 horas por dia e acho que saberia gerir muito melhor, com uma economia fantástica para o Senado, se fosse gestor de uma verba menor.
O salário do senador seria o que sobrasse do que ele gastou com as despesas? Seria o que sobrasse. Não haveria ingerência direta do Senado, a obrigação de ter que administrar um número X de funcionários. O parlamentar só teria base no estado dele se achasse conveniente. É evidente que, hoje, a verba de gabinete não é dele, é para pagar coisas que muitas vezes são inúteis.
E quanto seria esse valor do novo salário? Hoje, um senador custa mais de 100 mil reais por mês. Se somarmos todos os salários de pessoas concursadas nos gabinetes dá bem mais de 100 mil por mês. Com menos da metade daria para gerir tudo isso. Com 40 mil se custearia tudo. O custo de um senador não deveria passar disso. Não tem justificativa.

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