A MINHOCA DE DILMA

Crivella: "Colocar minhoca no anzol a gente aprende"

Escolha de novo titular da Pesca irritou partidos da base aliada; Dilma mandou recado: disse que precisa de 'coalizão forte' para poder governar

Luciana Marques
O novo ministro da Pesca, Marcelo Crivella, ao lado da presidente Dilma: “Deus qualifica os escolhidos” O novo ministro da Pesca, Marcelo Crivella, ao lado da presidente Dilma: “Deus qualifica os escolhidos” (Roberto Stuckert Filho/PR)
O novo ministro da Pesca, Marcelo Crivella (PRB), tomou posse nesta sexta-feira pedindo ajuda a Deus para cumprir o novo papel. Ele substitui o petista Luiz Sérgio, que voltará a ocupar uma cadeira da Câmara. A nomeação do ex-bispo da Igreja Universal do Reino de Deus demonstra o interesse da presidente Dilma Rousseff em aproximar seu governo dos evangélicos. “Deus qualifica os escolhidos. Peço a Deus que, na sua infinita bondade, me inspire”, afirmou o novo ministro, que citou passagens bíblicas em sua fala.
Crivella admitiu não ter capacidade técnica para assumir o cargo. “Não quero que a presidente fique triste por ter um ministro da pesca que não é bom de colocar minhoca no anzol”, disse. “Mas colocar minhoca no anzol a gente aprende rápido”. Dilma reagiu: “Sei de suas qualificações, apesar da modéstia do senador Crivella”, afirmou a presidente. “A gente aprende a colocar minhoca no anzol, o que é difícil é governar para todos os brasileiros e todas as brasileiras.”
O novo ministro fez um discurso com tintas dramáticas. “[Assumo o cargo] castigado pelas controvérsias e fraquezas da natureza humana, consciente do ódio e paixões da vida pública, do preço que se paga para conquistar os corações do povo”, afirmou. Ele lembrou a “simplicidade” de José Alencar, um dos fundadores do PRB e vice-presidente na gestão Lula, que morreu em março de 2011.
Recado – A presidente Dilma chorou ao agradecer o empenho de Luiz Sérgio, que deixa o posto. “Quero agradecer ao Luiz Sérgio: Obrigado, você foi e é um amigo e um parceiro e compreende um governo de natureza de coalizão”, disse a presidente.
A presidente aproveitou o ensejo para mandar um recado à base aliada. Disse que precisa de uma “coalizão forte” para poder administrar o país. “Um presidente, ao chegar ao governo, tem o dever constitucional de governar para todos, inclusive para aqueles que não votaram nele”, disse. “E ao mesmo tempo se apoia em uma coalizão de partidos, e isso não é contraditório.”
Dilma, a exemplo de Crivella, também citou Deus em seu discurso. “Essa ampla coalização deve, pode e, Graças a Deus, nos apoia nas mudanças que estamos promovendo no Brasil.”
O PRB não tinha cargo na Esplanada dos Ministérios até agora. Em ano eleitoral, a presidente achou conveniente agradar à legenda. Mas o gesto não agradou a todos. A insatisfação da base aumentou nos últimos dias e foi agravada com a chegada de Crivella ao governo.
A revolta é capitaneada pelo PMDB, que lançou um manifesto com críticas ao PT e ao governo. A principal acusação é de que o PT está criando um cenário hegemônico no país. Aliados dizem que estão sendo ameaçados pelo projeto de crescimento do PT em detrimento dos parceiros da aliança. Dilma chegou a recorrer ao seu padrinho político, o ex-presidente Lula, em busca de ajuda para solucionar o impasse.
Luiz Sérgio, que voltará a ocupar uma cadeira como deputado federal, disse que manterá apoio ao Planalto. “Na Câmara, continuo sendo governo da presidente Dilma Rousseff”, disse. Antes de assumir a Pesca, em junho, o petista comandou a Secretaria de Relações Institucionais (SRI) da Presidência da República. O órgão é responsável pela articulação política.
Pesquisas – Pouco antes da cerimônia, o ex-deputado Celso Russomanno (PRB) reafirmou o desejo de manter sua candidatura à prefeitura de São Paulo. “Do jeito que estou nas pesquisas é um suicídio não continuar”, disse. Russomanno tem cerca de 20% das intenções de voto de acordo com o último levantamento do Instituto Datafollha.
Russomanno negou estar sofrendo pressão do governo para apoiar o petista Fernando Haddad. Segundo ele, a indicação de Crivella é um compromisso de campanha da presidente Dilma Rousseff e não tem relação com a disputa na capital paulista. O ministro, aliás, fez um cumprimento especial a seu pré-candidato durante o discurso.
O ex-deputado não descartou, no entanto, eventual chapa com o PMDB. O deputado federal Gabriel Chalita é o pré-candidato da legenda. “Acredito que a gente possa compor uma chapa, mas o PRB pretende continuar com candidatura de pé”, disse.

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