Da roça para os arranha-céus
NEGÓCIOS
Nº edição: 750 |
Negócios |
16.FEV.12 - 20:41
| Atualizado em 17.02 - 13:47
Da roça para os arranha-céus
Conheça Francisco e Jean Graciola, os construtores catarinenses que planejam o prédio mais alto do Brasil.
Por Tatiana BAUTZER
O empresário Francisco Graciola lembra até hoje da metragem do
salão de barbearia que abriu aos 18 anos em Blumenau, no Vale do
Itajaí, em Santa Catarina, para escapar da vida dura da roça. No salão
alugado de dez metros quadrados, Graciola trabalhava como barbeiro
durante o dia e dormia à noite. Quarenta e um anos depois, as contas
ficaram mais difíceis para o dono da construtora FG Empreendimentos,
sediada em Camboriú, o maior balneário do litoral catarinense. Só o
filho mais velho Jean, 32 anos, que comanda a companhia, sabe exatamente
a dimensão das obras da empresa no litoral catarinense. Em tempo: são
330,5 mil metros quadrados em construção. A bem-sucedida família
Graciola não faz nenhuma questão de discrição.
Francisco Graciola: com 59 anos, o fundador da FG já trabalhou no campo, foi barbeiro e comerciante;
Jean graciola: o herdeiro de 32 anos abandonou a faculdade de administração e comanda a expansão da companhia.
O mais novo objetivo da FG, que deve faturar R$ 210 milhões neste ano
e emprega dois mil funcionários, é construir o prédio mais alto do
Brasil. Já aprovada pela prefeitura de Balneário Camboriú, conhecido
pelo paredão de prédios que cria sombra sobre a sua principal praia
durante as tardes, a torre Infinity Coast, de 66 andares, começa a ser
construída em agosto. Com quase 240 metros de altura, terá uso misto
entre residencial e comercial, com lojas e serviços no térreo. Cada
apartamento de alto padrão custará R$ 1,6 milhão. Como os outros prédios
da FG, o Infinity tem alguns toques de extravagância.Uma das marcas
registradas é o logotipo em destaque no prédio, além de esculturas de
dezenas de metros no topo dos edifícios, visíveis a quilômetros de
distância. O Infinity terá um obelisco.
Francisco Graciola: com 59 anos, o fundador da FG já trabalhou no campo, foi barbeiro e comerciante;
Jean graciola: o herdeiro de 32 anos abandonou a faculdade de administração e comanda a expansão da companhia.
Também são comuns nos residenciais da construtora piscinas com
quedas d’água próximas à entrada e detalhes em metal dourado. “Sinto
prazer em fazer coisas bonitas e diferentes”, diz Francisco Graciola.
Terceiro de 12 filhos de um plantador de arroz da área rural do
município de Gaspar, nos arredores de Blumenau, Graciola decidiu ainda
menino que queria trabalhar na cidade. De barbeiro, rapidamente
tornou-se comerciante, arrendando uma lanchonete vizinha. Em alguns anos
já era dono de uma rede de lanchonetes e padarias em Blumenau, e foi
atraindo aos poucos os irmãos para tocar os diferentes negócios.
Interessou-se por imóveis inicialmente para investir o que sobrava do
lucro do comércio. A primeira experiência na construção foi a de um “predinho” de quatro andares, com apartamentos para alugar.
Desde então, “seu Chico”, como é chamado pelos funcionários, não deixou mais a construção civil. Entre
seus empreendimentos estão dois hotéis, o Fazzenda Park Hotel, em sua
cidade natal, e o Vila Germânica, em Piratuba. A FG, criada há nove anos
para construir nos terrenos que haviam sido comprados por Graciola no
litoral, é a terceira incorporadora aberta pelo empresário. Nesse
período, Graciola surfou na euforia imobiliária de Camboriú, próxima ao
porto de Itajaí. Aproveitando a valorização do banco de terrenos, a
construtora focou em apartamentos de alto padrão, vendidos a empresários
e investidores de todo o País. “Um terreno que valia R$ 5 milhões há
cinco anos não sai por menos de R$ 30 milhões hoje”, diz Jean. O
herdeiro, que trabalha com o pai desde a adolescência e abandonou a
faculdade de administração de empresas, é um entusiasta dos prédios com
mais de 200 metros de altura.
Além do Infinity, a FG planeja um outro edifício ainda maior, de 80
andares, cujo projeto está em elaboração. Para pesquisar soluções de
arquitetura para esses empreendimentos, Jean e os arquitetos da
construtora já foram ao Panamá, a diversas cidades chinesas e a Dubai,
famosa pela edificação mais alta do planeta, o Burj Dubai, com 828
metros. Os prédios mais altos exigem técnicas de construção diferentes,
com fundações mais profundas e uso de concreto mais resistente, em
volumes bem maiores. Em meio à expectativa de uma maior exposição com os
residenciais gigantescos, Jean está iniciando um plano de expansão na
FG. A expectativa é elevar o faturamento em 35% anuais. Até agora, a
gestão das obras no nicho de alto padrão tem sido conservadora: a
empresa tem baixo endividamento e não vende praticamente nada de sua
carteira de recebíveis, hoje em R$ 550 milhões.
O financiamento dos clientes por prazos de até 150 meses é feito
com recursos próprios. A partir de agora, pretende começar a atuar no
maior e mais disputado mercado de imóveis para a classe média. Criou uma
nova marca, a Neo G, para construir apartamentos de até R$ 500 mil, e
pretende usar um pouco mais de crédito bancário. “Hoje, 90% dos clientes
são empresários e investidores, classe AA”, diz Jean Graciola.
“Queremos que a classe média chegue a 40% da carteira.” A FG também está
entrando no segmento de imóveis comerciais, buscando lucrar construindo
imóveis de alto padrão para sediar as maiores empresas da região. Um
segundo passo será a diversificação geográfica para outros polos de
Santa Catarina, como Joinville, e Cutitiba, a capital paranaense.
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