A ARTE DO ORIENTE SUPERA A EUROPA
ESTILO
Nº edição: 749 |
Estilo |
10.FEV.12 - 21:00
| Atualizado em 14.02 - 15:10
Arte made in China
Artistas chineses já superam, em vendas, mestres consagrados do Ocidente, como Pablo Picasso e Andy Warhol.
Por Bruna BORELLI
O que vale mais, um quadro do espanhol Pablo Picasso ou um do
chinês Zhang Daqian? Se respondeu Picasso, saiba que você está
redondamente equivocado. Nos últimos anos, a China, famosa por seus
produtos baratos e diversificados, tem se tornado referência também no
mundo da arte. Dos cinco artistas (todos mortos) que mais faturaram com
vendas de obras no ano passado, três são chineses, segundo dados da
Artprice, agência francesa de informações sobre arte. Até mesmo a
supremacia de Picasso foi derrubada. O ícone catalão, que reinou por uma
década no topo da lista dos artistas que mais vendem, foi superado por
Zhang Daqian.
Qi Baishi e Zhang Daqian: foram os artistas que mais faturaram com as vendas de pinturas no ano passado.
O quadro do tigre (à esq.), de Baishi, e a paisagem, de Daqian (à dir.), foram algumas
das obras de destaque dos artistas chineses leiloadas em 2011
Em 2011, o pintor chinês foi o que mais movimentou o mercado de
leilões de arte: US$ 529,2 milhões, vendendo em torno de US$ 214 milhões
a mais que o espanhol. Zhang não foi o único. Seu compatriota Qi Baish
foi outro a superar o autor de Guernica em números, faturando US$ 479,8
milhões. Em terceiro lugar está o americano Andy Warhol, com US$ 325,7
milhões. Picasso aparece somente na quarta colocação, seguido de outro
chinês, Xu Beihong, com US$ 221,8 milhões. O especialista Martin Bremond
afirma que a liderança dos chineses nas galerias se deve ao
fortalecimento econômico da Ásia, que hoje representa 43% do mercado
mundial de arte.
Qi Baishi e Zhang Daqian: foram os artistas que mais faturaram com as vendas de pinturas no ano passado.
O quadro do tigre (à esq.), de Baishi, e a paisagem, de Daqian (à dir.), foram algumas
das obras de destaque dos artistas chineses leiloadas em 2011
“As pessoas gostam de consumir a cultura local, os chineses, ainda
mais”, diz Bremond. No caso da China, a vantagem é que as obras de
Daqian e Baish, nomes relativamente desconhecidos no Ocidente, foram
feitas em um país em que há 146 bilionários e cerca de 400 mil
milionários, segundo a revista Forbes. “Quase todas as obras de Zhang
Daqian foram vendidas em leilões para clientes chineses”, diz Bremond.
Para Blagocjo Dimitrov, professor de artes plásticas da Escola
Panamericana, de São Paulo, esse predomínio já era esperado. “O
desenvolvimento da indústria chinesa aumentou a riqueza no país e,
assim, eles têm mais dinheiro para investir em cultura”, afirma
Dimitrov.
Flores e insetos: pinturas de Qi Baishi ainda podem ser encontradas na Sotheby's de Hong Kong.
Casas de leilões na China representaram 30% do mercado mundial de obras de arte em 2011.
É o segundo ano consecutivo em que a arte made in China ocupa o
topo da lista. Em 2009, os Estados Unidos eram líderes. Hoje, os
americanos aparecem na segunda colocação, com 25%, seguidos pelo Reino
Unido, com 20%. E, ao que tudo indica, o país mais populoso do mundo
quer mesmo entrar na briga para se tornar o centro mundial da cultura.
Entre os 100 maiores leilões realizados no ano passado, 30 aconteceram
em cidades chinesas, como Hong Kong, Pequim e Hangzhou. Os números da
Artprice deixam clara a evolução chinesa no cenário mundial de arte. No
continente asiático, só os compradores chineses movimentaram, no ano
passado, 41% do mercado de leilões – contra 34% em 2010.
Ou seja, dos US$ 11,5 bilhões obtidos com as vendas de
obras em todo o mundo, US$ 4,7 bilhões saíram dos bolsos dos novos ricos
da terra de Mao Tsé-tung. Tanto Daqian quanto Baishi são
considerados mestres da pintura tradicional chinesa. Zhang apresenta um
estilo variado, costumando retratar paisagens de seu país com bastante
frequência. Já Baishi demonstra uma preferência por animais e flores – e
eventualmente retratos de mulheres, como a Portrait of a Lady,
na foto abaixo. “Mas os dois possuem estilos semelhantes”, diz
Dimitrov, da Panamericana. Xu Beihong segue a mesma linha de seus
conterrâneos, dando preferência para pinturas de cavalos e pássaros.
“Esses artistas chineses ficaram conhecidos por ser os primeiros a
retratar, no início do século XX, a China moderna.”
Pablo Picasso: o valor das pinturas como a do autor de Guernica (à esq.), do mestre catalão, foram superadas por artistas
chineses pelo segundo ano consecutivo. Na
foto à dir., a obra Portrait of a Lady, de Xu Beihong, um dos cinco
maiores em faturamento.
O professor de artes plásticas afirma também que a valorização
cultural em torno das obras chinesas gerou uma supervalorização dos
preços das pinturas. Martin Bremond, da Artprice, confirma a informação.
“Em 2011, o valor médio das obras de Zhang ficou acima de US$ 158 mil,
mas alguns quadros em particular faturaram muito mais”, diz. É o caso de
Lotus e Patos (1947), arrematado no ano passado por US$ 21,8
milhões em um leilão da Sotheby’s Hong Kong. Segundo Bremond, Daqian não
está sozinho nesse cenário. “Todas as obras chinesas estão apresentando
aumento em seus valores.” Qi Baishi, por exemplo, faturou ainda mais:
US$ 57,2 milhões pelo quadro Águia em um pinheiro, também vendido no ano passado. É a China conquistando um mercado, até então, pouco explorado por ela.
ASSUNTOS RELACIONADOS
- arte chinesa
- Qi Baishi
- Martin Bremond
- andy warhol
- pintura tradicional chinesa
- evolução chinesa
- Artprice
- Pablo Picasso
- Xu Beihong
- Zhang Daqian
Multimídia
TAMBÉM NA ISTOÉ dinheiro
Por favor, preencha todos os campos abaixo para deixar seu comentário.
A Istoé Dinheiro pode utilizar este comentário para divulgação na revista impressa.
A Istoé Dinheiro pode utilizar este comentário para divulgação na revista impressa.
Comentários
Postar um comentário
TODOS OS COMENTÁRIOS SÃO BEM VINDOS.MAS SÃO DE INTEIRA RESPONSABILIDADE DE QUEM OS ESCREVE!