BANCADA JOVEM DO BRASIL


Discretas em 2011, jovens promessas têm política no DNA

Parlamentares com menos de 40 anos têm em comum um histórico familiar de ligação com partidos políticos. Disputa por espaço incomoda mais antigos

Gabriel Castro
O ano de 2011 marcou a estreia de algumas jovens promessas no cenário político nacional. Oriundos de legendas diversas, esses estreantes têm algo em comum: quase todos são herdeiros de clãs políticos. E, no primeiro ano de mandato, tiveram pouco espaço para se destacar. Embora alguns dos jovens líderes façam um balanço positivo de 2011, o fato é que eles precisam brigar por espaço com parlamentares mais antigos.
Além da idade, pesa contra esses parlamentares a pouca experiência nas casas legislativas. É raro que um parlamentar obtenha algum destaque já no primeiro mandato. Os personagens dessa reportagem não aparecem como grandes articuladores e têm um campo de influência limitado. Não há deputados federais com menos de 40 anos de idade em postos de destaque. Em 2011, eles tiveram um desempenho discreto: não aprovaram nenhum projeto, embora a maior parte dos colegas também não tenha tido sucesso nesse campo.
Presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Juventudade, Domingos Neto (PSB-CE) diz que o grupo não é só composto por jovens, mas sim por parlamentares que militam em defesa da juventude. "Conseguimos alguns resultados importantes, como a aprovação do Estatuto da Juventude", diz ele, optando por um discurso otimista ao analisar o desempenho do grupo em 2011. Aos 23 anos, Domingos Neto é um dos mais jovens da Câmara. E garante que a pouca idade não atrapalha a relação com os colegas.
Não é o que diz Gabriel Guimarães (PT-MG), de 28 anos. Ele admite que a briga por espaço incomoda os mais antigos: "Ninguém que entra quer ser um deputado de segunda categoria. Essa postura não é bem-aceita pelos parlamentares, mas os jovens querem o seu espaço", diz. A bancada jovem da Câmara tenta atuar de forma articulada para garantir seu lugar em comissões e nas relatorias de projetos importantes. Uma lição Gabriel já aprendeu: "O jogo solo na Câmara não funciona. Quem que vai resolver sozinho não consegue". 
Bruna Furlan (PSDB-SP), de 28 anos, é menos pessimista: diz que a idade e a pouca experiência não atrapalharam o primeiro ano de mandato. A jovem, que chama a atenção pela beleza nos corredores do Congresso, foi um dos nomes escolhidos para a vice-liderança tucana na Casa e apresentou onze projetos de lei. Assim como Bruna, a deputada distrital Celina Leão (PSD) é jovem, está no primeiro mandato, é apontada como musa e faz parte de uma oposição reduzida. Mas tem conseguido resultados.  "Eu percebi uma forma de preconceito. Tem parlamentar que chega para a gente e diz 'desacelera um pouco, você está indo com muita sede ao pote', conta a parlamentar, de 34 anos. Em poucos meses de mandato, Celina conseguiu se transformar na oposicionista mais atuante da Câmara Legislativa.
Política no sangue - O deputado federal José Antonio Reguffe (PDT-DF), por sua vez, obteve algum impacto na chegada à Câmara. No primeiro mandato federal, aos 39 anos de idade, ele fez o que havia prometido na campanha: cortou funcionários do gabinete, reduziu a verba indenizatória e apresentou projetos de defesa do consumidor. Mas ainda restam três anos de mandato a cumprir. E ele sabe que a tramitação das propostas é lenta: "A Câmara não votou projeto não só meu, mas de nenhum parlamentar. A Câmara só votou medidas provisórias", diz o pedetista, desiludido.
Para chegar ainda jovem a um cargo de destaque, a história familiar parece ser essencial. Gabriel Guimarães é filho de um ex-deputado federal. Bruna Furlan é filha do prefeito de Barueri. Reguffe é sobrinho de um ex-senador. Domingos Neto é filho do vice-governador do Ceará. Celina Leão é filha de uma ex-secretária estadual de Goiás. "É natural que um filho siga a profissão do pai", diz Bruna Furlan, minimizando a influência familiar em seu sucesso político. Mas a verdade é que, para os jovens sem sangue azul, o caminho da política é uma realidade distante.
Apesar das queixas dos estreantes a respeito do pouco espaço dado aos menos experientes, a Câmara Federal tem dado sinais de renovação. Marco Maia (PT-RS), presidente da Casa, tem 46 anos e é mais novo do que seus quatro últimos antecessores. Além disso, o próximo líder do PSDB na Casa deverá ser Bruno Araújo (PE), de 37 anos. E, claro, o tucano não foge à regra: é filho de um ex-deputado estadual de Pernambuco.

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