ÁSIA RESPONDE COM PODER E FORÇA AO NAUFRÁGIO DA VELHA EUROPA


Ásia responde com pujança ao naufrágio europeu

El País
Antonio Caño
Em Honolulu (EUA)
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  • Com a crise na Europa, o presidente dos EUA, Barack Obama, planeja fechar acordo comercial multinacional com Austrália, Nova Zelândia, Vietnã, Malásia, Singapura, Brunei, Chile e Peru
    Com a crise na Europa, o presidente dos EUA, Barack Obama, planeja fechar acordo comercial multinacional com Austrália, Nova Zelândia, Vietnã, Malásia, Singapura, Brunei, Chile e Peru
Exatamente no momento em que a Europa se debate em uma crise na qual está em jogo sua sobrevivência, outra região do mundo, a da Ásia-Pacífico, se reúne no Havaí para corroborar que está disposta a sucedê-la. Reduções tarifárias de produtos de futuro, ambiciosos acordos comerciais multilaterais e uma gama de investimentos do setor privado deverão ser os resultados da cúpula da organização Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec na sigla em inglês), que começa hoje.
"Nos próximos dez anos", disse a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, pouco antes de chegar a Honolulu, "precisamos ser inteligentes e sistemáticos sobre onde investimos tempo e energia para sustentar melhor nossa liderança. Um dos principais objetivos dos EUA nesta década será o de um investimento substancialmente maior, tanto estratégico quanto diplomático, econômico e de outros tipos, na Ásia-Pacífico."
Barack Obama quer fechar um acordo comercial multinacional com Austrália, Nova Zelândia, Vietnã, Malásia, Singapura, Brunei, Chile e Peru. Caso ingresse o Japão, cujo governo manifestou sua vontade de fazê-lo imediatamente, a aliança transpacífica será o maior âmbito de livre comércio do mundo e sem dúvida o maior sucesso do presidente americano nessa matéria. "Na Apec vamos levar o comércio às fases seguintes", afirmou o conselheiro adjunto de Segurança Nacional, Ben Rhodes. Com essa aliança os EUA confiam em duplicar suas exportações de 2009 até 2015.
Embora a China veja com certa reticência o acordo, que foi pensado indubitavelmente como contrapeso econômico e político ao poder que essa nação vai ganhando na Ásia, em última instância o aceita de bom grado porque entende as vantagens que traz para seu próprio comércio e não descarta a possibilidade de aderir no futuro. "Acompanhamos de perto os acontecimentos", comentou um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês.
Não existe por enquanto uma reunião mais funcional e orientada para os negócios do que esta cúpula da Apec. Os 21 países que a formam representam 60% de todas as receitas mundiais e mais de 40% de toda a população da Terra, cerca de 3 bilhões de pessoas que se transformam velozmente em consumidores graças a economias de alto crescimento e que não chegam a 7% de desemprego em média.
Trata-se da zona mais atraente para o investimento porque combina o dinamismo tradicional dos tigres asiáticos com a potência financeira da China e Rússia e a vitalidade renovada de pumas americanos como Chile, Peru e México. Por esse motivo, muitos outros países da bacia do Pacífico estão batendo às portas da organização, entre eles todos os da América Latina e inclusive outros que não dão para o Pacífico, como a Índia, que já participa como observador desta cúpula e que será admitida quando a China, sua rival tradicional, levantar seu veto. O Panamá também confia em aderir proximamente.
A virada da América Latina para a Ásia é ostensiva há anos e vai se intensificando com o passar do tempo. A China já é o primeiro parceiro comercial do Brasil e compete com os EUA, o líder tradicional da região, em vários outros países. Mas o investimento chinês está muito limitado às matérias-primas e às compras de caráter estratégico e político, como as que realiza na Venezuela. A América Latina precisa de outros mercados asiáticos mais abertos que o chinês e de acordos comerciais que lhe permitam levar seus produtos, e não só suas matérias-primas, aos consumidores asiáticos. A Apec poderá cumprir essa função.
Para isso é necessário primeiro que a organização persista em sua função liberalizadora. Desde o nascimento da Apec, em 1989, as tarifas alfandegárias da região foram reduzidas aproximadamente à metade. Mas ainda restam muitas barreiras comerciais e medidas protecionistas, particularmente na China. Os EUA querem aproveitar esta cúpula para avançar em um dos aspectos mais interessantes desse capítulo, o das energias alternativas. Esta cúpula decidirá a redução - não se sabe quanto, porque a China prefere fazê-lo de forma moderada - das tarifas que afetam produtos ecológicos, como lâmpadas de baixo consumo, materiais para a limpeza do ar e coisas semelhantes. É um assunto importante porque o crescimento da Ásia está sendo feito até agora com um alto custo ambiental e se pretende corrigir aqui essa tendência e, de passagem, criar novos mercados para novos produtos.
Mercados e produtos são as palavras mais frequentes nesta reunião. Alternando com a cúpula de presidentes se realiza uma reunião de empresários, especialistas econômicos e dirigentes de organismos internacionais que tratam de coordenar os mecanismos para facilitar o investimento. Há mais de uma centena dos mais altos executivos das principais empresas do mundo, entre elas Boeing, Google, Caterpillar, Johnson & Johnson e muitos outras. Não trabalham por sua conta. De acordo com o formato da cúpula, os chefes de Estado que quiserem fazê-lo participam da reunião de empresários e apresentam as oportunidades que seu país oferece.
Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves

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