O DRAGÃO PISA NO ACELERADOR

O dragão pisa no acelerador

A China transformou-se em um dos maiores produtores de automóveis do planeta e agora prepara-se para entrar na era dos carros limpos. isso está mudando a face do país mais populoso da Terra. E também da indústria mundial

Por Fernando Valeika de Barros, de Pequim • Ilustrações Sattu
Ilustração Sattu
Desde que Karl Benz inventou o primeiro veículo com motor movido a petróleo, isso lá se vão 124 anos, nunca na história do automóvel viu-se algo parecido com o que está acontecendo na China. Há um salto gigante no número de carros que saem de suas montadoras. Em 2009, as fábricas chinesas produziram 9,2 milhões de carros (incluindo caminhões e ônibus, o número sobe para 13,7 milhões). Trata-se de uma marca 48% maior do que a produção do ano anterior. Há duas décadas, veículos produzidos no país mal somavam 5,5 milhões de unidades a cada doze meses. Desde então, a frota nas ruas e estradas chinesas multiplicou-se por sete. Parece muito? Pois a julgar pelas vendas do primeiro semestre deste ano, o total de veículos novos entregues às concessionárias em 2010 deverá girar em torno de 16 milhões de unidades. E vertiginosos 25 milhões em 2015. Só nas duas maiores cidades chinesas, Pequim e Xangai, entram em circulação cerca de mil automóveis por dia. O resultado dessa virada em direção aos automóveis é que hoje, das dez metrópoles mais poluídas no planeta, nove ficam na China.
Para incentivar o uso de automóveis mais limpos, em junho o governo chinês decidiu abrir a carteira. Em 13 cidades do país – Pequim e Xangai incluídas – foi criado um subsídio de pouco mais de R$ 15 mil para quem comprar carros elétricos ou híbridos. Até o final do ano que vem, a meta é produzir meio milhão destes veículos movidos a bateria. Duas vezes mais do que deverá circular nos Estados Unidos. E isso é só o começo. Praticamente todos os fabricantes que se instalaram na China correm para produzir carros verdes, de olho em um potencial de crescimento vasto. Com uma poupança interna estimada em US$ 7,2 trilhões, no início de maio, o país mais populoso do mundo ainda tem um volume de carros per capita modesto. Apenas 80 pessoas em mil possuem um automóvel. No Brasil, há um veículo para cada quatro habitantes. Oito em dez, nos Estados Unidos. “A eletrificação dos carros acontecerá muito antes do que as pessoas imaginam”, disse a Época NEGÓCIOS Henry Li, diretor de exportações da montadora BYD. “Por causa da poluição nas nossas grandes cidades e do preço do petróleo, cada vez mais alto para um país que consome 3,4 milhões de barris por dia, automóveis movidos com energia limpa tornaram-se uma oportunidade para ontem.”
Ainda há questões a serem resolvidas para que isso aconteça no curto prazo. É preciso criar uma infraestrutura com estações de recarga. Inclua-se nessa conta o custo das baterias, que ainda é elevado. Existe o problema da própria geração de energia que, na China, vem em boa parte do poluente carvão. Não por acaso, a BYD está construindo uma nova fábrica para baterias na província de Shaanxi que será movida a energia solar. “A China está investindo bilhões nessa nova tecnologia e pode acabar liderando a mudança para carros elétricos em todo o planeta”, diz Nick Reilly, presidente da General Motors na Europa.
Um exemplo de como China e eletrificação dos automóveis são coisa séria foi a parceria firmada em março deste ano entre a alemã Daimler-Benz e a chinesa BYD. “É um acordo entre companhias complementares”, diz Wang Chuanfu, presidente da montadora chinesa. “Aprenderemos a fazer carros melhores com eles e, em troca, daremos a tecnologia que permitirá massificar carros movidos a baterias”, diz Chuanfu. A meta será fazer um carro compacto e não poluente. Desconhecida há uma década, a BYD chamou a atenção de uma raposa do mundo das finanças: o americano Warren Buffett. Chuanfu foi definido por Charlie Munger, conselheiro de Buffett, como “uma combinação de Thomas Edison com Jack Welch, o ex-presidente mundial da General Electric”. Como Edison, o chinês seria um gênio para resolver problemas técnicos. De Welch, teria a mesma capacidade para fazer as coisas acontecerem.
Diante de tais credenciais, Buffett despachou outro parceiro, David Sokol, para encontrar-se com o chinês com óculos de aro de metal. Ele colocou US$ 230 milhões na mesa e levou quase 10% das ações da BYD. As ambições de Chuanfu são enormes. Em 2025 quer, simplesmente, que a BYD seja a maior montadora global. Como cartões de visita, apresenta o híbrido F3DM, que roda 100 quilômetros com bateria, e o e6, 100% elétrico, com autonomia de 320 quilômetros. São os primeiros modelos com energia limpa desenvolvidos por sua marca. Com os incentivos do governo, os chineses poderão levar um F3DM para casa por R$ 23,2 mil, preço na China de um automóvel médio. Com a qualidade de um Mercedes compacto e preço bem menor, dá para ver qual é o horizonte que a BYD está mirando.
Ilustração Sattu
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