Jair Bolsonaro: "Chico, Caetano e Gil estão defendendo minha tese"

Jair Bolsonaro: "Chico, Caetano e Gil estão defendendo minha tese"

O expoente mais barulhento da direita no Congresso saúda o apoio de artistas perseguidos pelo regime militar ao projeto que proíbe biografias não autorizadas

LEONEL ROCHA
18/10/2013 21h03 - Atualizado em 18/10/2013 23h36
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PROCURE SABER O deputado Jair Bolsonaro na Câmara. “Há problemas que não gostaria que fossem revelados pela minha ex-mulher, mesmo sendo verdadeiros” (Foto: Igo Estrela/ÉPOCA)
Poucos são tão radicais na política brasileira quanto o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ). Mais raros ainda os que, como ele, assumem posições de direita. No Congresso, ninguém faz sombra a Bolsonaro. Ex-capitão do Exército, ele defende não só o regime militar, como os acusados de comandar torturas. Cita a presidente Dilma Rousseff como responsável por atos violentos nos anos 1970. Está também no centro dos debates para punir a homofobia – do lado contrário, claro. Na semana passada, passou a liderar os deputados que pretendem aprovar uma lei proibindo a publicação de biografias não autorizadas. A mesma tese que defendem Chico Buarque, Caetano Veloso e Gilberto Gil. 
ÉPOCA – Como o senhor se sente defendendo a mesma tese que Chico Buarque, Gilberto Gil e Caetano Veloso?
Jair Bolsonaro –
São eles que estão defendendo minha tese. Dou-lhes boas-vindas em nome do clube dos sensatos. Até concordo com Chico Buarque, Caetano Veloso e Gilberto Gil que é preciso alguma censura. Aproveitarei a oportunidade para mostrar a eles que regras e proibições não atentam contra a democracia. Não é bem assim que a banda toca quando se defende a tese do “é proibido proibir”, como eles pregavam quando estavam na oposição. Uma censura se faz necessária de vez em quando. Se não houver certa censura na escola, imagine o futuro da molecada. Tem de ter. Chico, Caetano e Gil tinham liberdade para fazer oposição. Se não tivessem, teriam ido para o paredão. Não foram. Só não posso nem dizer que estou feliz na companhia deles. Fico feliz de estar, sim, ao lado de Roberto Carlos.
>> Não era proibido proibir?
>> Bolsonaro distribui gracejo homofóbico
ÉPOCA – O senhor entende por que eles mudaram de opinião?
Bolsonaro –
Foi o mesmo fenômeno que aconteceu com o PT. Antes, o PT defendia as minorias. Hoje, minorias, como os indígenas, prejudicam projetos deles, como a construção da usina de Belo Monte. Outras minorias, como os baderneiros black bloc, prejudicam o bom debate democrático. Para ficar como a esquerda era no passado, só falta a esse pessoal pegar em armas. Não vemos nenhuma palavra da presidente Dilma Rousseff a esse respeito. Por quê? Não tem moral para falar a respeito disso porque ela fez pior: fez escola.
>> Danilo Venticinque: O que será do mundo sem uma biografia de Caetano Veloso?

ÉPOCA – Não é estranho que pessoas que aparentemente pensam tão diferente umas das outras, como o senhor e os artistas, defendam a mesma tese?
Bolsonaro –
Esporadicamente posso estar ao lado de quem sempre discordo. Posso torcer para seu time porque estou interessado na derrota de outro adversário. Eles podem estar constrangidos em estar a meu lado. Fico chateado, constrangido não.
>> Ruth de Aquino: É proibido proibir?
ÉPOCA – Por que o senhor é contra a publicação de biografias não autorizadas?
Bolsonaro –
Defendo a liberdade de expressão e também o direito à privacidade. Se a Justiça fosse rápida, até defenderia a liberdade total de publicação e a punição financeira de quem comete abusos. Mas, depois que o texto sai, a Justiça demora anos para reparar erros. Quando isso acontece, raramente a compensação financeira cobre a perda moral causada pelos livros.
ÉPOCA – A contribuição das biografias para a história não é maior do que essa polêmica?
Bolsonaro –
Depende. Os que farão as biografias serão do mesmo estilo dos que compõem a tal da Comissão da Verdade? Serão parciais que buscam apenas o sensacionalismo? E mais: a imprensa já não publicou tudo sobre a vida dessas personalidades? O que um biógrafo teria no bolso para apresentar como “furo”? Acho que nada.
>> Bolsonaro provoca tumulto em visita de Comissão da Verdade a quartel
ÉPOCA – O senhor não lê biografias?
Bolsonaro –
Não. Tenho pouco tempo. Minha leitura é a internet e os jornais.
ÉPOCA – Não tem nenhuma personalidade cuja biografia o senhor gostaria de ler?
Bolsonaro –
A da Dilma Rousseff, feita com testemunhas e sem falar da vida particular dela. Gostaria de saber se a presidente estava na operação da VPR (Vanguarda Popular Revolucionária) que explodiu um carro-bomba num quartel de São Paulo e matou o soldado Mário Kozel Filho. Qual o sentimento dela em relação aos familiares do Mário Kozel, que foram indenizados com um salário mínimo? Se alguém for ao Superior Tribunal Militar e publicar o processo a que Dilma respondeu quando era da luta armada, não tem nada de mais. São fatos, é história.
"Alguém pode escrever
um absurdo sobre mim
para tentar me desqualificar"
ÉPOCA – Então, qual é o problema?
Bolsonaro –
Minha preocupação é que, num livro, fatos inverídicos sejam tidos como verdadeiros. A Comissão da Verdade pretende fazer uma biografia da história. Todos os seus sete componentes foram indicados pela presidente Dilma. Lá, não há um historiador sequer. Tem três advogados. Eles têm compromisso com o cliente, com quem paga. No caso, o governo. Como posso acreditar em biografias quando a Comissão da Verdade está tentando escrever sobre o passado, sem um só historiador na comissão? Perde o crédito. É uma comissão que faz populismo e desgasta uma classe importante para qualquer país, os militares. Quer vergar a coluna dessa instituição com mentiras e seguir avante com o plano bolivariano do atual governo. A Comissão da Verdade fará um relatório dizendo que, em 1964, houve um golpe. Omitirão que Castelo Branco foi eleito por 361 deputados, entre eles Ulysses Guimarães, José Sarney e Juscelino Kubitschek. Será uma biografia mentirosa do regime militar.
ÉPOCA – Políticos corruptos serão beneficiados se forem publicadas apenas biografias autorizadas?
Bolsonaro –
Concordo que há certos homens públicos sobre quem ninguém leria uma biografia autorizada. O livro encalharia.
ÉPOCA – Por que obrigar a autorização prévia, então?
Bolsonaro –
Porque existem “historiadores mineradores”, que só querem arrancar dinheiro do biografado. Um biógrafo que queira contar a vida do empresário Eike Batista pode tentar tirar dinheiro dele. No meu caso, alguém pode escrever o maior absurdo para tentar me desqualificar. É o que acontece a conta-gotas na imprensa. Sou chamado de racista, e tenho um sogro quase “negão”. Isso me dói. Sou chamado de homofóbico porque descobri o “kit gay” que o governo queria distribuir nas escolas. Depois, a própria Dilma considerou inadequado. Palmas para Dilma. Não quer dizer que estou afinado com ela. Dilma recuou por pressão da bancada evangélica, não por minha causa. Eu estava no esculacho. Não tinha mais argumentos sérios para convencer o governo.
ÉPOCA – Os aspectos pessoais não são importantes para entender suas posições políticas?
Bolsonaro –
Confesso que influenciaram. Mas não gostaria de ver publicados, porque mexem com coisas que podem tirar o brilho de minha carreira. Muita gente pode achar que minha carreira é a maior porcaria do mundo. Sou feliz em ser deputado. Tenho uma coisa que poucos têm: liberdade.
ÉPOCA – O senhor não teme que biografias de líderes da ditadura manchem a imagem do segmento que o senhor defende?
Bolsonaro –
Não. O que os militares temem é a mentira. Os coronéis Brilhante Ustra e Licio Maciel (acusados de participar de sessões de tortura) são injustiçados. Na Segunda Guerra Mundial, os alemães preferiam se entregar aos soldados brasileiros porque eram tratados com dignidade. Nós tratamos os guerrilheiros com dignidade. Houve excessos, mas essa não era a regra.
ÉPOCA – A possibilidade de escrever uma biografia livre não é importante para esclarecer eleitores e a sociedade em geral?
Bolsonaro –
Duvido que alguém seja contra contar a história de sua vida. A minha, por exemplo, é uma. A quem interessará, não sei. Quem sabe daqui a alguns anos? O que temo é a revelação das particularidades da vida privada. O direito à privacidade está garantido na Constituição. No meu caso, já falei muita besteira na Câmara, exagero muitas vezes, e um biógrafo pode interpretar da maneira que bem entender. O problema começa quando o biógrafo possa inferir sobre minha vida. Estou casado há cinco anos com uma funcionária da Casa. Logo depois, veio a lei que proíbe o nepotismo. Eu já estava casado. Apesar disso, demiti minha mulher para não ser acusado de não cumprir a lei. Um biógrafo poderia retratar meu caso como nepotismo.
ÉPOCA – Tem mais alguma história sua que o senhor gostaria que não fosse publicada?
Bolsonaro –
Minha primeira separação. Há problemas que não gostaria que fossem revelados pela minha ex-mulher, mesmo sendo verdadeiros. A intimidade tem de ser respeitada. As pessoas julgam os outros em razão da intimidade revelada.
ÉPOCA – Como o senhor avalia a ação da polícia no Rio e nas outras cidades?
Bolsonaro –
Foi nota 10 na semana passada, com a prisão de um grupo grande de baderneiros. Eles não são trabalhadores nem estudantes. São marginais que queimam carros. Tem sido bom, porque a polícia começa a fichar e a instaurar processos para que não sejam réus primários no futuro. A repressão está até branda com esses marginais.

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comentários

  • Fernando Fonseca 21 horas atrás
    "ÉPOCA – Tem mais alguma história sua que o senhor gostaria que não fosse publicada? Bolsonaro – Minha primeira separação. Há problemas que não gostaria que fossem revelados pela minha ex-mulher, mesmo sendo verdadeiros. A intimidade tem de ser respeitada. As pessoas julgam os outros em razão da intimidade revelada." Como assim Bial? Tua ex-mulher te pegou brincando se submarino com seu jovem colega de farda??? Se não for isto o que poderia ser tão grave ??
  • Guilherme Hudson 3 dias atrás
    Bolsonaro está certo. O mundo está cheio de oportunistas querendo se dar bem as custas dos outros. Biografia só autorizada. Para os vândalos que só prestam para descaracterizar as legítimas manifestações populares, porrada e cadeia.
  • Jose Oliveira 5 dias atrás
    Parabens Deputado, por ter a coragem de dizer a verdade, e nâo ficar escondido como a maioria dos parlamentares.
  • Geraldo Berolla 6 dias atrás
    Digam o que quiserem...espernein,sapateim,urrem,mas que o cara é macho ,isso é.Tem ideia exata do está acontecendo nesse curral de bosta que virou esse país.Percebe se que é um homem de bem.O Brasil está precisando de mais homens como ele ...eu voto nele!!!!!
  • Saulo Oliveira 6 dias atrás
    Este pessoal que hoje está no poder, queriam isto faz muito tempo. E o que eles querem é se dar bem. O inácio disse que nunca ia usar terno. Até que resistiu um pouco, mas dempois soltou a franga e só usa armani. E o aeroin´qacio então. O cara gosta de coisa boa e com dinheiro dos outros. Não conheço nenhum militar que enriqueceu às custas do povo brasileiro.
  • Fagner Santos 6 dias atrás
    Grande Bolsonaro,,tocando na ferida..nessa comissao da verdade a 1ªpessoa que deveria depor era dona Dilma que queria impor comunismo a guela abaixo na politica brasileira
  • Danilo Silva 6 dias atrás
    Quem é contra ser biografado é porque tem o rabo muito preso ou o rabo muito solto!
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  • Ivone Santos 6 dias atrás
    NÃO PRECISAMOS DE PESSOAS ARROGANTES,PREPOTENTES QUE CERCEAM AS LIBERDADES INDIVIDUAIS.
  • Orivaldo Filho 6 dias atrás
    Credo, ter a mesma opinião que um fascista como esse individuo é terrível. E, como esse cara apóia, sei que não é coisa boa. Ainda tenho como regra na minha vida que é proibido proibir qualquer coisa. Não deve existir nada proibido para pessoas adultas.
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  • Sergio Dias 6 dias atrás
    Bolsonaro, vc representa o cocõ do meu cachorro.,..
  • Antonio Ferreira 6 dias atrás
    Por acaso Bolsonaro tem alguma tese? Tese no sentido estrito da palavra, o que ele tem é um monte de idéias preconceituosas e antidemocráticas.
  • Sergio Dias 6 dias atrás
    Bolsonaro, vc representa o cocõ do meu cachorro...coitado do totó, saiu até correndo com medo, vai ter uma prisão de ventre eterna...
  • Zilbernik Teodoro 6 dias atrás
    Parabéns pela coragem e atitude Bolsonaro.
  • Rodrigo 7 dias atrás
    O mais triste é ver a quantidade de insipientes que acreditam que Dilma e cia lutavam por democracia.......eles queriam o comunismo a todo custo no Brasil e é isso que quer ser omitido. Comissão da VERDADE??? Com todos os membros escolhidos por um lado só da moeda??? Dilma quem não deve não teme, deixe a história verdadeira vir a tona, o povo tem o direito de saber. QUEM NÃO DEVE NÃO TEME. Lula ficou 30 dias preso (confessou que foi bem tratado) e recebe um auxílio de 5 mil reais por isso. Fora PT e sua corja de aproveitadores.
  • Saulo Oliveira 7 dias atrás
    O Exército Brasileiro errou feio. O exército argentino acertou em cheio. Lá os que queriam o poder para se dar bem na vida, sucumbiram. Foram 30 mil pras cucuias. Aqui foram apenas 30 e todos estão ocupando os maiores cargos do país. E ainda temos que ficar pagando indenização pra eles. A Norma Benguel recebia R$ 3.960,00. Voces sabiam disso?
  • Leonardo Barbosa 7 dias atrás
    bolsonaro presidente
  • Deividi Santos 7 dias atrás
    fico muiiito feliz por existir pessoas igual ao bolsonaro, são estas que ainda me fazem acreditar que o brasil pode se tornar um pais melhor !!!!! e essa historia de que é proibido proibir é tudo mentira que ver uma pessoa pensar assim quando o filho estiver se afundando na cocaína se ela vai pensar assim !!!!
  • Jefferson Espindola 7 dias atrás
    Bosonaro. Parabens pela sinceridade e seriedade com que trata a coisa publica. A maioria dos politicos so se interessa pela politicagem. Nao se importam com o que é correto. O senhor me representa.
  • Ronaldo Ramos 1 semana atrás
    parabéns pela sinceridade, você representa minha família.
  • Guilherme Senna 1 semana atrás
    Apesar dos defensores do populismo e desse pseudocomunismo que nunca existiu, apenas na cabeça de muito filhinho de papai, tentar desqualiicá-lo, Bolsonaro é o exemplo perfeito de político, que tem uma posição coerente, que pode não agradar a maioria, mas é fiel aos seus ideais e não se vende por um cargo, um apoio em campanha ou uma maleta de dinheiro. Parabéns, Bolsonaro! Muitos anos de luta ainda!

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