GOVERNADOR SIQUEIRA VAI SE AFOGAR NA CACHOEIRA


27/05/12 15h0227/05/12 15h14

Governista apresenta requerimento que pede convocação de Siqueira Campos; probabilidade é que pedido seja aprovado na terça

Estratégia é tentar poupar governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, mas setores do PT já admitem deixá-lo à própria sorte se a oposição ameaçar paralisar a CPI
Da Redação

O suplente na CPI,  deputado Leonardo Picciani (PMDB-RJ) apresentou um requerimento para convocar o governador de Tocantins, o tucano Siqueira Campos a depora na CPMI que investiga a ligação do contraventor Carlinhos Cachoeira com políticos. De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, o nome de Siqueira Campos surgiu em grampos na Operação Monte Carlo. Como a Delta tinha interesse em fechar contratos no Estado, Cachoeira teria oferecido benesses aos aliados do governador tucano.

De acordo com o Estadão os partidos aliados teriam acelerado o fechamento de um acordo para aprovar apenas a convocação do governador de Goiás, o tucano Marconi Perillo, pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Cachoeira, na reunião administrativa prevista para terça-feira, 29. Conforme o jornal, diante do mal-estar e de ameaças do PMDB, os petistas teriam concordado em manter a blindagem ao governador do Rio, Sérgio Cabral. Por ora, a estratégia é tentar poupar o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), mas setores do PT já admitem deixá-lo à própria sorte se a oposição ameaçar paralisar a CPI.

Conforme o Estadão, a estratégia montada pelos governistas é votar cada requerimento de convocação separadamente. O relator Odair Cunha (PT-MG) já avisou à oposição que não vai aceitar que os pedidos de convocação sejam votados em bloco na sessão de terça-feira. Ainda de acordo com o Estadão, o argumento é que a CPI está analisando condutas individuais dos governadores e, por isso, não há motivos para fazer uma votação conjunta.

Estadão ainda afirmou que a oposição promete espernear e não deixar apenas o governador tucano "ir para a forca". Mas sabe, de antemão, que não dispõe de votos suficientes para barrar o trator do governo na CPI do Cachoeira. Dos 32 integrantes, os oposicionistas têm só sete votos na comissão. Os chamados parlamentares independentes deverão ficar ao lado do governo, diante dos fortes indícios de ligação de Perillo com o Carlos Cachoeira.

Já citado
No dia 18, o senador Pedro Taques (PDT), de Mato Grosso, afirmou ao CT que já estaria pronto o requerimento que convocaria cinco governadores para depor à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI). Segundo o senador garantiu, o governador do Tocantins, Siqueira Campos (PSDB), estaria na lista dos que devem ser chamados pela CPMI. Conforme Taques, que é integrante da CPMI, o intuito dessa convocação é esclarecer tudo a respeito do suposto envolvimento dos governadores com o contraventor. Ainda conforme o parlamentar, o requerimento já tem data para ser votado, dia 5 de junho.

Siqueira citado
O governador Siqueira Campos é citado nas gravações. Além da citação, a campanha do governador recebeu em 2010 R$ 3,8 milhões de doações de pessoas e empresas ligadas ao contraventor Carlinhos Cachoeira, todas elas após as eleições daquele ano. Isso significa dizer que 36,08% de todos os recursos recebidos pela campanha tucana em 2010 - R$ 10.532.202,38 - vieram das contas de supostos sócios ou de empresas relacionadas a Cachoeira. Além do governador, existem várias citações no inquérito da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, ao secretário de Relações Institucionais do Estado e homem-forte do governo, Eduardo Siqueira Campos.

O empresário tocantinense Rossine Aires Guimarães, apontado nas investigações da operação Monte Carlo como uma espécie de sócio do contraventor, doou à campanha do PSDB de Siqueira R$ 3 milhões, no dia 15 de outubro de 2010, através de transferência eletrônica. Além de Rossine, a JM Terraplenagem e Construção doou outros R$ 500 mil no dia 27 de outubro, também por transferência eletrônica. Outra doação foi do empresário Marcelo Henrique Limírio, de R$ 300 mil, no dia 28 de outubro, depositado em dinheiro, segundo o site do TSE. Limírio é sócio de Cachoeira e do senador Demóstenes Torres (sem partigo-GO).

Inclusive, o procurador Victor Manoel Mariz, responsável pelo inquérito que acompanha o emprego de recursos federais na terceirização da saúde no Tocantins, afirmou ao CT esta semana que solicitou cópia de todos os contratos de aquisição de medicamento e dos termos de entrega dos mesmos para investigar e analisar a denúncia de que esses produtos poderiam estar sendo comprados do grupo ligado ao contraventor.

O inquérito da Polícia Federal sobre a Operação Monte Carlo PF registra, em resumo, o recado ouvido pelos policiais nas gravações telefônicas, no dia 11 de abril do ano passado: "Cláudio fala que é para Carlinhos entrar com empresa distribuidora de medicamentos em Tocantins, pois eles (governador?) devem favor pro Carlinhos". O "governador" colocado com ponto de interrogação e entre parênteses foi uma observação feita pela própria Polícia Federal. Cláudio, no caso, seria o diretor afastado da Delta, Cláudio Abreu, com estreitas relações com políticos do Tocantins e que também foi preso na Operação Monte Carlo.

Com Cachoeira
TV Record chegou a divulgar que o governador Siqueira Campos esteve pessoalmente com o contraventor Carlinhos Cachoeira. O encontro veio a público quando a emissora divulgou uma conversa gravada pela Polícia Federal entre Cachoeira e Gleyber Ferreira Cruz, um dos sócios do bicheiro flagrado na Operação Monte Carlo e que também está preso. Na conversa, Cachoeira diz que tem um encontro marcado com o governador Siqueira Campos, e que essa era a hora de tratar dos assuntos envolvendo Deuselino Valadares, que na época era chefe da Polícia Federal de Goiânia e também envolvido com o bicheiro.

Siqueira e o suplente de senador Ataídes Oliveira, que teria apresentado o contraventor ao governador do Tocantins, afirmaram em nota que o encontro foi casual num prédio em Goiânia.

A doação de R$ 500 mil da JM Terraplenagem e Construção foi citada numa conversa gravada pela PF entre Cachoeira e o diretor afastado da Delta, Cláudio Abreu. O contraventor cobra de Abreu os R$ 500 mil dados à campanha de Siqueira, mas manda Abreu deixar para lá quando se lembra de que o dinheiro seria pago "com aquele trem lá", o que, supostamente, seria a entrega do serviço de inspeção veicular do Estado ao grupo.

Rossine, proprietário da Construtora Rio Tocantins (CRT), que também tem o nome de Construtora Vale do Lontra, recebeu do governo do Tocantins R$ 234.444.617,62, nas últimas três gestões - a gestão do ex-governador Marcelo Miranda, em 21 meses, desembolsou R$ 74,7 milhões; em apenas 15 meses de administração, Gaguim superou os outros dois governantes e pagou ao suposto sócio de Cachoeira R$ 140,6 milhões; e, em 2011, o governo de Siqueira Campos pagou R$ 19,1 milhões. As relações de Rossine com o governo do Tocantins estão sendo investigadas agora pelo Ministério Público Estadual.

O secretário de Relações Institucionais, Eduardo Siqueira Campos, disse que a construtora JM Terraplenagem e Construção não tem qualquer contrato com o governo.

Contudo, a principal construtora citada no esquema de Cachoeira, a Delta, foi beneficiada no ano passado com um contrato, sem licitação, de R$ 14.695.596,17 para obras em Paraíso. A contratação ocorreu através da portaria de emergência nas estradas do Tocantins. Essa contratação e de outras construtoras está sendo questionada em ação do MPE.

Tocantins na rota do bando
Conforme o site do jornal O Estado de S.Paulo, o Tocantins é um dos Estados onde empresas ligadas a Cachoeira atuavam, num esquema que movimentou pelo menos R$ 400 milhões nos últimos seis anos.

Ainda segundo O Estadão, o organograma feito pela polícia aponta que Cachoeira e outras oito pessoas do seu círculo íntimo de parentes e amigos expandiram a estrutura do grupo para além de Goiás e do entorno do Distrito Federal, onde concentraram a atuação. A maior parte das companhias ativas (30) opera em Goiás e no Distrito Federal, mas o grupo também mantém empresas em São Paulo (2), Paraná (2), Rio de Janeiro (1), Minas Gerais (1) e Tocantins (1). O grupo também já teve operações em Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

O Estadão divulgou ainda um relatório produzido pela Receita Federal durante as investigações da Operação Monte Carlo revelando que, além dos indícios de sonegação fiscal e lavagem de dinheiro, a organização criminosa de Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, teria acumulado um patrimônio de cerca de R$ 30 milhões. Cachoeira é um dos alvos da CPI criada pelo Congresso. Em Palmas, três salas comerciais estariam ligadas ao esquema do contraventor.

O Ministério Público de Tocantins abriu investigação para apurar favorecimento da Delta. A Assessoria de Imprensa da Secretaria Estadual de Relações Institucionais afirmou em nota ao CT que o Estado pagou à Delta apenas R$ 1,3 milhão dos R$ 14.695.596,05 do contrato para execução de serviços de recuperação e roçagem em rodovias de Paraíso.

Contudo, conforme a secretaria, este seria o único contrato da atual gestão com a Delta. Os outros três contratos com a empreiteira são do governo Carlos Henrique Gaguim. Mas, em relações às obras contratadas no governo passado, também não houve nenhum valor pago à construtora, nem por Gaguim e nem por Siqueira.

A secretaria ressaltou que, embora detentora de cerca de R$ 114 milhões em contratos, incluído o emergencial, o faturamento da empresa com o Estado foi de apenas 1% - os R$ 1,3 milhão - nos 503 dias do governo Siqueira Campos. 

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