CASO EXTRAORDINÁRIO - 27/05/2012 09h18 - Atualizado em 27/05/2012 09h18TAMANHO DO TEXTOA-|A+ A saga de Joanir Viana, o vereador detento


CASO EXTRAORDINÁRIO - 27/05/2012 09h18 - Atualizado em 27/05/2012 09h18
TAMANHO DO TEXTO

A saga de Joanir Viana, o vereador detento

Ele foi condenado por tráfico de drogas. Após cumprir dois quintos da pena de prisão, dividiu seu dia entre a cadeia e o plenário da Câmara dos Vereadores de Ponta Porã, Mato Grosso do Sul

LEOPOLDO MATEUS, PONTA PORÃ
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Capítulo 1
Da cela para a câmara, para a cela
DE DIA Joanir Viana na tribuna da Câmara Municipal de Ponta Porã (MS). Como vereador, ele tentou, sem sucesso, elevar os salários do magistério   (Foto: Ademir Almeida/ÉPOCA)
Joanir Subtil Viana morava na mesma quadra em que trabalhava. Não por opção nem por comodidade. Pouco mais de 200 passos e pouco menos de dois minutos separavam o lugar onde Joanir trabalhava pela lei do local onde a cumpria. Eleito vereador em 2008, pelo município de Ponta Porã, no oeste de Mato Grosso do Sul, Joanir foi condenado no ano seguinte por tráfico de drogas. Foram nove meses na Penitenciária Harry Amorim Costa, em Dourados, e outros dois anos no Estabelecimento Penal de Segurança Média, em Dois Irmãos do Buriti. No último dia 9 de abril, Joanir foi transferido para o regime semiaberto em Ponta Porã. Começou a passar a noite no presídio enquanto representava o povo de dia. Até ser cassado na última quinta-feira, por seus colegas da Câmara Municipal.
Joanir, de 45 anos, é madrugador. Acordava todos os dias às 5 horas e às 6 já estava na rua. Punha seu chapéu de palha, tomava café e, das 7 horas às 12 horas, cuidava de sua firma de recauchutagem de pneus. Após o almoço, o chapéu ficava em casa, e com ele seguiam o paletó e a gravata. Joanir passava a tarde na Câmara até o pôr do sol anunciar o fim da liberdade. Com um boné na cabeça e uma mochila nas costas, chegava pouco depois das 19 horas à sede ponta-poranense da Agepen, a Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário. Lá, ainda espera a chegada do sono deitado num beliche, num quarto que divide com outros três apenados.
Condenado a 14 anos de prisão, em regime fechado, pela comarca de Caarapó, Joanir recorreu da decisão. Sua condenação foi confirmada, mas a pena reduzida a oito anos pelo Tribunal de Justiça sul-mato-grossense. Ele chegou a retornar à Câmara por dois meses, no início de 2010, beneficiado por um habeas corpus, mas foi preso novamente. “Quando saiu da primeira vez, convocou uma reunião do partido e quis se justificar. A gente disse que ele não tinha de se justificar para a gente, mas para a Justiça. Ele disse que era inocente, que é o que sempre fala”, diz José Eraldo Maciel, vice-presidente local do partido de Joanir, o PMDB. Com o Joanir preso, seu suplente, o ex-prefeito Bruno Reichardt, cumpriu quase todo o mandato. O regime semiaberto, após o cumprimento de dois quintos da pena, reintegrou Joanir Viana ao Legislativo municipal.
“Hoje é um dia muito especial em minha vida, pois retorno a esta casa de leis, depois de um tenso período que me tirou a paz, mas nunca me abalou a confiança”, disse Joanir, na tribuna da Câmara, em seu retorno oficial, no dia 26 de abril. A posse de um vereador condenado por tráfico de drogas e que dorme na prisão chamou a atenção da mídia. Poucos dias depois, o próprio PMDB local pediu sua cassação.

DE NOITE A agência penitenciária do regime semiaberto de Ponta Porã. Joanir dorme num beliche, numa cela que divide com outros três condenados  (Foto: Ademir Almeida/ÉPOCA)

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