QUANTO CUSTAM ARAGAO E EDUARDO DO DERTINS

Quinta-feira, 29 de março de 2012, 18h42m

Eduardo dá um passo à esquerda, PPS dá um passo ao centro: os bastidores de uma conversa que tem a PM na pauta

Esta reunião que aconteceu mais cedo na Assembléia Legislativa é emblemática. De um lado o deputado Sargento Aragão, ícone das oposições e adversário histórico do governador Siqueira. De outro Eduardo Siqueira Campos, que tem sido a face do diálogo no governo.

Roberta Tum 

Divulgação

Argão recebe Eduardo Siqueira, ao lado de Dertins e Manoel Queiróz

O convite para o encontro, que aconteceu no gabinete do deputado Sargento Aragão, partiu da liderança do PPS. Para que a aproximação fosse possível e uma conversa destas – pública, com direito à foto e nota da assessoria – acontecesse, muitas etapas foram vencidas nos últimos meses.

Daquele Aragão que se vestiu de uniforme camuflado e gritou palavras de ordem no dia da diplomação, para o deputado pacífico e conciliador que recebeu Eduardo e posou para fotos, quanta diferença.

No meio do milagre operado da aproximação, está a pauta da reunião: o projeto de lei que o governo anunciou que mandará à Assembléia Legislativa para fazer alterações na estrutura da PM. Elas criam patentes intermediárias entre cabo e sargento, e ampliam benefícios para quem por exemplo, sofra sequelas em consequência de embates durante o trabalho.

O passo à esquerda dado pelo secretário de Relações Institucionais ao se dirigir nesta quinta ao gabinete de Aragão, e sentar-se com ele e Dertins, foi admitir pela primeira vez que o deputado representa de alguma forma a corporação. Coisa que arrepia os coronéis e oficiais mais antigos da PM que viveram o confronto da greve e suas consequências na quebra de hierarquia dentro da polícia.

O passo ao centro dado por Aragão foi o de conversar com governo antes de abrir baterias contra qualquer projeto que viesse do Palácio Araguaia. A idéia é que o governo atenda até onde for possível, as demandas da corporação. Para que o projeto seja votado em consenso.

O luxo de tudo isso é que o comando do Palácio Araguaia já tem a maioria dos votos que precisa. Mas Eduardo está empenhado na política das boas relações, e a proximidade com Aragão e o PPS é este marco de diálogo que pode abrir entendimentos futuros.

Por essas e outras histórias – onde a amizade com Sandoval Cardoso, que foi o primeiro do trio a se aproximar do governo, via Kátia Abreu, tem seu peso - é que Aragão está mais flexível.

O futuro ninguém pode prever com uma bola de cristal. O encontro de hoje pode ter sido só um aceno entre as duas partes. Como pode ser um primeiro passo de uma aliança futura. O tempo é que dirá.